Ayrton Senna: Documentário Tem Narrativa Do Herói Nacional 10/05/2024

Ayrton Senna: documentário tem narrativa do herói nacional – 10/05/2024 – Gustavo Alonso

Celebridades Cultura

Semana passada foi lançado o documentário “Senna por Ayrton” no streaming do Globoplay. O trailer do documentário entusiasma ao anunciar: “Essa história já foi contada inúmeras vezes por diversos personagens. Mas agora trará exclusivamente o olhar do seu protagonista”. Tudo parecia encaminhar para a abordagem original do título. Conheceríamos as lacunas ainda não contadas sobre o nosso herói pátrio.

Mas o documentário, dirigido por Rafael Pirrho, frustra aqueles que buscam os silêncios e a intimidade da vida do vencedor. O seriado documental em três episódios do Globoplay repete, embora de forma até competente, a mesma forma de se recontar a trajetória de Senna.

Para quem não se lembra dos feitos heróicos de Senna, o documentário é um prato pleno. Muito exposto, pontuando os dramas de cada temporada, bonitos gráficos e prestímano na forma cronológica de esmiuçar a curso do piloto, o documentário da Globoplay cumpre o papel de reapresentar Ayrton Senna às novas gerações. Mas, ao contrário do que pretende o título, pouco do ser humano aparece no documentário. Conhecemos exclusivamente o Senna piloto, quase zero do Ayrton.

A teoria da série documental em três episódios era deixar que o próprio piloto contasse sua história sem a suposta interferência narrativa alheia, um truque muito generalidade em documentários. O que seria um bom mote se revela um repeteco narrativo, pois a versão que temos sobre Senna sempre foi aquela que ele mesmo ou os de seu entorno quiseram. Depois de sua morte, perdurou a versão familiar do mito, capitaneada pela mana Viviane Senna, que consolidou a mitologia do herói pátrio. Porquê se sabe, a família controla com mão de ferro o legado de Senna, determinando quem deve ou não esboçar uma biografia do piloto. E qualquer tópico pessoal é logo boicotado

Filmes uma vez que a produção internacional “Senna”, de 2010, autorizada pela família, já havia exposto a história do mito das pistas tal uma vez que repete o documentário do Globoplay. Livros uma vez que “The Hard Edge of a Genius” (1990), de Christopher Hilton, autorizado pelo próprio Senna em vida, já tinham oferecido a versão autorizada da mito sobre sua vida profissional.

Era necessário mais um documentário para ilustrar as façanhas de Senna? Alguém não viu suas vitórias ilustres no Japão e em Interlagos? Quem não conheceu a novelização da disputa entre Prost e Senna ou entre Piquet e Senna, tão alimentada por Galvão Bueno, compadre do piloto? Alguém nunca viu as cenas da volta magistral em Donington Park, na chuvosa Inglaterra em 1993, onde ele passou 4 pilotos na primeira volta assumindo a liderança? Pois o documentário repisa estes mesmos marcos sem alongar quase zero à biografia de Senna.

O melhor trabalho sobre o herói pátrio ainda é o livro “Ayrton: O Herói Revelado”, publicado pelo jornalista Ernesto Rodrigues em 2004, sem o aval ou participação da família do piloto, que se negou a dar entrevistas. O que seria uma perda revela-se o grande valor da obra, que consegue abordar a intimidade do piloto sem pudor, mas de forma respeitosa. Amores, relações familiares, amigos: todos esses fatores da vida de Ayrton ajudam a compreender o fenômeno que foi Senna, um tanto praticamente ignorado pelo documentário do Globoplay, apesar da promessa do título.

A obra de Rodrigues ganhou novidade edição nestes 30 anos da morte de Senna e merece atenção. Ela é a única síntese da vida de Ayrton que toca em aspectos silenciados nos documentários e obras autorizadas, além de abordar a heroicização profissional do piloto. Um roupa iluminado pela obra é o primeiro consórcio de Senna. Ele se casou com Lilian de Vasconcelos em 1981, antes de seu primeiro ano uma vez que piloto na Inglaterra. A primeira e única mulher de papel assinado do piloto, que também foi amiga de puerícia, é um personagem limado de quase todas as biografias oficiais, menos da biografia de Ernesto Rodrigues.

O roupa de Ayrton ter uma relação de espanto mas também libido de superar o pai fazendo uma trajetória dissemelhante do self-made man que, nascido numa família simples, tornou-se um grande industrial e quinteiro, também ajuda a compreender a avidez do jovem Ayrton. A preferência da família Senna por Xuxa e o desprezo por Adriane Galisteu também são aprofundados na obra e dão o que pensar.

Em meio às rememorações da data redonda, foi anunciado pela Netflix o lançamento de uma minissérie de ficção inspirada na história de vida de Senna, ainda sem data exata para o lançamento levante ano. A série foi autorizada pela família. Apesar de o trailer apresentar uma belíssima produção, também parece preceder que zero de novo se acrescentará. Tomara que nos surpreendamos.

Zero que se diga da vida pessoal tirará o cintilação do profissional devotado e competitivo, um grande gênio das pistas. Senna sempre será grande. Mas ainda falta à cinematografia mundial um filme à profundeza não exclusivamente do gigante Senna, mas também do varão Ayrton.


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Folha

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