Augusto melo antecipa derrota e diz sair de cabeça erguida

Augusto Melo antecipa derrota e diz sair de cabeça erguida – 26/05/2025 – Esporte

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Augusto Melo se antecipou à votação que será realizada na noite desta segunda-feira (26) sobre a possibilidade de afastá-lo da presidência do Corinthians. Claro de que não tem maioria no Juízo Deliberativo, disse que sai “de cabeça erguida” e prometeu lutar, por meio dos associados, para retornar à sua cadeira.

Se a votação do impeachment no Juízo realmente tiver o resultado esperado por Melo, o primeiro vice-presidente, Osmar Stábile, assumirá o clube provisoriamente. O presidente do Juízo, Romeu Tuma Júnior, portanto, terá cinco dias para convocar a plenário universal dos sócios, que fará a votação definitiva, em um prazo de 30 a 60 dias a partir da marcação.

“Não é repúdio. Ao contrário. Eu vou participar dessa palhaçada”, disse Augusto, em entrevista concedida no teatro do Parque São Jorge. A alguns metros dali, em um dos ginásios do clube, já estava em curso a reunião em que vai sendo discutido o retiro, com base em supostas irregularidades no fechamento do contrato de patrocínio com a empresa de apostas VaideBet.

“A gente sabe o que está acontecendo lá dentro. Não estou renunciando”, afirmou, depois de ter sido informado pela equipe de informação do Corinthians de que suas palavras estavam sendo interpretadas porquê uma repúdio. “Vou renhir para permanecer cá. Não vai ser entregue de mão beijada. Vai ter votação. Eles têm a maioria. Aí, são 60 dias para a plenário universal, a gente vai até o final.”

Antes disso, Augusto Melo havia listado alguns de seus feitos. Mencionou repetidamente que colocou salários em dia, afirmou que deixou assegurada a ingressão de receitas de R$ 3 bilhões. E disse ter oferecido o pontapé inicial para restabelecer o clube depois as gestões do grupo liderado por Andrés Sanchez, que comandou o Corinthians de 2007 a 2023.

“Minha secção eu cumpri. Fiz o melhor, aceitei desafios. Precisava de alguém para dar esse pontapé. Fico muito feliz por ter oferecido esse pontapé e disposto o Corinthians em outro patamar. Ninguém trouxe tanta receita a um clube porquê eu trouxe ao Corinthians. Saio de cabeça erguida e vou continuar torcendo pelo meu time”, declarou.

Quatro dias antes da votação, Melo foi indiciado pela Polícia Social sob suspeita de associação criminosa, latrocínio qualificado e lavagem de quantia. O objeto da investigação é justamente o pacto com a VaideBet e o rumo do quantia, que levou a polícia a oferecer uma denúncia ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo).

A epílogo do sindicância, com o indiciamento também de dois ex-membros da gestão de Augusto, fragilizou ainda mais a base do presidente às vésperas da reunião do Juízo. Ele negou as acuações, criticou a transporte da investigação policial e rechaçou a hipótese de renunciar. “Não tenho envolvimento nenhum com isso. Eu confio na Justiça”, afirmou.

A resguardo do cartola solicitou um “habeas corpus”, com pedido de liminar urgente à Vara de Crimes de Organizações Criminosas de São Paulo. O objetivo era anular o indiciamento, sob os argumentos de que ele se deu de forma “prematura, proibido e desprovida de justa pretexto” e de que o ato seria uma “manobra de cunho meramente político”.

Os aliados do presidente tentaram também uma liminar para impedir a votação, negada pela juíza Márcia Cardoso, da 5ª Vara Cível do Tatuapé, nesta segunda. Logo, sem esperança de que venceria a disputa no Juízo, antecipou-se ao resultado e deixou sua cadeira para Osmar Stábile.

Stábile tem atuação de longa data na política corintiana. Ele foi vice-presidente de esportes terrestres em secção da gestão de Alberto Dualib, que comandou o clube de 1993 a 2007. Depois, concorreu à presidência do clube em diferentes ocasiões. Em 2019, assumiu a autoria de um vídeo que exaltava o golpe militar de 1964 e os 21 anos de ditadura no Brasil, uma peça que foi divulgada pelo governo de Jair Bolsonaro.

O presidente do Juízo Deliberativo do Corinthians, Romeu Tuma Júnior, agora, tem cinco dias para marcar a plenário dos sócios, que ocorrerá, a partir da marcação, em um prazo de 30 a 60 dias. A votação dos associados, no sistema de maioria simples, é definitiva.

Caso os sócios rejeitem o impeachment, Augusto Melo voltará ao missão. Se a destituição for aprovada, o Juízo Deliberativo será convocado para optar —sem a participação dos sócios— um novo presidente até o que seria o término do procuração de Melo, em dezembro de 2026.

A votação dos conselheiros foi inicialmente marcada para dezembro do ano pretérito. No entanto, uma liminar solicitada pelo próprio presidente suspendeu a reunião minutos antes da segunda chamada.

A decisão judicial acabou derrubada posteriormente, e um novo encontro ocorreu em janeiro, sob clima tenso no Parque São Jorge, com protestos da torcida nas imediações da sede alvinegra. Àquela fundura, boa secção dos torcedores, sobretudo a Gaviões da Leal, maior organizada do clube, eram contrários ao retiro. A posição das organizadas mudou depois do indiciamento.

Na reunião de janeiro, antes da vocação do impeachment propriamente dito, houve uma votação prévia sobre a admissibilidade do processo. Por uma margem pequena, de 12 votos (126 a 114), o “sim” venceu para a ininterrupção do rito. Porém, com o continuar da hora, o presidente do Juízo Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, adiou novamente a votação, apontando questões de segurança e citando que muitos conselheiros já haviam deixado o lugar.

Membros da situação e da oposição se dividiram sobre a decisão de Tuma. Devido à margem apertada da primeira votação, não era verosímil prever se o movimento era mais ou menos favorável para Augusto Melo. Se o “não” tivesse vencido naquela noite, o processo teria sido arquivado.

Novas discussões decorreram do prorrogação. A resguardo de Augusto afirmava que somente os conselheiros que participaram da reunião de janeiro poderiam votar no pleito desta segunda. O presidente do Juízo defendia que todos os conselheiros estavam aptos.

Atualmente, o órgão é constituído por 300 conselheiros, sendo 200 trienais e 100 vitalícios.

A atuação de Romeu Tuma no processo é mira de questionamentos por secção de Augusto Melo e de seus advogados —equipe recentemente reforçada por José Eduardo Cardozo, ex-ministro da Justiça, que também foi o padroeiro da presidente da República Dilma Rousseff no processo que resultou em seu impeachment em 2016.

Cardoso tem afirmado que Augusto não teve largo recta de resguardo e que o processo contra ele viola o Estado democrático de Recta.

Há ainda o debate sobre uma reunião realizada em 10 de abril pela Percentagem de Moral e Disciplina, que votou pelo retiro de Tuma da presidência do Juízo. No entanto, conselheiros, o próprio Tuma e o Cori (Juízo de Orientação do Corinthians) disseram não ter recebido a formalização do retiro.

A Percentagem de Moral é presidida por Roberson Medeiros, que é vice-presidente do Juízo Deliberativo e, portanto, seria o substituto repentino de Tuma em caso de retiro. Tuma, porém, continua despachando normalmente.

Esse argumento foi usado pela resguardo de Augusto na tentativa de obter uma liminar para suspender a votação, mas a Justiça negou a ação.

Folha

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