Morto no domingo (14), aos 87 anos, em decorrência de complicações de um enfisema pulmonar, em seguida vários meses internado na Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio de Janeiro, o jornalista Sérgio Cabral Santos, ou simplesmente Sérgio Cabral, porquê era sabido, teve o corpo cremado nesta segunda-feira (15), no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, zona portuária da capital fluminense. Ele era pai do ex-governador do Rio Sérgio Cabral.
O cantor e compositor Marquinhos de Oswaldo Cruz, um dos idealizadores da Feiras das Yabás, que desde 2008 é realizada nas imediações da Terreiro Paulo da Portela, unindo samba e gastronomia, disse que Sérgio Cabral pai foi um dos intelectuais mais importantes do país. “Ele foi o rostro que fez o caminho do Túnel Rebouças [que liga a zona sul à zona norte do Rio]. Foi quem trouxe toda essa cultura de samba, de morro, de subúrbio para que as pessoas de classe média tivessem conhecimento disso. E não só isso, mas divulgou aquelas pessoas porquê nunca .“
Uma coisa que muito emocionou Marquinhos de Oswaldo Cruz porquê portelense, uma das escolas de coração de Cabral pai, foi quando o compositor Chico Santana, morador deste subúrbio carioca, morreu. “Ele escreveu no jornal O Dia uma coisa formosa sobre Chico Santana. Os textos que Sérgio Cabral fazia. Pegava aquelas pessoas, que para a grande mídia seriam insignificantes, embora tivessem valimento muito grande naquela região, e conseguia dar o devido valor a essas pessoas para a cidade, o estado e o país. Ele dedicou a vida ao samba. Todas essas pessoas passaram pela mão do Sérgio Cabral. Era um rostro que tinha prazer em narrar histórias de fulano, de beltrano. É um fundador de mitos até. Um barato isso”, disse Marquinhos à Sucursal Brasil.
MIS
O musicólogo e historiador Ricardo Cravo Albin afirmou à Sucursal Brasil que o desaparecimento de Sérgio Cabral “deixa um vácuo enorme na historiografia, sátira e na música popular, sobretudo suas fontes, suas origens e entre as figuras mais antigas que, em universal, são esquecidas pela vertigem do novo e dos lançamentos mais recentes”.
Para o historiador, Sérgio Cabral representou a elegância de confirmar valores que sempre valeram a pena, porque são permanentes. “Esse tipo de dedicação às coisas permanentes era uma das características que mais encantavam as pessoas que conviviam com Sergio Cabral”. Foi o caso do próprio Ricardo Cavo Albin, que conviveu com o jornalista Sergio Cabral pai desde o primícias do Museu da Imagem e do Som (MIS). Cabral foi um dos pioneiros ao entrevistar os grandes vultos da música popular brasileira no museu, o que viria a ser a particularidade principal do MIS, que é consagrado universalmente por isso.
“Portanto, Sergio Cabral também foi um pioneiro nesse campo”. Quando Cravo Albin lembrou a Sergio Cabral essa originalidade, ele prometeu terebrar a biografia para inserir mais um capítulo que era ter inaugurado, porquê entrevistador, o MIS. “A memória de Sergio Cabral me é muito querida e muito valiosa.”
Sassaricando
O produtor cultural e coordenador de Promoção Cultural do Registo Universal da Cidade do Rio de Janeiro, Pedro Paulo Mamparra, conviveu com Sergio Cabral durante dez anos, período em que ficou em edital a peça Sassaricando, escrita pelo jornalista e por Rosa Maria Araújo, atual presidente da instituição. “A convívio que a gente teve no Sassaricando foi maravilhosa, um músico do qual ele era responsável e no qual eu tive a sorte de trabalhar porquê cantor e ator. E a convívio com Sergio foi um privilégio, um presente que eu ganhei para minha vida”, disse Mamparra à Sucursal Brasil.
Ele já conhecia, e adorava, a figura de Sergio Cabral. “Enamorado por samba que eu era, tinha os livros dele, curtia seu trabalho e passei curtir mais ainda o Sergio nessa convívio que tive de poder trespassar das sessões e ir para um bar, um restaurante, e conversar mais sobre personagens importantes da música popular brasileira, dos quais ele era manadeira primária. O Sergio conheceu Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Donga, Cartola, João da Baiana, essas pessoas que importam e já não estão aí há muito tempo. E o Sergio agora não está mais aí fisicamente, mas a obra dele está.”
