'ainda Estou Aqui' Estreia Com Aviso Contra Ditaduras: 'democracia é

'Ainda estou aqui' estreia com aviso contra ditaduras: 'democracia é falha, mas é o melhor que temos', diz Fernanda Torres

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Estreia desta quinta-feira (7) é a melhor chance do Brasil em receber indicação a Oscar em 20 anos: ‘Só não quero que a pessoa ache que, se não vier o prêmio, o filme perdeu’, afirma atriz. Fernanda Torres e Selton Mello falam sobre ‘Ainda estou cá’
“Ainda estou cá” finalmente estreia nesta quinta-feira (7) nos cinemas brasileiros – e é difícil lembrar de um filme pátrio que tenha gerado tanta expectativa nos últimos anos.
Mas não é difícil de entender. A adaptação do livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva é:
a maior chance do país receber mais uma indicação ao Oscar de melhor filme internacional desde “Medial do Brasil”, em 1999;
o reencontro – mesmo que breve – da grande dupla desse clássico, o diretor Walter Salles e a atriz Fernanda Montenegro;
e um aviso sobre as atrações e os perigos de governos autoritários, segundo a protagonista, Fernanda Torres. Assista ao vídeo supra.
Para a atriz de 59 anos, gerações mais jovens não se lembram de porquê era a ditadura militar. De indumentária, se for considerado que o regime acabou em 1985, dos millennials em diante ninguém cresceu com a repressão.
“A democracia também não conseguiu resolver a desigualdade, o ensino público, a saúde, a segurança. Eu acho que teve toda uma geração que veio que uma hora começou a pensar: ‘será que o problema não é a democracia?'”, diz Torres em entrevista ao g1.
“Eu tenho certeza que esse rostro, que cresceu em um país democrático, com todos os seus problemas, eu digo para ele: ‘Eu lucro para você que a democracia é lacuna, mas é o melhor que temos’.”
“E eu acho que esse filme ajuda a essas pessoas a entenderem o que é viver em um país facultativo, em um país no qual o governo faz atos tão injustos quanto matar o seu pai, levar sua mana de 15 anos para um prisão e torturar pessoas.”
Selton Mello, seu principal parceiro de cena, concorda. “É um filme necessário”, afirma o ator.
“Eu não preciso ir muito longe, não. Eu tenho 51 anos. Eu cresci em um envolvente familiar em que eu não tive essa percepção. O meu pai chamava de ‘revolução’. E aí, ator, adulto, é que eu fui entender o que era aquilo. Inclusive para manifestar: ‘Pai, não foi uma revolução’.”
G1 já viu: ‘Ainda estou cá’ faz de história pessoal inspiradora um sensível alerta contra o fascismo
Fernanda Torres em cena de ‘Ainda estou cá’
Divulgação
Por Eunice
Premiado no Festival de Veneza, o roteiro de Murilo Hauser e Heitor Lorega se baseia no livro de memórias para narrar a história da mãe do jornalista, Eunice Paiva.
Com a tradução de Torres, o público acompanha a transformação da protagonista – uma dona de mansão dos anos 1970, mãe de cinco filhos – em uma das maiores ativistas dos Direitos Humanos do país depois o homicídio do marido, o ex-deputado Rubens Paiva (Mello), pela ditadura militar.
A atuação elogiada lidera uma obra que tem recebido diversos elogios da sátira internacional. O suficiente para colocá-lo entre os favoritos para receber uma indicação ao Oscar de melhor filme internacional e até sonhar com outras categorias.
Publicações especializadas, porquê a revista “Variety”, colocam Salles, Torres e os roteiristas entre possíveis surpresas.
“Eu só não quero que a pessoa ache que se não vier o prêmio, que o filme perdeu” fala Torres, que prefere ter cautela com a empolgação.
Selton Mello e Fernanda Torres em cena de ‘Ainda estou cá’
Divulgação
“Ele tem que entender que um filme brasílico, com o que está acontecendo, já é um ocorrência.”
Para ela, por mais que premiações ajudem a popularizar o filme com o público brasílico – há quem fale até em uma correção da injustiça quando sua mãe perdeu em 1999 –, isso acontece sem a urgência da estatueta.
“Para isso não precisa o prêmio. Isso já está acontecendo. Pessoas que não falam de cinema – porque o Brasil vive um processo de paixão e ódio com o próprio cinema, né? Tem levas de paixão profundo e levas de… Isso eu já sinto com o rostro da esquina. Ele sabe do filme, né?”
O primeiro passo o público conhece em 17 de dezembro, quando a Ateneu de Cinema de Hollywood divulga uma pré-lista. A última vez em que o Brasil conseguiu chegar a essa lanço foi em 2008, com “O ano em que meus pais saíram de férias”.
A lista final, com os indicados, é anunciada um mês depois, em 17 de dezembro de 2025. A cerimônia do Oscar acontece em 2 de março.
Orgulho pátrio
Para Mello, “Ainda estou cá” faz secção de uma vaga de grandes produções nacionais, que recuperam uma alegria pelo cinema brasílico.
“Só de resgatar, ou de ter esse orgulho do nosso cinema, meu Deus, isso é maravilhoso. Em um ano riquíssimo. Filmes premiados”, diz ele, empolgado.
“Vou referir alguns: ‘Baby’, do Marcelo Caetano, na Semana da Sátira em Cannes, o Karim Aïnouz, na competição solene, ‘Malu’, filme do Pedro Freire, em Sundance, Juliana Rojas ganhou prêmio em Berlim, Mari Brennand, em Veneza, Kleber (Mendonça Rebento) filmando, indo para o ano que vem.”
No termo, lembra até de fazer uma breve (e necessária autopropaganda).
“Uma safra maravilhosa, e que nós fazemos secção dela. E vem ‘Auto da Compadecida 2’ aí, que ainda é grande, mercantil, brasílico. Um ocorrência.”
A prosseguimento, estrelada mais uma vez por ele e Matheus Nachtergaele, tem estreia prevista para 25 de dezembro.
Guilherme Silveira, Selton Mello, Cora Ramalho e Fernanda Torres em cena de ‘Ainda Estou Cá’
Divulgação

Fonte G1

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