Ainda Estou Aqui: Isabela Boscov Comenta Chances Ao Oscar

Ainda Estou Aqui: Isabela Boscov comenta chances ao Oscar – 21/01/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

“Ainda Estou Cá” colocou o Brasil no radar de Hollywood na atual temporada de premiações internacionais de cinema.

O filme de Walter Salles, que há pouco mais de duas semanas consagrou a atriz Fernanda Torres no Orbe de Ouro, recebeu o prêmio de filme internacional no Festival Internacional de Cinema de Palm Springs, nos Estados Unidos.

O longa, pré-selecionado entre os melhores filmes internacionais do Oscar, ainda tem chances de trazer uma estatueta inédita para o país.

Mas o caminho para o Oscar não depende exclusivamente do valor do filme ou da atriz, ressalta a sátira de cinema Isabela Boscov.

Boscov, que acompanha premiações de cinema há mais de 30 anos, diz que uma termo é chave para levar o prêmio mais importante do cinema para vivenda: campanha.

Participação em eventos, entrevistas, aparições públicas, sessões do filme com debates para votantes da premiação. Tudo isso faz segmento de um esforço estratégico para publicar o filme e fazer a obra ser mais vista e comentada.

“[Esses prêmios] também são um concurso de popularidade. Não é só um concurso de merecimento”, diz a jornalista.

“Se pensarmos friamente, é estranho você sentenciar qual é a melhor atriz do ano porque cada uma interpreta personagens que exigem coisas muito diferentes.”

A lista definitiva de indicados ao Oscar deve transpor nesta quinta-feira (23) em seguida o proclamação ser prorrogado duas vezes por conta dos grandes incêndios em Los Angeles.

Os ganhadores serão conhecidos na 97ª cerimônia do Oscar em 2 de março, o domingo de Carnaval.

Em entrevista à BBC News Brasil, Boscov, que hoje se dedica ao seu conduto no YouTube com mais de 900 milénio inscritos, vê chances para “Ainda Estou Cá” e Fernanda Torres no Oscar.

Mas prevê que o embate para Fernanda Torres será mais difícil desta vez do que no Orbe de Ouro, porque a atriz brasileira deve enfrentar Demi Moore, que aparece em várias listas de favoritas, na mesma categoria desta vez.

Enquanto Fernanda Torres ganhou o Orbe de Ouro na categoria de filmes dramáticos, a atriz americana levou o prêmio na categoria músico ou comédia –essa partilha não existe no Oscar.

“Moore entendeu uma coisa que talvez nem todo mundo entende, que um oração de reconhecimento em uma premiação anterior à votação do Oscar é uma segmento importantíssima da campanha”, diz Boscov.

“O oração da Fernanda Torres foi muito bonito, mas foi de quem estava surpresa. Não foi um oração de campanha uma vez que foi o da Demi Moore.”

‘Sentimento de justiça’

Boscov, no entanto, ressalta o impacto da vitória de Torres no Orbe de Ouro para a corrida ao Oscar.

Fernanda Torres desbancou estrelas de Hollywood uma vez que Nicole Kidman, Kate Winslet, Angelina Jolie, Tilda Swinton e Pamela Anderson.

“As atrizes que estavam concorrendo com ela são do primeiríssimo escalão. Logo a vitória dela realmente chamou muita atenção e foi considerada por todos os veículos especializados o grande tumulto da noite”, diz Boscov.

“Isso vai mexer um pouco no jogo.”

A sátira de cinema diz que considera a atuação de Torres fabulosa porque a atriz trabalha “sempre em dois níveis diferentes, pelo menos”.

No filme, fundamentado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, ela interpreta a advogada Eunice Paiva, uma mulher que precisou mourejar com o sequestro e o homicídio de seu marido –o ex-deputado Rubens Paiva– no período da ditadura militar (1964-1985).

“A versão da Fernanda tem que funcionar de maneira que ela projete o que Eunice mostra para os outros personagens”, diz Boscov.

“Mas ela também tem que revelar de maneiras muito sutis, implícitas sempre, tudo aquilo que está se passando no íntimo dela”, complementa.

“É um processo extremamente difícil, muito técnico, e vem referto também da capacidade dela de entender a emoção de cada momento.”

