Babygirl: Nicole Kidman Se Rebela Sexualmente E Mira Oscar

Babygirl: Nicole Kidman se rebela sexualmente e mira Oscar – 07/01/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Antes mesmo das primeiras imagens de “Babygirl” aparecerem na tela, os gemidos de Nicole Kidman invadem o escuro do cinema. Sentada em Antonio Banderas, ela atinge o que pensamos ser o orgasmo, num grito intenso e libertador. Eles se beijam e ela corre para o quarto ao lado, onde se masturba assistindo a um vídeo pornô que borra as linhas entre consentimento e estupro.

Ela tem fetiche em ser controlada, humilhada, dominada. Ele prefere o bom e velho papai e mamãe. Ambos se amam, são companheiros e têm uma vida feliz, mas há um impasse que cria um escuridão entre os dois lados da leito. Ela sabe que não estará saciada com o marido, mas ele nem desconfia disso.

Em “Babygirl”, Kidman assume um dos papéis mais poderosos e arriscados de sua curso. Aos 57 anos, ela tira a roupa em inúmeras cenas de sexo, fica completamente vulnerável e entrega o que muitos críticos têm chamado de seu melhor trabalho em anos.

É seguro proferir, aliás, que ela era a favorita ao Mundo de Ouro de melhor atriz em filme de drama, no último domingo, depois de vencer a taça Volpi de atuação no Festival de Veneza. Mesmo passada para trás por Fernanda Torres, porém, Kidman continua sendo um dos grandes obstáculos para a indicação da brasileira ao Oscar.

“Leste filme é uma odisseia emocional e sexual”, diz a atriz em conversa virtual com jornalistas. “E a minha personagem, Romy, é uma mulher em crise. Ela conquistou muita coisa, mas ainda está em conflito em relação ao que deseja. Ela tem poder para fazer o que quer, mas ela está sendo verdadeira com ela mesma?”

Romy é a fundadora e CEO de uma empresa de tecnologia de Novidade York. Elegantérrima, ela caminha segura de si pelo escritório logo cedo, é a última a transpor e, por essas e outras, ganhou o reverência e assombro de todos ao volta –por mais que alguns homens tentem, sem sucesso, diminuí-la com seu machismo.

Quando um estagiário 30 anos mais novo, vivido por Harris Dickinson, chega à empresa, eles sentem uma atração instantânea. Nas palavras de Kidman, é uma vez que se Romy e Samuel estabelecessem uma conexão estranhamente visceral, que não tem a ver com intelecto ou idade, mas com química.

Ele começa fazendo comentários rudes e dando ordens a ela, o que a enche de libido. Logo, a relação graduação para escapadas sexuais em hotéis e no próprio escritório. “A maneira uma vez que o poder se move ao longo da trama, uma vez que é um tanto sempre em jogo, me atraiu. Está tudo muito uma mulher poderosa proferir que não quer ser poderosa em alguns momentos”, diz a atriz.

Diretora e roteirista de “Babygirl”, a holandesa Halina Reijn diz que a teoria para o filme veio ao se questionar se é verosímil amarmos todas as partes de nós mesmos, até aquelas que nos envergonham. Romy, na trama, sabe que o que faz é inverídico, seja pela traição matrimonial ou pelo compliance empresarial, mas se doa completamente ao amante e ao masoquismo que reprimiu por anos.

O que se segue é uma sequência de cenas em que ela implora, chora, grita pelo sexo de Samuel, um personagem que, uma vez que ela, também está vulnerável, carente, traumatizado. “São uma vez que dois animais brincando, numa relação viciante e tóxica, mas que de certa forma também tem poder curativo”, diz Reijn.

A risco entre consentimento e assédio é tênue, o que não afastou Kidman do projeto. Ela, finalmente, nunca foi uma atriz moralista, e construiu seu nome em Hollywood com versatilidade, vivendo, entre outras, uma cortesã em “Moulin Rouge: Paixão em Vermelho” e uma mulher que confessa ao marido ter desejado fugir com outro varão, em “De Olhos Muito Fechados”, último filme de Stanley Kubrick.

No filme, ela deu ao cinema uma das imagens mais sexy de suas divas –seu corpo esguio recostado no batente da porta, vestido por uma lingerie translúcida e contornado pelas luzes impossivelmente azuis do banheiro ao fundo, enquanto ela confronta os delírios machistas do marido. “Você acha que o único motivo para qualquer varão falar comigo é porque ele quer me manducar?”, questiona.

Reijn diz que “Babygirl” é justamente um tipo de resposta ao thriller erótico de Kubrick. E se a personagem de Kidman tivesse, de roupa, fugido do marido? As ideias de monogamia e posse estão no núcleo das duas tramas, mas agora temos a chance de vê-las pela perspectiva feminina.

Assim, Kidman se junta a outras “lobas” que, na atual temporada de prêmios, vêm colecionando elogios com papéis que desafiam a conformidade patriarcal que rege nossa sociedade e sua própria indústria. São mulheres de meia-idade uma vez que Demi Moore, de “A Substância”, e Pamela Anderson, de “The Last Showgirl”.

Na cena que ela acredita ser a que define “Babygirl”, Romy e Samuel se encontram num motel e, por 12 horas, vivenciam todas as etapas de um relacionamento. Eles se apaixonam, exploram seus corpos, ficam envergonhados, transam, se entediam e rompem, tudo movido pelas vontades dela.

Enquanto transam, a relação da protagonista com o marido vai definhando, mas ela encontra certa forma de suporte nas filhas, mulheres uma vez que ela. Não é uma vez que se o tálamo fosse infeliz, mas em determinada discussão entra a frustração que compartilha com muitas outras: “Eu nunca tive um orgasmo com você!”.

É verosímil estar num tálamo feliz quando o orgasmo só é apanhado num dos lados? Ou quando desejos e paixões são suprimidos em prol do convívio matrimonial harmonioso? “Babygirl” faz estes e outros questionamentos, ao som de uma trilha sonora também provocante, uma “cacofonia de sons”, nas palavras de Kidman.

Ao longo do filme, acordes musicais tímidos são costurados a gemidos, sussurros e arfadas pesadas, hipersexualizando ainda mais a vida de Romy, uma mulher que ao beirar os 60 anos tem a libido nas alturas, apesar de uma vida sexual ativa ser negada a muitas de sua geração, no imaginário popular.

“Nós tivemos um compositor genial [Cristobal Tapia de Veer, da trilha viral de ‘The White Lotus’], com um trabalho muito primitivo e espirituoso”, diz Reijn. “Era importante que o público entendesse que nascente filme não é um documentário, que é uma fábula sexual. E que em meio ao drama de ‘Babygirl’, também se pode rir e permanecer excitado.”

Folha

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