Bbb 24: Globo Precisa Do Reality Com Novelas Em Crise

BBB 24: Globo precisa do reality com novelas em crise – 07/01/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O Big Brother Brasil está de rostro novidade para reconquistar seu público idoso, firmar poder frente ao mercado publicitário e contornar uma crise vivida pela TV Orbe. É o que indicam as várias reformas anunciadas para a 24ª edição do reality, que foi de triunfo a pedra no sapato em dois anos.

O BBB do ano pretérito registrou a pior audiência da história do programa, com uma média de 18,7 pontos na Grande São Paulo, equivalentes a 3,87 milhões de telespectadores. Foram quase dez pontos a menos do que a média de 2021, quando a vitória da paraibana Juliette Freire parou o Brasil.

A novidade edição do programa, que estreia nesta segunda-feira com 26 participantes —o maior elenco da história, entre anônimos e celebridades—, tem a missão de contornar a crise da queda de audiência, uma vez que um fracasso no BBB poderia simbolizar um rombo na receita da Orbe.

A emissora tem o reality show uma vez que um de seus principais pilares financeiros para a programação de boa secção do ano, afirma Mauricio Stycer, jornalista especializado na cobertura de televisão e colunista da Ilustrada. Para se ter teoria, esta edição já ultrapassou a morada do R$ 1 bilhão com publicidade.

As novelas, antes a penosa dos ovos de ouro da emissora, vão de mal a pior. Entre as que estão em exibição, “Elas por Elas” tem registrado 16 pontos de audiência na Grande São Paulo, um recorde negativo para a tira das seis, e “Fuzuê” é o título de menor audiência da tira das sete em uma dez.

Os últimos folhetins, com exceção de “Pantanal” e de “Vai Na Fé”, também tiveram números ruins. “Travessia”, trama de Gloria Perez que antecedeu “Terreno e Paixão”, teve capítulos que registraram a pior audiência da história da emissora para uma romance das nove.

É neste cenário que o BBB virou a principal vitrine publicitária da Orbe. É difícil ver um incidente que não exiba entre duas e três ações publicitárias que forçam os participantes a virarem garotos-propagandas das marcas.

“A Orbe chegou ao ponto contra-senso, e digo uma vez que gabo, de patrocinar até a ressaca dos caras depois das festas. É genial”, diz Chico Barney, jornalista especializado na cobertura de reality shows, lembrando o patrocínio de um popular remédio para sanar os excessos das bebedeiras a ações dos programas.

E o BBB é um resultado barato, na visão dos especialistas. Levar duas dezenas de pessoas a uma morada sintético por três meses sai mais em conta do que apostar às escuras numa romance ou numa série, que demandam cidades cenográficas grandiosas e a contratação de atores com salários que, somados, ultrapassam os R$ 3 milhões que podem ser dados a quem chega à final do reality.

A Orbe fechou contratos milionários com empresas uma vez que McDonald’s, Amstel e Mercado Livre para esta edição. A quota publicitária mais rostro custou R$ 114 milhões, num consonância que garante exposição da marca em todas as mídias do programa.

Mas, para isso, a emissora faz mudanças profundas na dinâmica do jogo. A maior delas foi anunciada em agosto, mesma quadra em que a empresa vende o programa para o mercado publicitário, segundo Mauricio Stycer

A baixa audiência, dizem os especialistas, se deve a uma parcela de espectadores que não estava vendo mais seus desejos representados na telinha. Em 2021, os fãs de Juliette, a vencedora da edição, fizeram com que o programa perdesse um dos participantes mais queridos do público, o economista Gil do Vigor, que havia brigado com ela dias antes da final.

Aconteceu alguma coisa semelhante no ano retrasado, quando o tropa de fãs do ator Arthur Aguiar se mobilizou para fazer com que ele chegasse ao pódio, ainda que o participante não fosse o predilecto de muitos. É uma jacente que se repetiu com os admiradores da vencedora do ano pretérito, Amanda Meirelles, que estava longe de oprimir a maioria.