Depois 25 anos da indicação de Fernanda Montenegro, mãe de Torres, a vitória no Orbe de Ouro foi comemorada no país uma vez que final de Despensa do Mundo. Quase uma revanche.

“Há um sentimento de justiça e de ressarcimento”, comenta Boscov.

Um novo fôlego para o cinema vernáculo

“Ainda Estou Cá” representa um novo fôlego para a indústria vernáculo de cinema, diz a sátira.

Um papel semelhante ao que “Mediano do Brasil” –também dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres– desempenhou quando foi lançado, em 1998.

“Naquele momento, a retomada do cinema brasílico era um tanto recente”, diz Boscov.

“Walter Salles fez um filme sobre o terror político e social do período Collor, que foi “Terreno Estrangeira”. Depois, “Mediano do Brasil” surgiu uma vez que uma possibilidade de um novo pacto social, de uma retomada da moral e da valorização do cinema”, prossegue.

“Estamos passando por um tanto parecido agora, depois de um período em que a cultura foi muito massacrada no país.”

Com uma diferença, diz Boscov: hoje, o Brasil está mais polarizado.

Em novembro de 2024, quando foi lançado, “Ainda Estou Cá” sofreu uma tentativa de boicote.

Perfis na rede social X de pessoas que se apresentam uma vez que de direita pregaram sabotar o filme, que já ultrapassou 3 milhões de espectadores nos cinemas brasileiros.

“O mundo é outro, o país é outro”, afirma Boscov.

“‘Mediano do Brasil’ inaugurou uma temporada de muita receptividade e boa vontade em relação ao cinema vernáculo”, pontua.

“Depois vieram ‘Cidade de Deus’, que consta de muitas das listas dos século melhores filmes da história de vários críticos ou de vários grupos de críticos; e ‘O Auto da Compadecida’, que foi superpopular também”, continua a jornalista.

“‘Ainda Estou Cá’ também é capaz de fazer isso. Mas em um Brasil mais polarizado do que era o país em 1998, 2002 ou 2004.”

O olhar do diretor para a ditadura militar no Brasil é um dos grandes méritos do filme, diz Boscov.

Isso em um país onde prevaleceu o silêncio sobre o regime, enquanto países vizinhos, uma vez que a Argentina e o Chile, promoveram julgamentos e condenações aos responsáveis pelos crimes da ditadura –o que impactou no modo uma vez que cada país retratou o período.

“Muitas questões não foram discutidas e enfrentadas no Brasil, e isso também se reflete na forma uma vez que o cinema aborda o tema”, afirmou.

“Walter Salles consegue dar um rosto a essa história, o que torna a relação do público com o problema muito mais direta e psicológica. As pessoas se perguntam: e se fosse minha família?”

Para a sátira, o sucesso do filme também reacende debates sobre financiamento de produções nacionais.

“O cinema brasílico vive de altos e baixos, porque não tem propriamente uma política de Estado para ele”, diz Boscov.

“Normalmente é uma política de governo, que varia conforme a gestão –e algumas preferem jogar tudo fora, uma vez que aconteceu recentemente. Estamos sempre nessa gangorra.”

O sucesso de “Ainda Estou Cá” deve gerar uma disposição maior de investimento no setor, “além de, lógico, tocar o público de maneira muito positiva”, afirma Boscov.

“Isso faz com que produtores e entidades que produzem que nascente é um bom investimento.”

Ainda com indicações do Oscar pendentes, o filme pode repetir a rivalidade com o longa “Emília Pérez” na categoria de melhor filme estrangeiro.

Embora seja visto uma vez que um “queridinho” da temporada, o filme tem sido meta de duras críticas por segmento da comunidade mexicana, principalmente sobre representatividade, que podem lastrar a balança da competição com a produção brasileira, diz Boscov.

“O Orbe de Ouro projetou não exclusivamente o filme, mas também as objeções do México. Isso pode influenciar a votação do Oscar”, ponderou Isabela.

Mais importante que a recepção internacional, no entanto, é que “Ainda Estou Cá” existe, antes de tudo, para os brasileiros.

“Ele vem para expor que é provável fazer um cinema relevante para o público brasílico, reconhecido tanto no Brasil quanto fora.”

Folha

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