Beyoncé Em Cowboy Carter Parte Do Country E Reimagina Eua

Beyoncé em Cowboy Carter parte do country e reimagina EUA – 29/03/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

“Isso não é o Texas”, é a primeira frase que Beyoncé canta no single “Texas Hold ‘Em”, que apresentou o álbum “Cowboy Carter”, lançado nesta sexta-feira (29). Nascida em Houston, maior cidade do estado americano que ela cita, e criada por uma mãe de Louisiana e um pai do Alabama, ela é filha do sul dos Estados Unidos, onde o country tem suas raízes, mas em seu novo disco isso é unicamente o ponto de partida.

Tratado informalmente uma vez que o disco de música country de Beyoncé, “Cowboy Carter” nasce de um duelo. Em 2016, quando apresentou a fita “Daddy Lessons” —um country lançado em “Lemonade”, naquele ano— com as Dixie Chicks no Country Music Association Awards, ela recebeu algumas críticas por toar deslocada no gênero —ou talvez simplesmente por ser negra em um meio músico majoritariamente branco.

“Por desculpa dessa experiência, mergulhei na história da música country, e estudei nosso rico registro músico”, ela disse no expedido em que mostrou a envoltório do disco. Na foto, aliás, ela aparece sentada em um cavalo branco, com roupa de boiadeira e chapéu de cowgirl, segurando uma bandeira dos Estados Unidos que é unicamente parcialmente mostrada na imagem.

De certa forma, a bandeira americana no contexto representa a luta conceitual de Beyoncé, que leva à música uma guerra política. É uma vez que se, ao mostrar que tem estofo e habilidade para fazer música country, uma das maiores referências da população negra dos Estados Unidos também dissesse que é tão americana quanto a branquitude conservadora e rústico tão atrelada a esse estilo de música.

Para isso, ela procura inspiração nos negros que atuaram no country ao longo da história. Em “The Linda Martell Show”, apresenta a cantora que lançou um único álbum em 1970, o primeiro grande lançamento de uma negra no gênero, e teve uma curso marcada por dificuldades. Em “Texas Hold ‘Em”, conta com Rhiannon Giddens, artista negra com uma trajetória calcada no country e no blues, tocando banjo.

Essa resguardo de um country preto é imaginada na primeira secção de “Cowboy Carter”, com faixas mais acústicas. Na início, “Ameriican Requiem”, Beyoncé canta que “diziam que eu falava ‘country’ demais, mas a repudiação veio, disse que eu não era ‘country’ o suficiente”. Nas frases, ela brinca com a termo que nomeia o gênero músico, usada também uma vez que sinônimo de caipira, pessoa do interno.

Beyoncé faz sua versão de “Blackbird”, famosa música dos Beatles que Paul McCartney compôs inspirado pela luta dos negros americanos pelos direitos civis nos anos 1960. Ela labareda cantoras negras em destaque na música country atual, uma vez que Tanner Adell, Brittney Spencer, Tiera Kennedy e Reyna Roberts. Ela também grava “Jolene”, traçando conexões entre a personagem cantada no clássico de Dolly Parton e a “Becky do cabelo bom” de Beyoncé na música “Sorry”, de 2016.

Parton, aliás, aparece falando num interlúdio, assim uma vez que outro ícone country americano, Willie Nelson. Ele surge uma vez que um locutor de rádio guiando o ouvinte numa espécie de pausa, a “hora de fumar”, sendo que o cantor é divulgado uma vez que um grande padroeiro da maconha —droga cuja criminalização é responsável por grande secção das prisões de pessoas negras nos Estados Unidos.

Mas ao longo dos 80 minutos de “Cowboy Carter” o estilo músico rústico americano se torna unicamente um pretexto. Essa estética de violões e banjos vai se dissipando conforme se confunde com um cardápio sonoro tão vasto quanto a própria discografia da cantora. Beyoncé pega os ingredientes da música country, os mistura de diferentes formas e acrescenta outros temperos até que ele se torne outra coisa.

Beyoncé vai do soft-rock no estilo Fleetwood Mac de “Bodyguard” ao soul psicodélico de “Ya Ya”, com samples de “These Boots Are Made For Walking”, de Nancy Sinatra, e “Good Vibrations”, dos Beach Boys. Em “Tyrant”, propõe um trap-country —com resultado insigne, apesar de proposta semelhante, ao hit “Old Town Road”, de Lil Nas X. Em “Desert Eagle”, brinca com as palavras para fazer analogias com sexo e comida por cima de uma base de grave funkeada e enxurro de repercussão, no estilo Funkadelic.

O marco dessa mudança de rumo é a 12ª fita, “Spaghetti”. A artista abre com uma reflexão sobre gêneros musicais —fáceis de definir, mas que podem simbolizar uma prisão, uma vez que diz Linda Martell. Dali, encaixa um sample de “Aquecimento das Danadas”, funk do brasílio O Mandrake, com participação do DJ Xaropinho, e a melodia se torna um pop agudo à tendência Beyoncé, e ela encarna sua persona rapper para salivar rimas com citações ao marido, Jay-Z, e ao jogador de basquete Stephen Curry, ao manifestar que não é uma cantora convencional.

De traje, se a expectativa era ouvir a voz reluzente da ex-Destiny’s Child cantando sobre corações partidos e uma saudade do campo, temas presentes na música country americana mais mercantil, por cima de violões e banjos tradicionais, ela é parcialmente frustrada. Há canções típicas do estilo, uma vez que o dueto com Miley Cyrus em “II Most Wanted”, mas “Cowboy Carter” é mais um álbum de Beyoncé que uma obra usual de country.

Sequência conceitual de “Renaissance”, disco de 2022 em que a artista examinou a música da pista de dança, o novo trabalho é mais difuso e tem inegavelmente menos apelo pop. Distribuído em 27 faixas, é uma vez que se o novo trabalho pudesse ser dois discos —a primeira metade, com um olhar esteticamente mais conservador ao country, em que a cantora apresenta sua reivindicação racial acerca do gênero, e a segunda, esteticamente mais inventiva, em que ela chacoalha o estilo para chegar a resultados improváveis.

Se o caminho é longo —mormente em tempos de TikTok— e, por vezes, também maçante, pelo menos a chegada é mais interessante que a partida. A reta final de “Cowboy Carter”, com “II Hands II Heaven” e “Sweet Honey Bucket”, é mormente instigante, em que Beyoncé desenha um pop eletrônico com elementos do hip-hop entremeados por violões e uma temática country nas letras. “Amen”, a derradeira, traz a influência negra do gospel americano.

Se não é a obra mais inovadora ou coesa da curso de uma das maiores estrelas da música do planeta, “Cowboy Carter” também não faz Beyoncé toar cansada ou encarcerada em uma sonoridade pop e R&B que ela desenvolveu nos sete álbuns anteriores. Uma vez que “Renaissance”, mostra uma artista inquieta e disposta a transpor da zona de conforto para encarar novos desafios criativos —impostos pelos outros ou por ela mesma. Enquanto faz isso, Beyoncé também reivindica e injeta negritude na frase estética mais identificada com os brancos dos Estados Unidos. Não é pouca coisa.

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *