Arte Erotiza Demais Gays, Diz João Côrtes, Com Nova Peça

Arte erotiza demais gays, diz João Côrtes, com nova peça – 08/01/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

João Côrtes, de 28 anos, chega a uma cafeteria com um macacão que mais parece um vestido. Adequada ao corpo do varão ou da mulher, a peça é perfeita à indefinição do tempo que fazia no meio da capital paulista. O sol penetrava as nuvens, com a mesma intensidade com que o ator olhava a paisagem. Seus olhos parecem duas azeitonas verdes. “Busco provar a mim mesmo que posso ser protagonista da minha curso”, diz ele, sentado porquê um iogue.

Nesses anos de aprendizagem, Côrtes espraia a sua imagem em séries e novelas, na TV ensejo e nas plataformas de streaming. Mas, até agora, a indústria do audiovisual não lhe deu um papel de destaque, o que ele atribui às circunstâncias do mercado. Côrtes logo decidiu voltar aos palcos, em um solilóquio, para ser enfim a estrela do próprio drama.

Apresentado em outubro no Festival Internacional de Teatro de Baía dos Reis, “Invisível” entra em edital no Teatro Renaissance. O texto de Moisés Bittencourt conta a história de Eduardo, personagem de Côrtes, que vive um relacionamento tóxico com Michel, seu namorado. Por vezes, o ator faz o papel do vilão, o que se anuncia pela iluminação. Nos mesmos matizes, o tema da masculinidade surge porquê tecido de fundo.

Em vivenda, Eduardo não teve um bom exemplo. No início da peça, ele conta que via o pai batendo na mãe. As cenas de agressão se transmutariam em seu namoro. Michel não se aceita porquê homossexual e recrimina o comportamento efeminado do companheiro.

Se atualmente há canais para que mulheres denunciem os abusos dos maridos, pouco se fala sobre a violência doméstica que homens sofrem em relações homoafetivas. “Descobri que a culpa é também um pouco da vítima. A pessoa também se põe nesse lugar e acredita numa mudança no comportamento do assaltante”, ele afirma. Do mesmo modo, a encenação procura provocar novos debates na comunidade gay.

De pacto com o artista, há uma saturação de produtos culturais que erotizam o corpo masculino, incitando o libido do público, normalmente formado por jovens gays, para obter sucesso mercantil. “Sou fetichizado pelos homens, de todas as idades, recebo muitas mensagens nas redes sociais, embora não me considere um símbolo de formosura”, diz.

Mas Côrtes também gosta de provocar. Em “Invisível”, ele simula uma relação sexual e, nas redes, ostenta a barriguinha sarada. Porquê boa secção dos jovens atores, Côrtes enxerga a exposição na internet porquê um dilema. Enfim, as fronteiras entre a curso artística e a da influência do dedo estão cada vez mais borradas.

Pelo Instagram, o artista pode propalar o seu trabalho para quase 200 milénio pessoas. Côrtes rejeitaria, no entanto, ser um influenciador. Ele diz que teria muita dificuldade, porque já sente um cansaço com as demandas das redes. Afirma, de todo modo, contemplar quem tem mais disposição para trabalhar na internet, oferecido o retorno financeiro da atividade.

Côrtes não escapa de sua geração. Foi pelo Instagram que, há quatro anos, resolveu fazer um textão para expressar que se entendia porquê gay. Ele diz ter pensando muito por que decidiu expor sua vida pessoal na internet, mas acredita ter feito a escolha correta. Em última instância, a publicação, ele diz, foi um gesto de asseveração política.

Além do teatro, o artista pode ser visto em “Rio Connection”, no catálogo do Globoplay. Dirigida por Mauro Lima, a série tematiza o momento em que a máfia italiana usa o Rio de Janeiro porquê rota do tráfico de heroína para os Estados Unidos. A série é em inglês, mas o repto de Côrtes, para encarnar o diplomata Alberto Martim, se concentrou no trabalho de pesquisa, para reconstituir a prostituição do Rio de Janeiro dos anos 1970.

Também no Globoplay estreia neste semestre a segunda temporada de “Seduzido’s”, uma série com faceta de romance das sete, um degrau supra do naturalismo. Na produção, Côrtes vive Celso Tadeu, que na segunda temporada vai trovar e dançar, porquê num músico da Broadway, só que num subúrbio hipotético no Rio.

Paulistano, Côrtes sempre quis ser artista, o que não foi um problema para o pai, que compõe trilhas para filmes, ou para a mãe, psicóloga. Ele se tornou divulgado em 2013, ano em que protagonizou dezenas de propagandas para operadoras de telefonia. Em oferecido momento, pensou que não escaparia da pecha de “ruivinho da Vivo”, o que não se confirmou. Ele diz não se incomodar em ser lembrado pelo mercantil.

Pelo contrário, afirma ter orgulho do trabalho. Naquele mesmo ano, já teria sua primeira experiência na televisão, participando da série “Três Teresas”, do GNT. Três anos depois, encarnou Giuseppe em “Sol Nascente”, contracenando com Aracy Balabanian e Francisco Cuoco. Côrtes também é lembrado pelo trabalho na série “O Negócio”, que se estendeu por três temporadas na HBO.

Nos últimos anos, emendou filmes, porquê “Paixão.com” e “Ninguém Entra, Ninguém Sai”, e dublagens para filmes infantis. Com tantas ocupações, o teatro, arte que o formou desde o escola, ficou em segundo projecto, sobretudo com a instalação de sua produtora, em 2019. Com a empresa, ele pôde guiar o filme que criou, “Nas Mãos de Quem Me Leva”, em 2021. “Tive um orgasmo. Gostei muito de guiar atores”, lembra.

Morando entre São Paulo e Rio de Janeiro, Côrtes passa temporadas nos Estados Unidos, onde faz cursos de dramaturgia. O artista segue uma rotina, alicerçada na reflexão e nos exercícios físicos. A volta ao teatro também tem a ver com imagem. “As pessoas me associam à comédia. Eu não quero isso agora. Quero o drama”, diz.

Folha

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