Relações afetivas podem se tornar tóxicas. A pergunta é se elas já não eram tóxicas desde o prelúdios. Dois dos primeiros filmes exibidos em competição na 75ª edição do Festival de Berlim, um dos mais importantes eventos cinematográficos do mundo, “Hot Milk”, da britânica Rebecca Lenkiewicz, e “Dreams”, do mexicano Michel Franco, trazem respostas díspares, mas também drásticas para essa questão.
Adaptação do livro de Deborah Levy, ainda inédito no Brasil, “Hot Milk” é realizado e protagonizado por mulheres, em traço com a trajetória de Lenkiewicz, roteirista de longas uma vez que “Ida”, vencedor do Oscar de melhor filme internacional em 2013, “Insubordinação”, lançado em 2017, “Colette”, de 2018, e “Ela Disse”, de três anos detrás.
Em sua estreia uma vez que diretora e com uma equipe predominantemente feminina na produção, Lenkiewicz adota um caminho ousado para levar às telas a história de Sofia, uma jovem de 20 e poucos anos presa a uma pós-graduação em antropologia e que decide escoltar Rose, sua mãe, em uma viagem pelo litoral da Espanha.
Rose tem uma quesito não especificada que a mantém em cadeira de rodas, com dores e paralisias frequentes. Ela está em Almeria para buscar tratamento em uma clínica que promete trato. Na primeira consulta à qual as duas vão, o médico passa a sentimento de que, apesar de possuir sofrimento real, o mal de Rose pode ter caráter psicossomático. Sofia não se surpreende, pois a possibilidade é unicamente mais uma na rima de diagnósticos da mãe.
Rose é assim desde que Sofia era pequena, a filha conta ao médico. Ela não se lembra de outra mãe que não essa, que demanda, pede coisas a toda hora, se acostumou a ter a filha ao lado para ajudar. Soa uma vez que resignação, mas Sofia, interpretada por Emma Mackey, da série “Sex Education”, da Netflix, não está nesse estado. Quase em silêncio, ela mostra que está oportunidade para a vida, mesmo que haja riscos embutidos.
Esse quase silêncio é importante no filme de Lenkiewicz. Sem um narrador, que no livro é Sofia, é sua interação com o envolvente, seus gestos e olhares que dão conta de seus sentimentos. Tarefa complexa, oferecido que Levy é uma autora descritiva, em que até as coisas mais simples carregam significados. A narrativa acaba por ter um resultado interessante, ainda que provoque mais dúvidas do que respostas no testemunha.
Nesse envolvente às vezes inóspito, Sofia encontra Ingrid, personagem vivida por Vicky Krieps. O paixão de praia é irresistível, mas vem com um peso que a história tratará de oferecer a Sofia uma vez que uma espécie de chave para a compreensão da situação de sua mãe, encarnada à sublimidade por Fiona Shaw.
É com inteiro paixão materno que ela diz, por exemplo, que a filha não tem carteira de habilitação porque repetiu quatro vezes no examinação de direção. A discussão da submissão também ganha leitura pessoal em “Dreams”, que chega a Berlim com uma provocativa atualidade neste recomeço polêmico de Donald Trump na Moradia Branca.
Jessica Chastain, que emenda o segundo trabalho com Michel Franco, depois de “Memória”, encarna Jennifer, a filha de um benfeitor milionário da Califórnia, com diversos projetos sociais voltados para imigrantes. Um deles resolve se aventurar na perigosa travessia da fronteira entre o México e os Estados Unidos para a encontrar.
Fernando, assim uma vez que Isaac Fernández, seu tradutor, é bailarino. Sua intenção ao ir para San Francisco, além de encontrar Jennifer, é edificar curso no balé da cidade —onde, curiosamente, o ator Fernández construiu sua curso internacional na dança.
As coisas vão muito até o mundo real se apresentar a Fernando. Nos Estados Unidos, ele é um imigrante proibido, com uma namorada que talvez não o consiga encaixar em sua vida americana de executiva e herdeira.
A sinopse não dá conta do vista mais importante de “Dreams”, que é o trajo de Jennifer ser a segmento dominante da relação. É ela quem tem moeda, contatos e é capaz de encontrar o namorado, não importa onde ele se esconda. É ela também que manipula os acontecimentos para proteger aquilo que vê uma vez que paixão. Porquê em qualquer relação de domínio, com diversas consequências atreladas a seus atos.
Chastain, em entrevista à revista americana Variety, afirmou que teve de jogar todas as suas convicções pessoais fora para viver a personagem. “Ao interpretar Jennifer, não pude filtrar isso por meio de minhas próprias lentes morais, porque isso a teria suavizado.
Na história, ela é alheia à experiência do imigrante. Jennifer acredita com todo o coração que é uma boa pessoa, que ajuda as pessoas. Ela não enxerga as maneiras pelas quais pode ser cruel”, afirmou à publicação, antes da exibição do filme na Berlinale.
Com descrições cruas da quesito dos imigrantes irregulares nos Estados Unidos, o resultado de “Dreams” é “inegavelmente político”, uma vez que diz Chastain, e por isso mesmo abdica de unicamente discutir uma vez que uma relação pessoal pode degenerar ao longo do tempo.
“Hot Milk”, o filme de Rebecca Lenkiewicz, por outro lado, tem o vasqueiro valor de deixar para os espectadores qualquer tipo de julgamento a ser feito.