O Comitê de Política Monetária (Copom) apontou que a o aumento recente na taxa de câmbio e a inflação fluente foram fatores determinantes para a decisão do Banco Médio (BC) de aumentar a taxa básica de juros da economia, a Selic, em 1 ponto percentual, passando para 12,25% ao ano.
De pacto com a ata da reunião do Copom divulgada nesta terça-feira (17), a reação do mercado financeiro ao pacote fiscal do governo federalista tornou o cenário inflacionário mais inverso, demandando uma política “ainda mais contracionista”.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o recente pregão fiscal afetou, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, mormente o prêmio de risco, as expectativas de inflação e a taxa de câmbio”, diz a ata.
“Nota-se que tanto o prêmio de inflação tirado dos instrumentos financeiros quanto as expectativas de inflação se elevaram no período, tornando o cenário de inflação mais inverso e requerendo uma política monetária mais contracionista”, defendeu o Comitê.
As reações negativas do mercado financeiro ao pacote de galanteio de gastos e do aumento do limite de isenção do Imposto de Renda, anunciados pelo governo no dia 28 do mês pretérito, fez com que o dólar saltasse, ultrapassando o patamar dos R$ 6 pela primeira vez na história.
Ainda de pacto com o Copom, o cenário mais inverso para a convergência da inflação à meta para 2024, de 3%, com pausa de tolerância de 1,5% a 4,5% pode requerer novos aumentos de 1 ponto percentual na Selic nas próximas duas reuniões, em janeiro e março.
“O Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, ajustes de mesma magnitude nas próximas duas reuniões. A magnitude totalidade do ciclo de aperto monetário será ditada pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta e dependerá da evolução da dinâmica da inflação, em peculiar dos componentes mais sensíveis à atividade econômica e à política monetária, das projeções de inflação, das expectativas de inflação, do hiato do resultado e do balanço de riscos”, disse o Copom.
A previsão do mercado financeiro para o Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Extenso (IPCA) – considerado a inflação solene do país – passou de 4,84% para 4,89% levante ano, segundo o mais recente Boletim Focus, divulgado ontem (15). Para 2025, a projeção da inflação também subiu de 4,59% para 4,6%. Para 2026 e 2027, as previsões são de 4% e 3,66%, respectivamente.
A ata destacou que os preços de provisões se elevaram de forma significativa, em função, dentre outros fatores, da estiagem observada ao longo do ano e da elevação de preços de carnes, também afetada pelo ciclo do boi. Para os integrantes do comitê, esse aumento tende a se propagar para o médio prazo. Com relação aos bens industrializados, o movimento recente do câmbio pressiona preços e margens, sugerindo maior aumento em tais componentes nos próximos meses.
Segundo o Copom, a magnitude da deterioração de limitado e médio prazo do cenário de inflação “exigia uma postura mais tempestiva” para manter o compromisso de convergência da inflação à meta.
Pleno ocupação
Outrossim, o BC voltou a mostrar o dinamismo da economia e o fomento do pleno ocupação uma vez que fatores que devem ser enfrentados para o desempenho da “estratégia de convergência da inflação para o volta da meta ao longo do horizonte relevante”.
A atividade econômica, de pacto com o BC, tem surpreendido e apresentado notável resiliência.
“Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de testificar a firmeza de preços, essa decisão [de aumento da Selic] também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno ocupação”, diz a ata.
O comitê apontou ainda que a atividade dos mercados de crédito e, principalmente, de capitais também têm surpreendido ao longo do ano, com desenvolvimento de volume supra do que era esperado, apesar de taxas de juros elevadas.
Para o Copom, um envolvente de subida de juros, com nível de inadimplência e comprometimento de renda elevados, “requer cautela e diligência adicionais na licença de crédito”.
Na ata, o Copom voltou a tutorar uma política monetária e fiscal contracíclica, com menos incentivo para a atividade econômica, com o argumento de que contribui para testificar a firmeza de preços e também cobrou novamente ajuste dos gastos públicos.
“O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de sublevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o dispêndio de desinflação em termos de atividade”, diz a ata.
Envolvente extrínseco
Na avaliação do Copom, o envolvente extrínseco permanece provocador, em função, principalmente, da ensejo econômica incerta nos Estados Unidos, o que suscita maiores dúvidas sobre os ritmos da desaceleração, da desinflação da atividade econômica e, consequentemente, sobre a postura do banco meão daquele país, o Fed.
“Em paralelo, a possibilidade de mudanças na meio da política econômica também traz suplementar incerteza ao cenário, particularmente com possíveis estímulos fiscais, restrições na oferta de trabalho e introdução de tarifas à importação. O cenário-base do Comitê segue sendo de desaceleração gradual e ordenada da economia norte-americana” diz a ata.
“Uma vez que usual, o Comitê focará nos mecanismos de transmissão da ensejo externa sobre a dinâmica inflacionária interna e seu impacto sobre o cenário prospectivo. Reforçou-se, demais, que um cenário de maior incerteza global e de movimentos cambiais mais abruptos exige maior cautela na meio da política monetária doméstica”, prossegue o Copom.
Histórico
Essa foi a terceira subida seguida da Selic. A taxa retornou ao nível de dezembro do ano pretérito, quando estava em 12,25% ao ano.
A subida consolida um ciclo de contração na política monetária. Posteriormente passar um ano em 13,75% ao ano, entre agosto de 2022 e agosto de 2023, a taxa teve seis cortes de 0,5 ponto e um galanteio de 0,25 ponto, de agosto do ano pretérito até maio deste ano.
Nas reuniões, de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano, começando a aumentar a Selic na reunião de setembro, quando a taxa subiu 0,25 ponto, e novembro, quando subiu 0,5 ponto.