B20, C20, J20, Y20… Essas e outras siglas terminadas com o número 20 são grupos de engajamentos que atuam porquê se fossem satélites do G20 (Grupo dos 20, que reúne as principais economias do mundo), que tem o Brasil ocupando a presidência do fórum internacional ao longo de 2024.
Nesta semana em que ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais dos países integrantes do conjunto se reúnem em São Paulo, na quarta (28) e quinta-feira (29), a Sucursal Brasil apresenta os 13 grupos de engajamento que se propõem a discutir políticas públicas e caminhos para o desenvolvimento. Conheça as siglas:
B20
O Business 20 (B20) conecta a comunidade empresarial aos governos do G20. O grupo envolve murado de 900 representantes empresariais e tem por objetivo propor recomendações de políticas elaboradas por diferentes forças-tarefa. No Brasil, os trabalhos são organizados pela Confederação Pátrio da Indústria (CNI), com o lema Incremento Inclusivo para um Porvir Sustentável.
O B20 reuniu-se oficialmente pela primeira vez na Cúpula de Toronto, no Canadá, em 2010, em um movimento para mourejar com os efeitos da crise econômica de 2008.
C20
Um dos principais braços sociais do G20, o Social Society 20 (C20) visa a asseverar que os líderes mundiais estejam atentos às recomendações e demandas da sociedade social organizada. O princípio do grupo é “não deixar ninguém para trás”.
A paridade de gênero, o antirracismo, os direitos humanos e as deficiências, porquê temas transversais, serão considerados em todas as ações do grupo. A Associação Brasileira de ONGs (Abong) atua porquê presidente do C20 brasiliano. O grupo foi formalizado em 2013, durante a presidência russa do G20.
J20
O Supreme Courts and Constitutional Courts 20 (J20) tem por objetivo o intercâmbio de ideias e de iniciativas sobre temas jurídicos de relevância na atualidade. Na presidência brasileira do G20 em 2024, o Supremo Tribunal Federalista (STF) organiza o J20, tendo porquê convidados os presidentes das cortes supremas dos países do G20, da União Europeia e da União Africana.
A primeira reunião do J20 ocorreu em 2018 em Buenos Aires, na Argentina. A agenda incluiu discussões sobre direitos e justiça, desenvolvimento sustentável, fortalecimento do Estado de Recta, reforma judicial, democracia global e mercados globais, justiça e gênero, e o papel da justiça contra o tráfico de drogas.
L20
O Labour 20 (L20) representa os trabalhadores e vai apresentar as preocupações relacionadas ao trabalho, aos direitos trabalhistas e que condições laborais justas sejam consideradas nas discussões. Questões previdenciárias também são tema de debates do L20.
O grupo reúne representações sindicais dos países e da International Trade Union Confederation (ITUC), organização internacional de sindicatos. O L20 surgiu em 2011, sob a presidência francesa do G20.
O20
A preocupação com os oceanos é representada no G20 pelo Oceans 20 (O20). O fórum concentra as questões dos mares e promove debates e procura de soluções criativas à sustentabilidade marinha e à utilização sustentável de seus recursos. O grupo foi criado em 2022, durante a presidência indonésia do G20.
P20
O Parlament 20 (P20), criado em 2010, é liderado pelos presidentes dos parlamentos dos países do grupo. Visa envolver os parlamentos para fortalecer a colaboração global e prometer a emprego prática de acordos internacionais nos países-membros.
Com a crescente e necessária participação das mulheres na política, pretende-se realizar, em 2024, uma reunião de parlamentares mulheres no Brasil, com objetivo de aprofundar as pautas de gênero, porquê fez a presidência indiana.
S20
O Science 20 (S20) é o grupo de engajamento para a extensão de ciência e tecnologia. Formado pelas academias nacionais de ciências dos países do G20, o grupo de engajamento promove o diálogo entre a comunidade científica e os formuladores de políticas.
No Brasil, a organização é responsabilidade da Ateneu Brasileira de Ciências (ABC), que definiu o lema Ciência para a Transformação Mundial. O grupo foi criado em 2017. Transição energética, perceptibilidade sintético e justiça no aproximação à saúde são temas de destaque na edição brasileira.
SAI 20
O Supreme Audit Institutions 20 (SAI20) desempenha papel crucial no fortalecimento da cooperação entre as instituições superiores de Controle (ISCs), em um compromisso de promover a transparência, a responsabilidade e a eficiência na governança global. As ISCs desempenham papel fundamental na fiscalização e auditoria dos gastos públicos, garantindo a transparência e a responsabilidade dos governos.
O grupo de engajamento foi estabelecido em agosto de 2022, durante a presidência indonésia do G20.
Startup 20
O Startup20 é um fórum que estabelece diálogo cândido entre as diversas partes interessadas no ecossistema de startups (pequenas empresas inovadoras com grande potencial de incremento) e tecnologia, muito porquê as pequenas e médias empresas (PMEs), destacando as preocupações e desafios do setor aos líderes do G20.
O Startup20 é o mais novo grupo de engajamento do G20, estabelecido sob a presidência da Índia, em 2023.
