Foram necessários dois tempos e a prorrogação, com recta a reviravoltas e pênalti anulado pelo VAR no último minuto, mas o Barcelona derrotou o Real Madrid na final da Despensa do Rei, e aprofundou a crise do rival.
A equipe de Hansi Flick levou a taça neste sábado (26), com vitória por 3 a 2, com gols de Pedri, Ferrán Torres e Jules Koundé no estádio Olímpico de La Cartuja, em Sevilha. Pelo Madrid, marcaram Mbappé e Tchouameni.
Com a vitória deste sábado no terceiro El Clasico da temporada, o time conquista a primeira joia da tríplice grinalda, feito que tenta perceber pela terceira vez. No momento, o time azul-grená ainda lidera o Campeonato Espanhol e está na semifinal da Champions League pela primeira vez em seis anos.
É a 32ª taça da Despensa do Rei conquistada pelo Barcelona, maior vencedor da história do torneio.
O troféu também sinaliza uma temporada surpreendente para a equipe de Flick, de elenco jovem e que teve dificuldades para assinar novos talentos, mas que vem apresentando resultados supra do esperado —a ver que rumo os aguarda nos outros dois torneios.
Do outro lado, a roteiro deste sábado é mais um prego no caixão de Carlo Ancelotti primeiro do Real Madrid. Pressionado por uma temporada complicada, apesar de descrever com elenco galáctico, o treinador vem enfrentando questionamentos crescentes sobre a sua permanência no time, sendo a roteiro para o Arsenal nas quartas de final da Champions, há dez dias, o ponto —até logo— mais grave da crise.
A prensa estrangeira noticia que a diretoria da equipe madrilenha pretendia calcular a situação do italiano depois a final deste sábado —ele tem contrato com o time até o meio de 2026.
Se a saída do italiano se confirmar, a seleção brasileira é um de seus prováveis destinos. O presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) não faz mistério sobre sua preferência por Ancelotti para a vaga de técnico da equipe pátrio, que está em desimpedido desde a deposição de Dorival Júnior —recém-anunciado no Corinthians— em março.
O jogo
O Barcelona dominou todo o primeiro tempo, mantendo a posse de esfera e o controle do ritmo da partida, com os adversários tendo dificuldades em engatar contra-ataques.
Aos 28 minutos, Pedri enviou passe longo para Lamine Yamal na ponta direita. O jovem espanhol carregou a esfera para dentro e mandou um passe para o meio do campo, que reencontrou o meio-campista na meia lua. Pedri chutou possante, sem chances de resguardo para o goleiro Courtois.
Em seguida o pausa, os merengues voltaram ao campo com o craque gálico Kylian Mbappé no lugar do brasiliano Rodrygo. Ainda no início da segunda lanço, Ancelotti fez mais duas mudanças, trazendo Modric e Arda Guller no lugar de Lucas Vásquez e Ceballos.
As mudanças energizaram a equipe merengue, que recobrou o controle da partida dos pés dos rivais catalães. Em seguida uma roubada de esfera do inglês Bellingham, Mbappé avançou pelo campo opoente até ser parado por De Jong na ingresso da superfície. O próprio gálico bateu a cobrança, baixa e no cantinho do goleiro Szczesny, empatando a partida aos 24 minutos.
O Real não desacelerou. Com 31 minutos no relógio, Tchouameni cabeceou sozinho numa cobrança de escanteio, colocando o time primeiro no placar.
Depois do choque, o Barcelona reacordou e voltou a pressionar. Sete minutos depois ceder o segundo gol, Yamal fez passe para Ferrán Torres entre o zagueiro Rüdiger e o goleiro Courtois. O espanhol precisou unicamente repuxar a esfera para o gol vazio.
Com a prorrogação se aproximando, o jogo foi ficando mais caótico. No último minuto dos seis de acréscimos, o juiz Ricardo De Burgos Bengoechea apontou pênalti de Asencio em Raphinha. Checagem do louvado de vídeo, porém, não indicou toque do zagueiro, e o brasiliano, desvanecido na partida, levou um cartão amarelo.
Na prorrogação, as melhores chances foram criadas pelo Barcelona. Torres teve um chuto para fora e um gol anulado por impedimento. Fermín mandou chuto por cima do travessão.
Faltando dez minutos para o termo da prorrogação, Ancelotti colocou Endrick em campo, para a saída de Rüdiger.
O brasiliano pouco pôde fazer, porém. Cinco minutos depois de sua ingresso, o Real falhou na saída de esfera. O lateral-direito Koundé dominou e chutou possante no quina do gol, rendendo mais uma vez Courtois e selando o título do Barcelona.
O Madrid ainda teve um pênalti refutado por um impedimento. Na confusão que se seguiu, Rüdiger e Lucas Vásquez receberam cartões vermelhos do banco, depois membros da equipe merengue arremessarem objetos contra o louvado.
Os campeões terão poucos dias para se restabelecer: na quarta (30), encaram a Inter de Milão na primeira perna das semifinais da Champions League.
Louvado chorou na véspera
Na sexta (25), em entrevista à prensa, o louvado Ricardo De Burgos Bengoechea denunciou entre lágrimas as pressões constantes por segmento da televisão solene do Real Madrid e as consequências para sua família.
O louvado se referia a uma compilação transmitida pelo conduto Real Madrid TV com supostos erros seus em decisões que o clube merengue acredita terem sido prejudiciais. Bengoechea relatou que o fruto sofre bullying por motivo da publicação.
“Quando seu fruto vai para a escola e volta chorando porque outras crianças dizem que o pai dele é ladrão, é muito difícil. O que eu faço no meu caso é tentar educar meu fruto para dizer-lhe que o pai dele é honesto, supra de tudo, honesto. Que se engana, uma vez que qualquer esportista. No dia em que eu trespassar daqui, quero que meu fruto tenha orgulho do pai e da arbitragem. O que muitos dos meus companheiros de equipe estão passando é injusto”, afirmou com a voz embargada pelas lágrimas.
A Real Madrid TV produz esse tipo de vídeo toda semana para desacreditar os árbitros das próximas partidas do seu time.
Em resposta, a equipe pediu a substituição do louvado principal e se negou a comparecer à entrevista coletiva e a um jantar solene. Diante de rumores de que abriria mão da final, o clube madrilenho publicou um enviado afirmando que não deixaria de jogar.