A moda que machuca… por que tantas famosas vestem looks

A moda que machuca… Por que tantas famosas vestem looks desconfortáveis 

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Vestido de Marina Ruy Barbosa viraliza nas redes por tarar mais de 15 quilos e deixar atriz com braço roxo. A tendência que machuca… Por que tantas famosas vestem looks desconfortáveis
Marina Ruy Barbosa labareda de “obra-prima” o look que usou no Dança da amfAR, em Cannes, na semana passada. “O vestido dos meus sonhos”, ela descreve no post em que ostenta a roupa, que pesa mais de 15 quilos e que deixou seu braço roxo, inchado e com veias salientes.
Assim porquê ela, a cantora SZA vestiu um look muito desconfortável no American Music Awards, que aconteceu nesta segunda-feira (26). Extremamente apertada, sua saia limitou a movimentação das pernas, fazendo com que a americana dependesse de uma ajudinha (de mais de uma pessoa) para marchar pelo evento — que dirá, portanto, subir no palco.
Nem SZA, nem Marina pareceram se preocupar com as consequências ao corpo. Pelo contrário. As duas se mostraram muito orgulhosas pelas roupas. Bastante sensual, o look da americana deu a ela uma silhueta-violão. Já o vestido da brasileira é todo reluzente e traz pedras nitidamente valiosas — a peça foi desenhada por Olivier Rousteing, diretor criativo da Balmain.
Elas não são as únicas celebridades a posar com looks desconfortáveis. Colocar o glamour avante do bem-estar já foi escolha de bastante gente famosa, principalmente em eventos de gala.
SZA, Marina Ruy Barbosa e Bruna Marquezine
Reuters/Reprodução/AFP
‘Não dava para respirar’
Depois de fulgurar no Met Gala 2024, Bruna Marquezine confessou que seu vestido a deixou meio sufocada: “Não dava para respirar. Eu mandei apoucar tudo que dava, tudo que tinha”.
O tecido era tão grosso que chegou a trinchar a pele da atriz. Para não sangrar no evento, ela pôs uma fita adesiva na perna.
Quem também já se sentiu sufocada por um vestido foi Elle Fanning. Em 2019, a americana desmaiou no Festival de Cannes. Depois, explicou que passou mal porque não conseguia respirar recta de tão apertado que estava o look.
“Ops, tive um desmaio hoje com meu vestido Prada da dez de 1950, mas está tudo muito! Vestido apertado demais”, escreveu ela em um post com sua foto sorrindo.
Naquele mesmo ano, a padrão Kim Kardashian foi ao Met Gala com um vestido que a impedia de sentar. Em 2024, voltou ao evento com um espartilho ainda mais extremo que deixou sua cintura afinadíssima. Porquê consequência, ela ficou parecendo uma Barbie e respirou com dificuldade durante toda a sarau.
A padrão Kim Kardashian no Met Gala 2024
Dia Dipasupil/Getty Images / AFP
Quinze quilos de status
A teoria de trajes pesados, difíceis, ou que causam ferimento está historicamente ligado à nobreza, explica Fernando Hage, professor e técnico em tendência. “Os nobres usavam trajes feitos para gerar uma teoria de poder, força ou riqueza.”
“Essas roupas eram muito usadas em bailes de realeza ou representadas em quadros para diferenciar classes sociais. É um tipo de roupa que tem muito mais função de exposição do que aquela usada no dia a dia.”
Quanto mais multíplice fosse o traje, maior prestígio haveria em seu entorno. Durante séculos, o noção de elegância na tendência ficou atrelado à teoria de excesso. Por isso, nobres usavam bastante roupas bufantes, bordados, várias camadas e design extravagante.
Até o século 18, o conforto não era uma prioridade têxtil. Fernando ressalta que a própria noção de conforto era dissemelhante da de hoje, no entanto.
Marina Ruy Barbosa explica motivo de braço roxo durante dança da amfAR, em Cannes
Reprodução/Instagram
Ele também explica que esses trajes complexos não eram unicamente para expressar poder, embora isso fosse, sim, o principal foco. O excesso de tecido se tornava aconchegante no inverno, e as armaduras masculinas eram revestidas por materiais potentes.
Hoje, porém, esse tipo de look perdeu utilidades práticas, ficando restrito à mensagem que tenta passar. Toda essa associação entre elegância e tendência complexa continua existindo. Só que, agora, isso surge em meio à era das redes sociais, em que qualquer roupa está a um clique de repercussão.
Pretty hurts
“Marina Ruy Barbosa estava usando um vestido-armadura. Uma roupa que não é prática, mas funciona porquê armadura social”, diz Fernando. “É a tendência sendo usada porquê fórmula de ler uma imagem de poder.”
Somado à teoria de que “chique é ser inalcançável”, está a procura pelo corpo perfeito. Pressão estética que recai principalmente sobre as mulheres.
No documentário “Eu Sou: Celine Dion”, a cantora diz que por várias vezes forçou seus pés a caberem em sapatos de numeração menor, o que obviamente causou fortes ferimentos nela. “Quando uma pequena nutriz o sapato, ela vai fazer servir”, diz Celine na cena em que descreve o impacto disso em seu corpo.
Culturalmente, existe um incentivo à preocupação feminina pela própria imagem. Isso se reflete tanto em um excesso de cirurgias plásticas quanto no uso de roupas de numeração menor, por exemplo.
Fernando diz que, ou por outra, muitos looks femininos são desenhados por estilistas homens que projetam ali “um ideal de mulher”. O problema é que esse ideal é justamente o de uma venustidade que machuca.

Fonte G1

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