Andrew Scott E Paul Mescal São Gays Melancólicos Em Filme

Andrew Scott e Paul Mescal são gays melancólicos em filme – 08/03/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Pedir ajuda a um pesquisador para voltar ao pretérito e ser o cupido de seus pais ou transpor pelas ruas de Paris depois da meia-noite para tomar uns gorós com Ernest Hemingway e Salvador Dalí. Viajar no tempo costuma ser motivo de exaltação, mas a habilidade poderia facilmente se tornar uma maldição, a depender do que os anos guardam.

É o caso de Adam, interpretado por Andrew Scott em “Todos Nós Desconhecidos”, que perdeu os pais em um acidente de coche quando tinha somente 12 anos.

O roteirista vive solitário em um enorme prédio espelhado em Londres. Ele rejeita o flerte de Harry, vivido por Paul Mescal, único inquilino do prédio além dele, que oferece a sua companhia junto a uma garrafa de rum em uma noite. Um dia, Adam decide fazer uma visitante à sua antiga moradia de puerícia, quando se depara com seus pais —exatamente na idade em que morreram.

As roupas, a decoração e até a noção dos pais do mundo lá fora —tudo no interno da moradia parece ter sido glacial na dezena de 1980. Adam é recebido uma vez que se estivesse finalmente visitando seus pais. A partir daí, ele fica obcecado em frequentar a moradia na tentativa de reconstruir memórias do que não viveu, enquanto tenta engatar um romance com Harry paralelamente.

Ao contrário de empolgantes viagens pelo tempo, o filme de Andrew Haigh é sobre um roteirista que tenta reescrever suas memórias e, no processo, não consegue mais separar verdade de ficção. “A vida é uma sucessão de perdas, de pessoas e coisas. Para mim, o filme é sobre a prestígio do paixão diante do luto”, diz o diretor sobre a adaptação de “Strangers”, livro do nipónico Taichi Yamada. A principal diferença da obra original, além do final da trama, é que Adam é gay.

Enquanto cria intimidade com Harry, anos mais novo do que ele, o protegonista enfrenta também as diferenças geracionais que pairam sobre a comunidade LGBTQIA+. “Minha geração cresceu com terror de sua sexualidade. Era horroroso pensar em ser gay na estação da crise da Aids”, diz Haigh.

“Nós carregamos um traumatismo, e às vezes é difícil mourejar com essa dor do pretérito. Mas, ao mesmo tempo, se para a novidade geração as coisas estão muito melhores, também não são perfeitas.”

Harry é deprimido e não tem uma relação próxima com a família. De seu apartamento só, com vista distópica para uma Londres distante e pequena, ele também parece desconectado de seu tempo —ou das experiências de vida esperadas para alguém de sua idade, de convénio com as normas sociais.

“Algumas coisas que outras pessoas vivem em sua juventude, nós [pessoas queer] não conseguimos viver plenamente”, diz Haigh. Pessoas LGBTQIA+ experienciam, por vezes, o tempo de forma dissemelhante. Exemplo é quando Adam comenta que seus amigos escolheram casas afastadas do meio para fabricar seus filhos, enquanto ele preferiu permanecer na cidade.

Adam tenta fabricar com Harry uma intimidade que não teve com os próprios pais, mas ao mesmo tempo não consegue trinchar relações com os fantasmas de sua puerícia. A narrativa ganha um tom de terror, moldado pelo pavor da solidão. Mas Haigh tem uma visão otimista. “A verdade é que hoje podemos matrimoniar, ter filhos e todas essas coisas. Me interessa o que está no horizonte”, diz.

“Me mostre uma vez que você foi querido, que vou te mostrar uma vez que você governanta”, dizem, quase em um coro perfeito, Andrew Scott e Paul Mescal, em entrevista com jornalistas. A sintonia entre os dois, somada às cenas quentes, mas românticas e delicadas do filme, renderam aos atores vários convites para responderem, juntos, perguntas sobre paixão e sexo em veículos uma vez que Vogue, Elle e Vanity Fair.

“O público constrói uma química a partir das expectativas que têm e da teoria excitante de ver duas pessoas juntas”, diz Scott, que já tinha bombado depois que interpretou um “padre gostoso”, uma vez que foi chamado nas redes, pelo seu personagem na série “Fleabag”, de Phoebe Waller-Bridge.

A glória de galã também é compartilhada por Mescal, que protagonizou diversas cenas eróticas em “Normal People”. Apesar de já estar confirmado uma vez que o próximo Maximus na sequência de “Gladiador”, de Ridley Scott, o ator declarou diversas vezes que quer se manter no cinema independente.

“A melhor sensação é quando vou das gargalhadas às lágrimas, e me conecto com as outras pessoas na sala [de cinema]”, diz. Função que, segundo ele, “Todos Nós Desconhecidos” cumpre muito, por abordar um tema que, de alguma forma, toca a todos —uma vez que as relações amorosas são, no fundo, um revérbero de uma vez que fomos criados na puerícia.

“Eu acho que essa é a maravilha do cinema. Quando atuação e direção se juntam para permitir que outros humanos possam explorar a si próprios.”

Mescal deslanchou depois de sua tradução em “Aftersun”, drama em que ele é um pai sensível e deprimido analisado pelo olhar de sua filha. “Atores homens estão trazendo cada vez mais vulnerabilidade para as telas. É um refrigério não precisar repetir sempre a mesma coisa”, diz, provavelmente referindo-se aos galãs másculos e mulherengos que dominaram Hollywood desde sua geração.

“O que significa ser um varão? Ou uma mulher?”, questiona Andrew Scott. O ator, claramente gay, também se sente aliviado com a abordagem de novas temáticas nas telonas. “Um varão pode ser másculo ou feminino, e não será menos varão por isso. Uma mulher pode se portar uma vez que quiser. É exaustivo precisar se comportar de um jeito específico.”

Folha

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