Bbb é Interesse Nacional Ou Acordo De Páginas De Fofoca?

BBB é interesse nacional ou acordo de páginas de fofoca? – 04/01/2024 – Djamila Ribeiro

Celebridades Cultura

Vai iniciar o Big Brother Brasil. O programa estreia no dia 8 de janeiro e promete muitas postagens nas redes sociais.

Mesmo a pessoa que não gosta do programa ou nem sequer tem o hábito de vincular a televisão, mas possui uma conta nas redes sociais, terá relevantes chances de, em qualquer momento, ser impactada com a notícia sobre quem será o participante no paredão da vez, com o que a participante “X” ou “Y” teria feito de incorrecto ou com a “polêmica” decorrente de qualquer bate-papo no programa.

Essa disseminação de informações sobre o BBB poderia ser interpretada porquê um genuíno e prioritário interesse vernáculo.

Mas uma estudo mais atenta sobre as empresas de “marketing do dedo” sugere que há um alinhamento de teor feito para páginas de entretenimento e pessoas “influencers” postarem sobre o matéria —com imagens e textos de legenda similares, gerando uma prisão sintético de viralização, sem que o público tenha sido informado de forma clara sobre a operação desse mecanismo.

As empresas de “marketing de influência” recorrem à justificativa de que não interferem no teor do grupo que agencia, mas tão somente

conecta agenciados às marcas, fazendo as vezes de departamento mercantil. Essa justificativa, porém, não se sustenta por várias razões. A primeira já assinalada: a coordenação de temas e postagens dentro de uma mesma vaga indica uma posição hierárquica responsável por essa coesão.

Uma justificativa dessa natureza se sustentaria se todas as vezes que uma página de entretenimento ou uma pessoa influencer —vinculados a uma empresa de “marketing”— postasse sobre determinado evento, programa ou resultado, essa postagem viesse acompanhada de informação ao usuário da natureza do teor—tais porquê “publi”, “teor patrocinado pela empresa ‘X’”, “essa postagem integra os serviços prestados pela empresa de marketing ‘Y’ para a empresa ‘Z’” etc.

Mas, não é o que vem acontecendo nos últimos anos. Há muito não dito na mistura entre temas fabricados e influencers, que tanto são reprodutores da prisão de viralização porquê são agenciados para integrar o resultado porquê secção do concórdia —por exemplo, uma edição do BBB emplaca diversos influencers porquê comentadores e outros porquê integrantes do programa. E emplaca, ainda, serviços de páginas que noticiam o programa várias vezes por dia.

Argumentamos na última poste que essas atividades de notícia de fofoca são atividades de informação. Um ponto relevante é que, mesmo se estivéssemos tratando cá unicamente de atividades de “marketing”, porquê se proclamam, há uma questão delicada de consumo posta, pois a pessoa consumidora, claro prioritário da campanha, não deve ser levada a erro sobre o que está consumindo.

Isso pode ocorrer quando acordos comerciais que envolvem uma notícia supostamente trivial somente é visível por quem tem um conhecimento sobre a existência dos acordos em si, enquanto deveriam ser visíveis para qualquer pessoa.

Ou seja, na melhor das hipóteses, a atual prática de influência nas redes sociais tem o potencial de melindrar a lógica mercantil. E as agências de direitos do consumidor e de regulação de publicidade precisam estar mais atentas.

Entendo que a carteira de notícias e engajamento complexifica a mera atividade de marketing, sobretudo porque páginas de entretenimento se propõem a noticiar fatos, além de reproduzirem notícias veiculadas por outros veículos. Da Guerra da Ucrânia a Jéssica Canedo (in memoriam) porquê a suposta novidade “affair” de Whindersson Nunes, a atividade tem ido além de conteúdos patrocinados sem a devida sinalização ao consumidor.

Isso nos leva a entender que empresas de “marketing de influência” ou “marketing do dedo”, que atuam dessa forma, precisam ser consideradas porquê “grupo de notícia” também para se adequarem à verdade de concorrência com outros veículos que, por se assumirem porquê tal, são obrigados a seguir a uma série de regras do jornalismo, o que aumenta a qualidade da apuração e da notícia.

Finalmente, entender a atividade prática dessas empresas porquê grupo de notícia estabelece uma prisão de responsabilidades sobre o teor informado.

Voltarei ao BBB no próximo texto, quando vamos seguir no argumento sobre porquê a tentativa de apropriação de agendas político-sociais por secção de um marketing oculto é uma exposição perigosa que vem promovendo retrocessos. Até semana que vem!


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Folha

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