T20
Think Tanks 20 (T20) tem por objetivo principal produzir, debater, solidificar e apresentar ideias sobre porquê enfrentar os desafios atuais e emergentes que podem ser tratados pelo G20. O T20 reúne think tanks (institutos de pesquisa) dos países-membros e convidados.
O T20 difere de outros grupos de engajamento por não abordar uma temática específica, mas por contribuir com diversas delas. O grupo foi iniciado durante a presidência mexicana, em 2012.
Pesquisadores de instituições brasileiras porquê a Instauração Getulio Vargas (FGV), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Núcleo Brasiliano de Relações Internacionais (CEBRI) participaram ou contribuíram com o T20 desde a origem do grupo.
U20
O Urban 20 (U20) é iniciativa de diplomacia que congrega cidades dos países-membros do G20, com o objetivo de promover o debate e a fala política de recomendações nas pautas de economia, clima e desenvolvimento nessas cidades.
O U20 é permanentemente convocado pelo Grupo C40 de Grandes Cidades (C40 Cities, em inglês), rede global de prefeitos das principais cidades do mundo que estão unidos em ações para enfrentar a crise climática.
Lançado em 2017 em Paris, em 2024 o U20 será copresidido pelos municípios do Rio de Janeiro (cidade que receberá a reunião de cúpula, em novembro) e São Paulo, que realizarão dois encontros de prefeitos ao longo do ano.
W20
O Women 20 (W20) é um dos grupos de engajamento formado por mulheres de setores da ateneu, do empreendedorismo e da sociedade social. O objetivo é elaborar recomendações para políticas públicas em prol do empoderamento econômico feminino.
O W20 foi concebido na Austrália em 2014 e iniciou oficialmente os trabalhos em 2015, na Turquia. Em 2024, o grupo pretende erigir um mundo justo, sustentável e com justiça de gênero.
Y20
O diálogo entre jovens dos países-membros do G20 é uma proposta do Youth 20 (Y20). Os futuros líderes de nações e do mundo têm a oportunidade de refletir sobre a agenda prioritária da juventude, influenciar debates e contribuir para a formulação de políticas públicas.
A primeira cúpula do Y20 foi estabelecida em Vancouver, no Canadá, em 2010, e segundo a definição do G20, é direcionado a jovens de 18 a 30 anos.
Retomada diplomática
Para o professor de relações internacionais da Universidade Federalista Fluminense (UFF) Thomas Ferdinand Heye, a presidência brasileira no G20 é uma forma de realçar o país novamente na redondel internacional.
“A prestígio se verifica no esforço da diplomacia brasileira atual em superar o período recente que, apesar de pequeno, se orgulhava de ter transformado o país em um pária na comunidade dos Estados. Para superar a plangente política externa do governo anterior [Jair Bolsonaro, 2019-2022], verifica-se o retorno da diplomacia presidencial que, a exemplo dos governos de Fernando Henrique Cardoso [1995-2002], marcou os dois primeiros mandatos do presidente Lula [2003-2010]”, contextualiza.
Williams Gonçalves, professor de relações internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), aponta um trunfo para o Brasil avante do G20
“Não pode ter nenhuma discussão séria sobre meio envolvente sem a participação do Brasil, tendo em vista as nossas características geográficas, a Amazônia etc. A mesma coisa é em relação à matriz energética. O Brasil tanto é um grande produtor, um grande reservatório de petróleo, porquê é um país que usa diferentes matrizes energéticas, porquê eólica e hidrelétrica. Pelas nossas características, temos uma prestígio muito grande”, afirma.
Representatividade
Na opinião do professor Thomas Ferdinand Heye, a presença dos 13 grupos de engajamento no G20 é de extrema prestígio, pois amplia a representatividade e a variedade de perspectivas no processo de tomada de decisões.
“Isso permite que o G20 aborde não unicamente questões econômicas e financeiras, mas também temas sociais, ambientais e políticos, tornando suas deliberações mais abrangentes e inclusivas”, avalia.
Para Heye, ao considerar uma variedade de interesses e preocupações da sociedade social, do setor empresarial, da juventude, das mulheres, entre outros setores, os grupos de engajamento enriquecem as discussões e contribuem para a formulação de políticas mais equilibradas.
“Não só ampliam a relevância do G20 além das questões econômicas e financeiras, mas também fortalecem sua legitimidade e capacidade de abordar desafios globais de forma mais inclusiva”, completa.
G20
O G20 é constituído por 19 países – África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Uno, Rússia e Turquia – e dois órgãos regionais, a União Africana e a União Europeia.
Os integrantes do grupo representam murado de 85% da economia mundial, mais de 75% do negócio global e murado de dois terços da população mundial.
Porquê presidente do G20, o Brasil tem o recta de invocar outros países e entidades. Entre os convidados estão Angola, Bolívia, Egito, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Nigéria, Noruega, Paraguai, Portugal, Singapura e Uruguai. Em 2025, o G20 será presidido pela África do Sul.
O ponto sumo da presidência brasileira será a reunião de chefes de Estado e de governos, nos dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.