No segundo dia da Ação Estruturada Ordo, que combate traficantes e milicianos em comunidades da zona oeste da cidade, desde o início, o governo do estado direcionou segmento dos trabalhos à discussão de medidas para estrangular financeiramente as organizações criminosas que exploram serviços de vontade, gás e internet.
Para discutir a questão, o secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, reuniu-se com os secretários da Polícia Militar, Marcelo de Menezes Nogueira, e do Envolvente, Bernardo Rossi, e representantes das concessionárias de serviços Iguá (provimento de chuva), Oi (internet), Naturgy (gás) e Light (vontade), na Base do Programa Barra Presente, na Barra da Tijuca.
As concessionárias reclamam que não conseguem entrar nas comunidades para realizar os serviços e que, ou por outra, sofrem a concorrência desleal do atendimento imposto pelas organizações criminosas nas comunidades e favelas da cidade.
Com o objetivo de dar segurança às empresas, durante o encontro, foi elaborado o planejamento da atuação das concessionárias, que permitirá a regularização do fornecimento dos serviços. O governo do estado informou que o serviço de perceptibilidade da Polícia Social identificou as dificuldades e necessidades de cada região e ainda quais atividades comerciais são exploradas.
Para o secretário de Segurança Pública, a Ação Ordo está abrindo uma janela de possibilidades. O trabalho será com a intenção de combater a exploração dos serviços ilegais e também de permitir que os moradores tenham recta de escolha e segurança para obter os serviços, disse Vitor Santos, em entrevista coletiva depois a reunião.
“A atuação da segurança pública ostensivamente nesta região vai prometer à população a tranquilidade de que precisa. Essa guerra é uma guerra por território, e hoje território é sinônimo de receita, e não mais somente o tráfico de drogas, mas todos os outros serviços”, afirmou Santos em entrevista coletiva, depois da reunião.
Segundo o secretário, o transporte recíproco proibido é outro problema enfrentado pelos moradores da região e acaba competindo com o de motoristas de aplicativo. “Eles [transporte ilegal] extorquem [dinheiro] ou inibem a atuação desse motorista uma vez que suplente de mercado. Por isso, a polícia vai estar ostensivamente nessa região garantindo a segurança de todos. Quem é o líder, quem está comandando, quem está determinando essas guerras ou autorizando que extorsões sejam praticadas contra comerciantes? O criminoso que diz que é o possessor de uma comunidade e permite, ou determina, que levante tipo de ação seja praticado na comunidade vai ser responsabilizado. Essa é uma obrigação e um compromisso da Secretaria de Segurança Pública.”
O governador Cláudio Castro reforçou que a intenção é brigar as empresas clandestinas para destruir o que alimenta essas organizações criminosas. “Nosso serviço de perceptibilidade identificou os comércios ilegais das regiões e agora dará condições para que as comunidades tenham os mesmos serviços, mas com qualidade e segurança. Não existe lugar onde o Poder Público não entre. Vamos combater o transgressão em todas as esferas”, afirmou Castro, em nota do governo do estado.
O governo estadual destacou que as concessionárias estão conseguindo retomar as atividades, com a estabilização do território por meio da Ação Estruturada Ordo, que reúne as polícias Militar (PM) e Social, a Secretaria de Estado de Governo Penitenciária (Seap) e o Instituto Estadual do Envolvente (Inea), além da Secretaria Municipal de Ordem Pública e da Guarda Municipal.
Fábrica de laje
Nesta terça-feira (16), o Comando de Polícia Ambiental da PM atuou nas localidades do Terreirão e de Vargem Pequena e Vargem Grande e fez patrulhamento marítimo ambiental no multíplice lagunar de Jacarepaguá. Os agentes identificaram uma construção irregular e uma fábrica de laje, sem licença operacional, em Vargem Grande. Lá, duas pessoas foram presas e levadas à Delegacia de Proteção do Meio Envolvente para prestar esclarecimentos.
Em outra frente da Ordo, integrantes do Detran-RJ apreenderam uma motocicleta, na Estrada do Itanhangá, que estava com placa de outro veículo. O motorista foi recluso e guiado à 16ª DP, na Barra da Tijuca. A delegacia concentra os registros de ocorrências da Ação Estruturada.
Ainda na madrugada de hoje, cinco agentes do Grupamento Aeromóvel da PM partiram para o trabalho de monitoramento em tempo real. Por meio de helicóptero dão suporte às equipes que atuam por terreno na procura de criminosos e de carros em fuga.
Outras comunidades
A ação de segurança pública para combater traficantes e milicianos se estende às comunidades Cidade de Deus, Gardênia Azul, Rio das Pedras, Morro do Banco, Fontela, Muzema, Tijuquinha, Sítio do Pai João, Terreirão e César Maia, localizadas nos bairros de Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Recreio e Itanhangá.
Diariamente, o efetivo policial emprega 2 milénio militares, civis e agentes do programa Segurança Presente. “As ações têm suporte de 200 viaturas, 40 motocicletas, dois helicópteros e ambulância blindada, além de um grande pompa tecnológico, que inclui drones com câmeras de reconhecimento facial e de leitura de placas, faróis de procura e imageador térmico”, informou o governo do estado.
O Meio Integrado de Comando e Controle Traste da Ação Estruturada Ordo foi instalado ao lado da base do Barra Presente, na Avenida Ayrton Senna.
No segundo dia, a Ação Estruturada Ordo soma 36 prisões, das quais, 29 em flagrante e sete em cumprimento de mandados. Aliás, foram apreendidos quatro adolescentes infratores. Um terço das prisões foi por crimes contra o patrimônio, uma vez que furtos de vontade e chuva, que colaboram para o domínio territorial e fortalecimento financeiro das organizações criminosas”, diz nota do governo estadual.
Cláudio Castro ressaltou que, conforme os dados perceptibilidade obtidos pelas forças de segurança, será provável prescrever a extensão da Ordo para mais locais da cidade. “Estamos atuando dentro das comunidades. Temos que combater a ocupação territorial que leva às guerras e à lavagem de quantia e que vem através dos serviços de concessionárias uma vez que chuva, gás, luz e até locais de venda de gelo e pão.”
Também hoje, durante fiscalização da Delegacia do Consumidor (Decon) da Polícia Social, mais de uma tonelada de vitualhas com validade vencida foi encontrada em um mercado da Cidade de Deus. Foram inutilizados pacotes de linguiça e de peixe. Nas localidades da Gardênia e Rio das Pedras, a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Propriedade Intáctil apreendeu peças de roupa e outros produtos falsificados. Segundo a nota do governo fluminense, os estabelecimentos foram autuados por crimes contra a propriedade industrial e será investigada a relação com atividades de organizações criminosas.