Para Pedro Paulo Mamparra, Sergio Cabral foi o melhor contador das histórias de figuras ligadas ao samba. “Além de ter sido jornalista e repórter de jornais importantes, porquê o Jornal do Brasil, Quotidiano Carioca, O Pasquim, ele deixou uma obra escrita fundamental”, lembrou. Da obra literária de Cabral, o livro preposto de Mamparra é As Escolas de Samba do Rio de Janeiro. “Para mim, é a bíblia do carnaval carioca, da história do carnaval carioca, dos desfiles, e ele conta não só porquê começaram os desfiles, mas a história de cada uma das escolas. Enfim, um rostro fundamental”, definiu o produtor cultural.
Redes sociais
Em mensagem no X (velho Twitter), a Escola de Samba Poderio Serrano destacou nesta segunda-feira (15) a despedida do Rio de Janeiro do jornalista Sérgio Cabral. “Um grande nome na cobertura das escolas de samba e da música popular brasileira, ele foi uma voz que sempre exaltou a nossa cultura e a venustidade do carnaval”. Embora se autoproclamasse torcedor da Portela, Cabral tinha também paixão por outras agremiações, entre as quais a Poderio Serrano.
Na noite do próprio domingo (14), em seu Instagram, a direção da Portela lamentou a perda de Sergio Cabral: “A Portela lamenta profundamente o falecimento do jornalista Sérgio Cabral, aos 87 anos. Portelense e enamorado pelo samba, Sergio ficou popularmente sabido no carnaval por ser um grande pesquisador sobre o objecto, se tornando referência em 1996, com o lançamento da obra As Escolas de Samba do Rio de Janeiro, que se tornou um marco na curso do jornalista, sendo reverenciada até hoje para vários pesquisadores e sambistas.
Tendo tapume de 20 obras de sua autoria, o jornalista começou a curso no final da dez de 50 no Jornal Associados, onde escrevia para o Quotidiano da Noite. Carioca, suburbano, nascido em Cascadura e criado no bairro de Cavalcanti, Sérgio Cabral deixa esposa, três filhos e um grande legado sobre a cultura popular brasileira.
“O presidente da Portela, Fábio Pavão, o vice-presidente, Junior Escafura, e toda a família portelense se solidarizam com os familiares e amigos de Sergio Cabral nesse momento. Descanse em silêncio, Sérgio Cabral”, conclui a postagem da Portela.
Outra corporação que lamentou a morte de Cabral pai foi a Mocidade Independente de Padre Miguel: “Domingo começando de luto… Hoje, perdemos o grande jornalista Sergio Cabral. Um dos grandes personagens cariocas e enamorado por carnaval, Cabral foi fundamental dentro da informação em nosso tempo. Descanse em silêncio. A Estrela está de luto”.
Da mesma forma, a Estação Primeira de Mangueira reverenciou o jornalista: ”A Estação Primeira de Mangueira, em nome da presidenta Guanayra Firmino, lamenta o falecimento de Sérgio Cabral. Ilustre mangueirense, jornalista, redactor e compositor, Cabral foi criado no subúrbio carioca e foi um dos principais difusores do samba.
Em suas obras, o livro Mangueira – Pátria Virente e Rosa de (1998) e o samba Os Meninos da Mangueira certamente marcaram a história da verdejante e rosa. Nossos sentimentos aos amigos e familiares. Sua tributo ao samba e à cidade do Rio de Janeiro é nunes. Siga em silêncio!.”
Políticos
A deputada federalista Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ressaltou na rede social X que a cultura brasileira, e principalmente a do Rio de Janeiro, sempre tiveram no jornalista, redactor, pesquisador e compositor Sergio Cabral um dos maiores entusiastas e divulgadores. “Fundador do Pasquim, entusiasta do samba, do carnaval, do futebol (era vascaíno inveterado) e dos subúrbios, também foi vereador por três vezes. Sua tributo à música e ao esporte do Rio são indeléveis. Meus sentimentos aos familiares e admiradores de sua obra, tão popular quanto representativa do espírito carioca.”
O também deputado federalista Chico Alencar (PSOL-RJ) lamentou a morte do jornalista e redactor: “Confidente nas sessões modorrentas da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, entusiasta da nossa MPB [música popular brasileira] e do carnaval, biógrafo de grandes, concluiu sua vida biológica. Deixa biografia linda. Certa vez me disse que emoção maior era ver o Vasco entrando em campo. Serjão deixa o campo aplaudido”, afirmou o deputado.