Um dos cinemas mais charmosos da cidade de São Paulo é o Belas Artes, que hoje é chamado de REAG Belas Artes, e nasceu na dez de 1960. A programação sempre foi dedicada à variedade, principalmente sob o olhar feminino, quando Barbara Sturm cuidava dos filmes que eram exibidos lá.
Envolvida na sétima arte desde pequena, Sturm se mudou de Campinas, no interno paulista, para São Paulo e passou a trabalhar com seu pai, André Sturm —ex-secretário da Cultura da cidade da capital—, que possuía uma distribuidora de filmes.
Sua trajetória no cinema começou influenciada por sua mãe, Alexandra Paioli, que sempre nutriu uma paixão pelo audiovisual e pela arte.
Desde gaiato, Sturm tinha contato com pintoras e escultoras, entre suas tias e avó, o que a proporcionou o privilégio de ter aproximação à arte desde cedo, podendo testar e produzir sem as formalidades associadas a nascente universo.
“Aos 14 anos, tive a oportunidade de participar de alguns festivais [de cinema], mesmo que em férias da escola. Gostei muito dessa experiência. Lembro principalmente de ver ao filme ‘2046’, de Wong Kar Wai. Fiquei maravilhada, pensando ‘porquê alguém pode produzir um tanto assim?'”, diz.
“Foi um momento transformador para mim, perceber a sensibilidade com que ele, um varão chinês, abordou questões femininas, desafiando tantos preconceitos e estereótipos daquela estação, nos anos 2000. Isso me fez perceber que o cinema era meu caminho”, afirma a produtora.
Sturm estudava voga com enfoque mercantil, o que a fez olhar para as coisas com uma abordagem mais voltada para o negócio. “Depois de um tempo, percebi que precisava seguir meu verdadeiro libido, fazer cinema”, conta.
Enquanto trabalhava porquê diretora de aquisições na Pandora e na programação do Cine Belas Artes, ela tinha a vontade de procurar mais filmes dirigidos por mulheres ou com histórias sobre mulheres.
“A maioria das pessoas com quem eu lidava no meio dos programadores de cinema, tanto independentes quanto comerciais, eram homens muito mais velhos. Isso me motivou a desenvolver uma abordagem dissemelhante, pois sabia que precisava ser única”, lembra.
A produtora buscava esse viés de variedade em suas aquisições. Além de visibilidade feminina, ela buscava dar destaque para outros mercados cinematográficos, porquê o do leste asiático.
Dentre produções de que participou do lançamento, há “Tomboy”, de 2011, segundo filme de Céline Sciamma —que há cinco anos se tornou ganhadora do prêmio de melhor roteiro em Cannes por “Retrato de uma Jovem em Chamas”—; “A Visitante Francesa”, de 2012, de Hong Sang-Soo; “Espuma dos Dias”, de 2013, de Michel Gondry; “Que Horas Ela Volta?”, de 2015, de Anna Muylaert, um dos maiores sucessos do cinema vernáculo, entre outros.
Em 2017, Sturm também assumiu a curadoria e supervisão de projetos na Gavinha Studios, que cria, desenvolve, produz e distribui conteúdos audiovisuais.
Durante sua trajetória profissional, ela enfrentou um envolvente predominantemente masculino, mas conseguiu se ressaltar e mudar o quadro do cinema, oferecendo esteio e empoderamento outras mulheres. “É frustrante mourejar com tanto preconceito, mas estou feliz por estar nesta posição de impulsionar outras mulheres. É realmente emocionante ter a oportunidade de produzir nascente selo”, diz.
“Nunca me disseram que por ser mulher eu não poderia fazer um tanto, foi logo que fui criada”, completa. “Eu reconheço meus privilégios, sou uma pessoa otimista e persistente, sempre dei passos firmes em direção aos meus objetivos. Sei que conquistei muito, aproveitando as oportunidades para realizar meu trabalho e me realizar porquê pessoa. Ao longo do tempo, encontrei maneiras de promover mulheres, não somente diretoras, mas também atrizes. Hoje, estou mais atenta à audiência feminina, pois trabalho diretamente com produtores e público”, completa.
Ela acredita que seu trabalho une visão de mercado, paixão pela mensagem e potencial dos filmes que escolhe partilhar. Ou por outra, o compromisso em promover é evidente em cada projeto que abraça, deixando um impacto profundo no cenário cinematográfico brasílico.
Em 2024, serão lançados cinco filmes que contaram com a consultoria do Selo Elas: “A Mulher Sem Solo”, de Auritha Tabajara e Débora Mcdowell; “Nó”, de Laís Melo; “La Mamma”, dirigido por Carina Bini; “Deus é Mulher”, de Bárbara Cunha; e “O Jardim de Maria”, de Jade Rainho.
Também estão em processo de produção “Flores do Recôncavo”, da dupla Ary Rosa e Glenda Nicácio; “Tempo Meio Azul Piscina”, de Sofia Federico, ambos da Bahia; além de “Sereis Uma Só Músculos”, de Andréia Kaláboa, de Curitiba.
O Selo Elas segue investindo na pluralidade e representatividade para nascente e os próximos anos da iniciativa —que ainda se faz necessária devido à falta de oportunidades às mulheres no mercado audiovisual.
Porquê secção da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com três meses de assinatura do dedo gratuito.