Ameaçada De Privatização, Mídia Pública Sofre Intervenção De Milei

Argentina sob Milei quer novo empréstimo do FMI de US$ 20 bilhões

Brasil

A Argentina procura novo empréstimo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) – no valor de US$ 20 bilhões – para, segundo o governo de Javier Milei, substanciar as reservas do Banco Medial (BC) do país. Para críticos, a medida procura evitar o prolongamento da inflação por falta de dólares. Ao longo da sua história, a Argentina já realizou 23 empréstimos com o FMI.

“O montante que nós acordamos com o staff [equipe técnica do FMI], que o board [diretoria-executiva do Fundo] ainda precisa deliberar se aprova ou não, é de US$ 20 bilhões. É muito superior ao montante que se vem escutando de algumas pessoas”, afirmou o ministro da Economia, Luis Caputo, nesta quinta-feira (27), durante evento do setor de seguros latino-americanos.


15/12/2023 - O ministro da Economia Argentina, Luis Caputo, durante anúncio. Foto: Frame/Ministério de Economia/AR
15/12/2023 - O ministro da Economia Argentina, Luis Caputo, durante anúncio. Foto: Frame/Ministério de Economia/AR

O ministro da Economia Argentina, Luis Caputo, durante pregão. Foto: Frame/Ministério de Economia/AR

Não há informações ainda sobre as exigências do FMI para o novo empréstimo. O gerente da política econômica do governo prateado disse ainda que negocia outros empréstimos “de livre disponibilidade” com Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF).

O pregão do ministro ocorre dias posteriormente ele se negar a dar detalhes das negociações com o FMI. O diretor do Observatório da Dívida Pública Argentina, o historiador Alejandro Olmos Gaona, disse que Caputo buscou tranquilizar o mercado financeiro devido à pressão cambiária dos últimos dias, que seria um resultado de especulações sobre o entendimento com o Fundo.  

“Em um mês, US$ 1,4 bilhão foi gasto para acalmar o mercado de câmbio, e agora o dólar continua subindo. Esta enunciação do ministro certamente, uma vez que ele disse, visa acalmar um pouco a taxa de câmbio e os mercados”, afirmou o diretor à Sucursal Brasil.

Alejandro Olmos Gaona avalia que o empréstimo secção da premência do governo de manter um câmbio com valor artificialmente inferior por meio da venda de dólares no mercado.

“O governo precisa desesperadamente de dólares para fortalecer o Banco Medial e seguir controlando a inflação [por meio da injeção de dólares na economia], porque esse é o único elemento que tem oferecido muito esteio ao presidente Milei. O que não se sabe é quanto vão mandar, que condições vão impor e o que vão fazer, depois, com esse quantia”, comentou o técnico.

A inflação na Argentina, devido a recessão que o país viveu, caiu de 287% ao ano, em março de 2024, para 66% ao ano, em fevereiro de 2025, segundo os dados oficiais.

O diretor do Observatório da Dívida Argentina ressaltou que as reservas do BC têm tombado incessantemente. “Isso não permite ao governo seguir mantendo uma ficção de um dólar que não sobe”, disse.

A prensa argentina tem repercutido que uma das exigências que o FMI pode fazer é a de reduzir, ou finalizar, com os controles cambiários que existem no país, uma vez que a proibição das pessoas comprarem mais de U$S 200 por mês. A possibilidade de instituir um câmbio totalmente livre tem saliente a procura por dólares. 

Saneamento do Banco Medial

A expectativa do governo de Javier Milei é fechar o entendimento até metade de abril. Se confirmado, nascente será o terceiro empréstimo com o Fundo desde que o governo de Maurício Macri firmou o entendimento, em 2018, para empréstimos de US$ 56 bilhões. 

O governo Milei argumenta que o objetivo é “sanear” as reservas do Banco Medial (BC), que estão baseadas em títulos do Tesouro, trocando os títulos por dólares. Com isso, em vez de obrigação ao BC, o governo prateado passaria a obrigação ao FMI e o BC teria suas reservas em dólar, e não mais em títulos do Tesouro.

A operação, segundo o ministro da Economia, Luis Caputo, daria maior firmeza à moeda lugar, o peso prateado, fortalecendo o controle inflacionário sem aumentar o totalidade da dívida do país.  

“[O dinheiro] não é para financiar gastos, nem para financiar déficits, mas para recapitalizar o ativo do Banco Medial. O que nós buscamos com nascente entendimento é que a gente possa permanecer tranquila que, finalmente, os pesos tenham respaldo no BC”, disse o ministro da Economia.

Caputo espera, com o empréstimo, elogiar as reservas do BC prateado a US$ 50 bilhões. Atualmente, o banco tem reservas calculadas em US$ 26 bilhões. Para se ter uma teoria, o Banco Medial do Brasil fechou 2024 com reservas na lar dos US$ 329,7 bilhões.

Dívida Pública

O diretor do Observatório da Dívida Pública da Argentina, o historiador Alejandro Olmos questiona o argumento de Caputo de que o novo empréstimo não traz riscos por não aumentar nominalmente a dívida do governo.

“Não é o mesmo obrigação ao BC, que é da estrutura do Estado, que não faz exigências, não pede ajustes. Ou por outra, a dívida com o BC pode ser refinanciada permanentemente. Já o FMI estabelece condições muito restritas, exige regulamentações econômicas, monitorando e controlando a economia do país”, ponderou.

Olmos destacou que, atualmente, a dívida argentina está na lar dos US$ 471 bilhões, exigindo um pagamento de juros anuais na lar dos US$ 22 bilhões. Ao contrário da Argentina, o Brasil tem sua dívida pública quase toda em reais, o que facilita o pagamento e refinanciamento dos passivos.

Para o técnico Alejandro Olmos, o novo empréstimo não é sustentável, e ele defende uma estratégia para resolver o problema da dívida pública.

“O problema é que o poder econômico, os economistas, os teóricos, insistem que a única via verosímil para o desenvolvimento de um país é por meio do endividamento. Entendem que a única solução é seguir se endividando e, lamentavelmente, a história da Argentina demonstra que todos esses acordos com FMI sempre fracassaram”, disse o historiador.

Por outro lado, existe a expectativa de que a exploração das reservas de petróleo e gás na região de Vaca Muerta traga receitas e dólares, o que pode permitir que a Argentina siga financiando suas dívidas.

“O que passa é que são políticas conjunturais, não há planificação do Estado para um desenvolvimento sustentável”, finalizou Olmos. 

Fonte EBC

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