Bill nichols une ficção e realidade no É tudo verdade

Bill Nichols une ficção e realidade no É Tudo Verdade – 11/04/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Perseguidas pelo governo, pessoas confidenciam segredos sobre a sua sexualidade. Divididas pela Chechênia, elas vivem em um país reconhecido pela morte de LGBTs e escondem traços de sua natureza para sobreviver. Na tela, tecnologias generativas substituem o rosto dos entrevistados e os salvam de punições máximas.

Lançado em 2020, “Muito-Vindo à Chechênia” surge na mente do crítico Bill Nichols, 82 anos, que discute o uso da perceptibilidade sintético no cinema. O teórico americano descreve o conjunto das faces simuladas e vozes reais de cada personagem porquê espécie de convénio entre o público e o diretor David France. Partimos do princípio de que a linguagem do filme preserva a verdade.

Convidado internacional desta edição do É Tudo Verdade, Nichols veio ao Brasil para participar de uma palestra na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, e porquê jurado da competição internacional de longas e médias-metragens.

“Alguém poderia associar imagens monstruosas a essas pessoas. Isso seria uma distorção e os responsáveis nunca revelariam seus motivos. As imagens criadas por máquinas e algoritmos são naturalmente não verdadeiras, produzidas para parecerem reais”, afirma ele à Folha.

Reconhecido amplamente pelo estudo do documentário, o teórico já antecipava debates parecidos em seus livros, décadas antes da popularização de ferramentas porquê o ChatGPT e o Midjourney. Ele é tido porquê um dos primeiros autores a modernizar as investigações dessa espaço cinematográfica.

Publicado em 2001, “Introdução ao Documentário” se tornou seu título mais famoso. O livro diz ser frequente atribuirmos às produções documentais o objetivo de nos convencer sobre determinada visão da verdade. Quando isso não acontece, tendemos ao insatisfação ou à reflexão sátira.

“O objetivo da recusa é não revelar a verdade. O que inventamos a partir da IA não precisa ser necessariamente bom ou ruim. Podemos neutralizar seu poder decepcionante e considerar sua inventividade”, diz o crítico. Seja por possíveis narradores ou semelhanças no modo de se estruturar o primórdio, meio e término de projetos específicos, a obra ainda reconhece um mundo generalidade à ficção e aos documentários.

“Não vejo dano em ficcionalizar, mesmo no universo documental. Um documentário procura simbolizar um tanto. Ele intermedeia verdades atribuídas por autores e espectadores. Essa verdade não está lá fora. Ela dialoga com nossas memórias, nosso interno e está supra de qualquer oferecido integral.”

Em sua vinda à capital paulista, Nichols exemplifica o gavinha entre a plateia e os realizadores pelos projetos a que assistiu nesta seleção do festival. Entre eles, descreve os longos e estáticos enquadramentos de “A Invasão”, que filma agitações sociais pelas ruas da Ucrânia. Com todos os elementos em foco na câmera, os planos abertos convidam quem os vê a escolher o que priorizar.

Em outro filme, conflitos ambientais de uma zona de preservação no Quênia dividem espaço com os anseios de um varão que deseja se tornar jornalista. “Em Procura de Amina” aproxima o universo pessoal de um jovem movido pela morte do pai de um contexto maior guiado por transformações climáticas.

“Uma das minhas colegas de júri [a cineasta brasileira Eliza Capai] se encontrou ao fazer filmes sobre a maternidade, os direitos reprodutivos das mulheres e suas lutas. Essa é a verdade que ela encontrou, movida por uma paixão interno. Encontrar essa voz é o primeiro passo para mourejar com filmes e imagens”, diz o jornalista.

Capai venceu a competição vernáculo do É Tudo Verdade em 2023, quando lançou o seu “Incompatível com a Vida”. O filme secção de gravações da sua gravidez, em que descobriu uma má formação em seu feto, e propõe um mosaico com outras mulheres e situações semelhantes.

Durante o evento na Cinemateca, Nichols resgatou ideais de outras de suas publicações, porquê “Speaking Truths with Film: Evidence, Ethics, Politics in Documentary”. No livro, ele pensa o documentário enquanto combinação de questões éticas, culturais e políticas, sempre em transformação, e a concretude de imagens visuais.

Frente à rapidez cada vez maior na reprodução de fotos e vídeos, ele pensa num processo que substitui custos de um cinema analógico e democratiza o registro de perspectivas particulares, apesar da dificuldade de se mourejar com o enorme transitório de teor.

“O do dedo permite que muitos produzam seus vídeos. Plataformas porquê o YouTube e o TikTok podem metamorfosear nossas vidas em uma espécie de filme. É um novo modo de vida que não sabemos onde vai parar. Parece que hoje precisamos reagir a tudo instantaneamente”, diz Nichols.

Ele também acredita que a pandemia deu tempo à ressignificação de arquivos e materiais pessoais e cita “Puberdade” para dimensionar efeitos do trânsito entre a verdade e o mundo virtual.

“Na série, um jovem comete um assassínio por conta de uma cultura do dedo em que passa a confiar. Isso revela o quão integradas à mídia estão nossas interações atuais. É porquê se a internet fosse o ‘Velho Oeste’ dos filmes antigos, onde não existem nenhum tipo de regra e tudo pode intercorrer.”

Folha

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