Artista Renée Green Ganha Primeira Mostra No Brasil 23/09/2024

Artista Renée Green ganha primeira mostra no Brasil – 23/09/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

As poltronas modernistas imaginadas pela artista visual americana Renée Green guardam vestígios de um pretérito colonial e escravagista. Um observador cauteloso notará que as estampas do mobiliário são mais do que ornamentos.

Elas funcionam, na verdade, uma vez que documentos históricos que narram cenas de resistência e sublevação. Na obra, intitulada “Commemorative Toile (Brasil)”, vemos escravizados em fuga e cativos enforcando seus senhores durante a Revolução Haitiana, movimento de independência que ocorreu no século 18.

“Nunca foi realmente oferecido a essas imagens o peso nem a presença que elas tiveram no pretérito. O tecido é quase uma vez que uma descrição literal do que estava entrelaçado na história”, diz Green, em papeleta com “Aproxime-se: Perceptos” no Auroras, espaço cultural localizado no Morumbi, em São Paulo.

Essa é a primeira mostra da artista no Brasil, país com o qual ela tem uma relação de proximidade desde rapaz. Ela diz que, aos oito anos, se surpreendeu ao perceber as dimensões continentais do território e o modo uma vez que ele era descrito nas enciclopédias. “Diziam que o Brasil era um gigante entorpecido.”

O contato dela com o mundo lusófono está presente no curta-metragem “Aproxime-se”. Produzida em 2008, a obra traz reflexões sobre o Brasil e cenas filmadas em Portugal, onde ela decidiu morar no prelúdios da dez de 1990 depois lucrar uma bolsa de estudos.

“Nessa quadra, eu estava muito interessada na geografia e na história portuguesa. Também me interessei pelos vestígios do que tinha ocorrido nos séculos anteriores, desde o início do que agora é chamado de Portugal.”

Porquê projeto de pesquisa, decidiu fazer uma viagem de embarcação de Lisboa para Angola, promovendo a rota marítima que os colonizadores fizeram durante as grandes navegações. No entanto, no transcurso do trabalho, precisou mudar de teoria em razão da guerra social angolana.

Decidiu portanto trespassar de Algeciras, na Espanha, e desembarcar em Ceuta. O território fica no setentrião da África e foi conquistado por Portugal em 1415, dando início à expansão marítima lusitana. A viagem da artista aconteceu em 1992, quando a chegada de Colombo à América havia completado 500 anos.

“Eu queria examinar isso de um ponto de vista dissemelhante e contemporâneo, partindo da perspectiva de alguém que descende da diáspora”, diz Green, que também se interessa por fluxos e deslocamentos que aconteceram fora do contexto do colonialismo e da escravidão.

“Essas não são as únicas formas uma vez que as pessoas viajavam. De forma livre, elas cruzavam os oceanos, indo para diferentes lugares, uma vez que a África, a Europa e a Ásia.”

Com mais de quatro décadas de curso, a artista faz obras em diferentes meios, uma vez que pintura, esculturas, instalações e vídeos.

Ela também é conhecida pelos chamados “Space Poems”, ou poemas espaciais. São cartazes fixados um ao lado do outro que trazem frases aparentemente sem relação entre si. No entanto, eles formam uma verso quando são lidos em sequência.

Quem anda pela exposição em papeleta no Auroras encontrará esses cartazes pendurados no topo das estantes da livraria. “Eu os chamo de ‘Space Poems’ porque podem ser pendurados e apresentados de formas diferentes nos lugares”, diz ela, que é professora do departamento de arquitetura do MIT, o Massachusetts Institute of Technology.

Não à toa, sua produção dialoga com a arquitetura, uma vez que atesta o vídeo “Comece de Novo, Comece de Novo”, narrado por Derrick Green —vocalista da orquestra Sepultura e irmão da artista.

O trabalho foi feito em 2015 para uma exposição na Schindler House, lar modernista projetada pelo arquiteto Rudolf Schindler.

O roteiro da produção incorpora elementos de “Arquitetura Moderna: Um Programa”, manifesto escrito por Schindler no prelúdios do século 20. Aliás, o vídeo reflete sobre assuntos uma vez que exílio, transmigração, deslocamento e reinvenção.

O que a artista propõe não exclusivamente com esse vídeo, mas com o resto da exposição, é um manobra radical de abstração. As obras não têm um significado em si mesmas. Cabe ao público edificar esses sentidos levando em conta a percepção sobre cada trabalho. Aliás, vem daí o título da mostra.

Na filosofia de Gilles Deleuze, o noção de perceptos se refere ao modo uma vez que a arte reverbera em cada pessoa. “Não estou tentando pregar ou ensinar um pouco ao público. Estou exclusivamente compartilhando possibilidades para que ele possa ir tão fundo quanto quiser.”

Folha

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