O espanhol Carlos Alcaraz, 21 anos e 1 mês, tornou-se o mais jovem tenista a ocupar torneios do Grand Slam em três pisos diferentes – saibro, grama e piso duro. Ele derrotou o teuto Alexander Zverev, 27, na final do Lhano da França, com parciais de 6/3, 2/6, 5/7, 6/1 e 6/2, em mais de quatro horas de partida.
É o terceiro Grand Slam da curso de “Carlitos”, depois do Lhano dos EUA (quadra dura) de 2022 e do torneio de Wimbledon (grama) em 2023. Sua vitória reforça a predominância dos espanhóis no saibro parisiense neste século. Desde 2001, são dezoito títulos, dentre eles quatorze de Rafael Nadal e até mesmo um do próprio treinador de Alcaraz, Juan Carlos Ferrero.
O espanhol passou do terceiro para o segundo lugar no ranking da ATP, a associação dos tenistas profissionais. O novo líder da lista é o italiano Jannik Sinner, derrotado por Alcaraz na semifinal. Os dois superaram o número um anterior, o sérvio Novak Djokovic, que abandonou o torneio nas quartas de final devido a uma lesão no joelho recta.
Zverev, um dos tenistas mais talentosos do volta, continua sua escrita de insucessos no Grand Slam. Na única final anterior que disputou, a do Lhano dos EUA de 2020, ele perdeu de viradela para o austríaco Dominic Thiem, um jogo que vencia por dois sets a zero.
A partida deste domingo, enxurro de reviravoltas, tinha mesmo que terminar em cinco sets. Ora Alcaraz parecia caminhar para a vitória, ora o domínio era de Zverev. Se o espanhol cometia muitos erros no revés, compensava com os golpes de direita e com sua marca registrada, as deixadinhas. O teuto, por sua vez, contava com o saque uma vez que principal arma.
Ambos chegaram à final buscando um acerto de contas com incidentes ocorridos em semifinais passadas de Roland Garros. Em 2022, Zverev deixou a quadra médio em uma cadeira de rodas, devido a uma grave lesão no tornozelo recta, quando enfrentava Rafael Nadal. Alcaraz, por sua vez, perdeu no ano pretérito para o sérvio Novak Djokovic devido a cãibras provocadas pelo nervosismo, uma vez que ele mesmo admitiu.
O espanhol chegou a Paris recuperando-se de uma lesão no antebraço recta. Disputou todo o torneio usando um manguito protetor, uma vez que fazem muitos jogadores profissionais de basquete. Garantiu, porém, que jogou sem dores.
Nervosos, os dois finalistas perderam o primeiro game de saque. Zverev trocou de raquete depois de somente dois pontos jogados – duas duplas faltas. Em um primeiro set de poucas bolas vencedoras, Zverev foi quebrado mais duas vezes e perdeu por 6/3.
No quinto game do segundo set, Zverev conseguiu quebrar o saque do inimigo, depois de um ponto em que o vento potente levantou uma nuvem de saibro do piso da quadra. O teuto ganhou crédito. Começaram os gritos de “Sascha! Sascha!”, sobrenome de Zverev. Sacando muito, ele fechou o set em 6/2.
O terceiro set foi pleno de oscilações. A dinâmica do jogo continuou favorável ao teuto no início. O espanhol tentou mudar de estratégia. Subiu mais à rede e abusou das deixadinhas. Isso desestabilizou Zverev, que permitiu a quebra no sexto game. Quando parecia que Sacando para fechar, porém, Alcaraz subiu mal à rede duas vezes e permitiu a reembolso da quebra – e a viradela de Zverev.
No segundo game do quarto set, Zverev começou a se deixar levar pelos nervos. Errou um golpe de vista e irritou-se com uma marcação de esfera fora. Alcaraz aproveitou-se para quebrar o serviço do teuto e retomar as rédeas da partida. Zverev entrou em parafuso, cometeu duplas faltas e foi quebrado de novo.
Vencendo por 4/0, Alcaraz sentiu a coxa esquerda, foi quebrado por Zverev e pediu atendimento médico. O fantasma da cãibra do ano pretérito voltou a assombrar o espanhol, mas ele conseguiu fechar a série em 6/1. O coro “Carlos! Carlos!” passou a dominar a quadra.
No último set, Alcaraz conseguiu a quebra no terceiro game, graças a uma sequência de erros de Zverev: dois voleios relativamente fáceis, uma dupla falta, um revés longo demais. Zverev continuou a cometer erros e a reclamar das marcações do avaliador gálico Renaud Lichtenstein. Mais sereno, Alcaraz fechou o jogo em 6/2.
Alcaraz e Zverev devem estar de volta a Roland Garros dentro de um mês e meio, para a disputa do torneio olímpico de tênis. O teuto é o atual detentor do título, tendo conquistado a medalha de ouro em Tóquio-2021. A presença, na tribuna de honra, do teuto Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional, era um lembrete da proximidade dos Jogos.
O jogo também foi marcado pelo mau comportamento de alguns espectadores, interrompendo os jogadores na hora do saque ou se manifestando durante os pontos.
Um grupo de brasileiros sentados aquém da tribuna de prelo se divertia com as jogadas em curso, gritando “boa”, “vai” e “fora”, ou até tirando selfies. Durante o torneio, foi proibido entrar nas arquibancadas com bebidas alcoólicas, devido a comportamentos inconvenientes nas partidas. Um dos brasileiros gabou-se por violar a norma, entrando com champanhe dentro de um copo de moca: “Você me faz desrespeitar as regras”, disse a outro.