“As torcidas organizadas sequestraram o BBB nos últimos três anos, e isso vinha tendo um efeito muito negativo”, afirma Chico Barney. “São vários grupos de centenas de pessoas organizadas 24 horas por dia, brigando na internet. Quando uma torcida monopoliza o jogo, enfraquece o programa, porque tira o telespectador mais ocasional da jogada.”

A Orbe, diz Barney, tem demonstrado um libido de se conectar de novo com o testemunha médio do programa, que assiste a bel-prazer, sentado no sofá de morada, sem fazer do BBB a coisa mais importante de sua vida.

É por motivo disso, diz ele, que a emissora mudou o esquema de votação. Pela primeira vez, os votos serão computados a partir de um sistema duplo. No esquema tradicional, agora chamado de “voto da torcida”, cada pessoa pode votar quantas vezes quiser. No outro, é provável dar exclusivamente um voto por CPF. O resultado será calculado a partir da média ponderada dos formatos.

Na prática, deve permanecer mais difícil que os fãs de um participante se mobilizem em mutirões que atravessavam dias e noites votando sem parar, o que acaba com o efeito surpresa do jogo e impõe sua vontade à de um público que é maior, mas menos engajado.

Outrossim, pessoas com menos de 16 anos, que costumam ter mais tempo livre, devem pedir autorização de um adulto antes de votar, o que deve impedir que crianças e adolescentes controlem os rumos do jogo.

Apesar das mudanças, Rodrigo Dourado, um dos diretores do programa, afirma que as novidades não visam deleitar a um nicho de espectadores. “O voto único vai ser importante para contemplar o público que quer sentar, observar ao programa e se sentir empoderado. Mas o voto da torcida também é importante. Não podemos transfixar mão da galera engajada”, diz.

Veste é que as votações têm representado conflitos para a emissora. As redes sociais foram tomadas nos últimos anos pela suspeita de que fãs teriam usado robôs para fraudar o resultado do programa. Ao ser questionado sobre o matéria, Dourado foi interrompido por José Bonifácio de Oliveira, o Boninho, chefão do BBB e do gênero de variedades na emissora, que não participava da entrevista coletiva.

“Não tem robô. A gente não pode descrever o que fazemos porque estaríamos dando chance de as pessoas entenderem uma vez que é. Mas trabalhamos inclusive na deep web, para você entender o nível de desvelo. Não existe robô, nunca existiu nem vai viver. É impossível. Temos até hacker trabalhando conosco”, afirmou.

Foi Boninho quem também afirmou, na Comic Con Experience, em dezembro, ter perguntado aos candidatos se eles estavam com o nome sujo durante o processo de seleção. “O público pediu, e a gente vai trazer um BBB mais popular.”

Esta foi outra indicação de que o BBB quer voltar aos seus primórdios, também com a escolha dos participantes. Pela primeira vez em cinco anos, as celebridades representam exclusivamente um terço do elenco, e não metade, uma vez que vinha sendo.

O diretor não mentiu. Quase todos disseram estar passando por dificuldades financeiras ao se apresentarem ao público. O baiano Lucas Pizane disse ser “pé rapado” e que deve aluguel. O catarinense Maycon Cosmer se definiu uma vez que “tia da merenda” e afirmou não ser preciso se formar em medicina para ser feliz.

Há ainda a operadora de caixa Leidy Elin, que fez sucesso nas redes ao proferir que está pouco interessada em renome e que só quer saber do prêmio para ter firmeza financeira. A paulista Beatriz dos Santos também gerou burburinho ao declarar que já trabalhou uma vez que camelô e que passou a vida fugindo de fiscais.

Com um elenco referto de “gente uma vez que a gente”, não resta dúvidas de que a Orbe está mesmo preocupada em se reconectar com o povo.

Colaborou Gabriel Vaquer

O jornalista viajou a invitação da TV Orbe

Folha

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