Acervo Do Museu Nacional Recebe Doação De Mais De Mil

Acervo do Museu Nacional recebe doação de mais de mil peças

Brasil

O montão do Museu Vernáculo da Universidade Federalista do Rio de Janeiro (UFRJ), que está sendo reconstituído depois do incêndio de 2018, ganhou 1.104 peças doadas pelo grupo suíço-alemão Interprospekt, da família do colecionador Burkart Pohl. A doação foi feita por meio de uma parceria com o Instituto Inclusartiz, presidido pela ativista cultural argentina radicada no Brasil Frances Reynolds e o Museu Vernáculo. Todas as peças já estão guardadas em instalações do espaço cultural.

Compradas em feiras internacionais, as peças são originárias da Bacia do Araripe, localizada entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, onde estão as formações Crato e Romualdo. Segundo o Museu Vernáculo, trata-se de duas unidades ricas em material paleontológico que datam, respectivamente, de 115 milhões e 110 milhões de anos. Frances Reynolds contou que Pohl, influenciado pelos pais, começou a colecionar fósseis ainda gaiato. “É um processo da vida inteira que ele está fazendo e tem também minerais que são incríveis”, relatou, em entrevista coletiva nesta terça-feira (7) no prédio em recuperação do Museu Vernáculo.

“Muitas vezes, a gente tem que ter um bom olho para saber o que está dentro da pedra. Esses fósseis foram preparados por técnicos”, destacou o colecionador.

Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – Parte dos fósseis recebidos são apresentados durante evento no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – Parte dos fósseis recebidos são apresentados durante evento no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Museu Vernáculo recebe novidade coleção de fósseis – Tomaz Silva/Filial Brasil

Depois de atender a um chamado do diretor do museu, Alexander Kellner, Frances, que tem presença possante no cenário das artes plásticas do país e do mundo, assinou em 2022 um tratado de colaboração técnica entre o Inclusartiz e a Associação Amigos do Museu Vernáculo (SAMN). Desde lá, trabalha pela recuperação do montão do histórico espaço cultural, que teve 85% das peças destruídas pelo incêndio.

Foi mal a argentina radicada no Brasil intermediou a doação para o Museu Vernáculo. O colecionador chegou à epílogo de que peças originárias do Brasil pertencentes ao seu extenso montão deveriam ir para o Museu Vernáculo. “Tem que ter um estoque de fósseis do Brasil no museu mais importante do Brasil”, comentou.

“A gente faz um apelo para que mais pessoas façam isso. O Museu Vernáculo pertence a todos e seria muito importante que a gente realmente se concentrasse na recuperação e recomposição das nossas coleções”, disse o diretor do museu, já aguardando uma novidade doação da família Pohl. “Rezo todos os dias”, completou sorrindo em seguida a coletiva.

Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner durante apresentação de fósseis doados à instituição, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner durante apresentação de fósseis doados à instituição, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O diretor do Museu Vernáculo, Alexander Kellner, durante apresentação de fósseis doados à instituição – Tomaz Silva/Filial Brasil

Alexander Kellner trabalha com a possibilidade de conseguir, por meio de doações, 10 milénio peças para a remontagem do montão. Segundo ele, o museu já recebeu murado de 2 milénio.

“Já tivemos particulares doando desde peças arqueológicas até mesmo o pequeno quadro da Leopoldina, essa austríaca de nascença, mas brasileira de coração, é uma grande injustiçada para quem entende um pouco de história e queira se aprofundar.”

“Pretendemos nas nossas novas exposições já em 2026 trazer um pouco isso de volta. A história dessa grande brasileira, que foi absolutamente fundamental para a nossa independência e tudo ocorreu nesse palácio”, disse se referindo ao prédio do Paço Imperial onde se localiza o museu, na Quinta da Boa Vista, zona setentrião do Rio.

Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – A fundadora do Instituto Inclusartiz Frances Reynolds durante apresentação de fósseis doados ao Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – A fundadora do Instituto Inclusartiz Frances Reynolds durante apresentação de fósseis doados ao Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

A fundadora do Instituto Inclusartiz, Frances Reynolds, fala sobre a doação de fósseis ao Museu Vernáculo – Tomaz Silva/Filial Brasil

Frances Reynolds disse que é fã do trabalho realizado pelo Museu Vernáculo e defendeu a união de vários agentes para a recuperação do espaço cultural. “A única maneira de transformar isso é que todo mundo se some. Cada um que possa dar o que tem para compartilhar quantia, ideias, portas para terebrar, caminho das pedras uma vez que se diz cá no Brasil, mas muito, muito importante é que juntos nós formamos um país e juntos nós formamos o museu”, disse.

Coleções de fósseis

Burkart Pohl tem uma das mais representativas coleções privadas de fósseis do mundo. Por crer na relevância dos museus de história procedente, criou o Meio de Dinossauros de Wyoming, nos Estados Unidos, e o Museu Paleontológico Sino-Teuto, em Liaoning, na China. Os dois fazem secção do grupo que desenvolve ainda projetos globais de escavações, exposições, instrução e negócio relacionados à história procedente.

Em um desses projetos, um grupo de seis paleontólogos e estudantes do Museu Vernáculo aceitou o invitação de Pohl e em agosto de 2023 participou da primeira excursão de escavação conjunta no noroeste dos Estados Unidos. O sítio é espargido uma vez que terras ricas em fósseis de dinossauros da Formação Hell Creek, nos estados de Wyoming e Montana.

De tratado com o Museu Vernáculo, dois alunos da equipe começaram a desenvolver lá um estudo sobre espécimes fósseis específicas. A expectativa é que o grupo possa voltar à região no segundo semestre deste ano. Para a paleontóloga do Museu Vernáculo Juliana Sayão, a experiência é superimportante. “A gente tem oportunidade de estar em um sítio onde nenhum paleontólogo brasílico tem oportunidade de pesquisar, procurar fósseis e principalmente trazer para o museu”, destacou em entrevista à Filial Brasil.

Juliana adiantou qual é o sonho dos pesquisadores nesse projeto. “Encontrar o T-Rex porque ele mora nesse sítio. É onde se encontram fósseis uma vez que do T-Rex, do Tricerátops e outros dinossauros muito famosos que vimos no filme Jurassic Park e que a gente não tem no Brasil. Ali a gente pode não só capacitar os nossos alunos na prática da coleta de fósseis uma vez que também fazer grandes descobertas que virão para o Brasil para ilustrar o nosso museu”, afirmou.

Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – Parte dos fósseis recebidos são apresentados durante evento no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 07/05/2024 – Parte dos fósseis recebidos são apresentados durante evento no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Segmento dos fósseis recebidos é apresentada durante evento no Museu Vernáculo – Tomaz Silva/Filial Brasil

Na visão da paleontóloga, a doação tem relevância científica porque inclui vegetais fósseis vertebradas e invertebradas e grande quantidade de insetos, muitos deles ainda não conhecidos pela equipe. “A gente vai ter a oportunidade de estudar esse material e fazer uma série de análises e pesquisas envolvendo não só a descrição, mas a reconstrução do envolvente da Bacia do Araripe há 110 milhões de anos. Outrossim, são fósseis belíssimos que vão ajudar a gente a reconstituir as nossas exposições quando o museu reabrir. É uma doação de relevância tripla. A gente tem a ciência, a divulgação científica mostrando isso para a sociedade e a oportunidade de formar novos paleontólogos que vão estudar esses fósseis.”

Lucas Canejo Azevedo Francisco, licenciado em ciências biológicas pela UFRJ, fez mestrado em zoologia com ênfase em paleontologia e atualmente cursa doutorado em zoologia também com ênfase em paleontologia, os dois pelo Museu Vernáculo. Para ele, os fósseis são muito relevantes no estudo da paleontologia, porque permitem determinar o modo de vida do bicho, desde o que comiam, uma vez que viviam e uma vez que era o seu corpo. “Principalmente na minha superfície pela doação do Tupandactylus imperator, que é um pterossauro encontrado na Bacia do Araripe. Vai ser de vital relevância inclusive durante o meu processo de doutoramento”, disse dando um exemplo de destaque das peças doadas.

Fonte EBC

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