Atacada, Dona Da Mynd Se Diz Surpresa Com 'terra Sem

Atacada, dona da Mynd se diz surpresa com ‘terra sem lei’ – 20/01/2024 – Mercado

Celebridades Cultura

Fátima Pissarra trabalha há 25 anos nos mercados de tecnologia e informação, mas diz que só agora, quando virou cândido de ataques pela associação de sua sucursal Mynd com perfis de fofocas associados à morte de uma jovem, se deu conta de porquê a falta de regulação da internet pode destruir reputações.

“Eu não sabia que era uma terreno sem lei nesse nível”, diz a executiva à Folha.

Na entrevista, por videochamada, Pissarra afirma que a Mynd ganha quantia vendendo publicidade e que 100% do teor dos perfis dos seus contratados, tanto de pessoas porquê de notícias, são criados por eles.

Algumas chaves para saber melhor a executiva estão no livro “Profissão Influencer: porquê fazer sucesso dentro e fora da internet” (Harper Collins Brasil), lançado em 2022.

Pissarra dedica o livro “a todas as pessoas que acreditam que são influenciadoras, (…) a todos aqueles que acreditam que podem invadir (…), a todos que não querem dormir, a todos que têm sede de ocorrer e transformar o mundo”.

Entre muitas dicas, a autora defende basicamente que “somos todos contadores de histórias”, “somos todos comunicadores e influenciadores em núcleo”. E recomenda: “Tudo é monetizável. Isso mesmo, dá para vender tudo. Até a sua história. Não tenha susto de vender teor, ser criativo e fabricar um bom storytelling para relatar quem é você”.

Se contratos com governos são uma parcela ínfima do faturamento da Mynd, por que têm associado vocês ao PT?

Se você fizer uma estudo no casting da Mynd, tem mais pessoas de esquerda. Por si próprias. Não é a gente que manda ser de esquerda ou de direita. Tem pessoas de direita também. A gente nunca cerceou liberdade de sentença. Não falaremos para o nosso agenciado que ele vai vender menos se ele se posicionar.

Mas na classe artística você tem mais pessoas de esquerda. Eu não tenho zero a ver com isso. E essas pessoas votam em quem elas querem. Eu não sei se por conta disso foi visto assim, olha, um conglomerado uno de pessoas de esquerda.

Acha que pode ter relação também com a política de variedade que você ressalta tanto?

Com certeza. A gente recebeu muitos ataques em agenciados nossos, trans, que lutam por bandeiras LGBTQIA+: “Olha, a Mynd apoia pessoas trans, que coisa horrorosa”. Portanto, a gente foi muito atacada nesse período também pelas causas que a gente abraça.

A sra. diz que não tem controle sobre o teor dos agenciados, mas esse caso mostrou mais uma vez que ocorrem publicações cruzadas, em manada, por vários dos perfis agenciados. Porquê evitar isso? Não acha que isso é um problema?

A notícia já é assim desde que o mundo é mundo, né? Quando você ia no salão que tinha Caras, Contigo, todas as capas eram a mesma notícia, lembra? Chegava ao salão era natalício da Xuxa, consórcio do não sei quem, eram sempre as mesmas notícias, porque era o que as pessoas queriam saber.

Eu vim do jornalismo. Portanto eu sei que a notícia é a notícia que as pessoas têm interesse em ler. Eu acredito que os perfis replicam as notícias que geram engajamento.

Um segundo ponto muito importante: quando lança um batom que todo mundo quer usar, todas as influenciadoras fazem “publi” desse batom, em tamanho, o negócio virou queridinho, todo mundo fala disso. São hábitos normais que o influenciador usa para engajamento.

O algoritmo do Instagram é quem faz isso virar uma máquina em que todo mundo está falando. A gente fez uma estudo em alguns perfis de agenciados nossos, olhando os posts que têm mais engajamento. A maioria são posts sobre o mesmo objecto.

Esse caso traz lições, que podem mudar um pouco nesses perfis? E faz qualquer mea culpa?

Não tem nem porquê a gente ter uma mea culpa sobre isso porque a gente tem zero interferência.

A gente desenvolveu há três anos um código de moral para que isso não aconteça, [dizendo] que as notícias têm que ser validadas. A gente tem um time de moral dentro da empresa que fornece informações para agenciados e vai abastecendo quem pede.

Esse caso pode moldar ou mudar no mercado de maneira universal, não só para a Mynd, mas diretrizes, regulação?

Espero que ocorra um divisor de águas, principalmente na questão de legislação, né, porque o que eu vi com esse caso, que me deixou mais chocada, é porquê as pessoas podem inventar fake news, em série, sobre alguém, sobre uma empresa e saírem 100% ilesas.

Assim, eu vou inventar o que eu quiser, eu vou inventar que a Mynd é dona do Choquei e dane-se que a Mynd soltou um transmitido que não é dona do Choquei, dane-se, eu não leio, eu não olho, eu não quero saber, eu vou inventar uma patranha e eu vou permanecer falando ela repetidamente, estou pouco me danando.

Isso para mim é muito contra-senso, porque eu não sabia que era uma terreno sem lei nesse nível.

Acha que a sra. e a Mynd estão sendo vítimas de um pouco que alguns desses perfis acabam praticando?

Com certeza. Eu acho que a gente está sendo vítima de fake news que esses perfis que estão postando sobre a gente praticam.

Mas alguns perfis da Mesa Do dedo que a sra. agencia também não praticam?

O que já tivemos até hoje de investigação é o Garoto do Blog. Nós nunca tivemos denúncia de fake news investigada de qualquer outro perfil.

E porquê eu fico sabendo? Caso haja uma investigação. Nesses casos, a gente afasta imediatamente.


Fátima Pissarra, 46

Nascida em Curitiba e radicada em São Paulo, é formada em jornalismo e psicologia. Trabalhou em várias empresas (Evidente, BCP, Terreno, Nokia e Vevo) até fabricar, em 2012, a Music2, representante da Vevo no Brasil. Em 2017, com o publicitário Carlos Scappini, fundou a Mynd, que se tornou a maior sucursal de influenciadores do país, com faturamento de R$ 350 milhões por ano. Foi indicada ao prêmio Caboré, um dos principais da publicidade, porquê dirigente da indústria de informação em 2021 (não ganhou, mas a Mynd sim, em 2019, na categoria Serviço de Marketing)

Folha

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