Camisetas de time de futebol ou de basquete já não são mais itens exclusivos do guarda-roupa dos homens. Na esteira de uma tendência sem gênero, vem a tendência da tendência “blokecore”, que combina peças de roupas esportivas com um estilo street style ou casual.
A termo é a junção da gíria inglesa “bloke” (mano, em português) e da termo “core”, que pode ser traduzida porquê origem.
Segundo o Google Trends, o interesse de buscas pelo termo vem crescendo desde 2022 ao volta do mundo e nos últimos 12 meses atingiu o pico de pesquisas. As buscas por “blokecore” também dobraram em 2023 em relação ao ano anterior.
No Pinterest, rede social para inspirações e tendências, as buscas por “blokecore” aumentaram 149% no último ano. Ou por outra, no mesmo período, outros assuntos relacionados a esse estilo, porquê “look com camiseta oversized”, cresceram 520%, “looks com camisa de time feminino” aumentaram 162% e “estilo sportlife feminino” aumentou 721%.
Para a estilista e consultora de imagem Janaina Souza, o “blokecore” apresenta uma tendência despojada e autêntica e reflete um estilo que valoriza o conforto e a praticidade. Além de se relacionar com outras tendências da tendência, porquê o streetwear, por meio de uma abordagem que mistura elementos do sportswear e do casual wear.
“O ‘blokecore’ se conecta à estética ‘high-low,’ que combina peças simples com outras mais estruturadas, criando um contraste interessante e dinâmico no visual. Essa abordagem permite uma maior versatilidade e frase criativa, enquanto ainda mantém uma estética urbana e despojada”, diz Souza.
O estilista e professor da Faap, Lorenzo Merlino, diz que esse estilo não é novidade. Porquê exemplo, ele cita quando a mito do tênis Serena Williams compareceu ao Met Gala em 2019 usando um tênis da marca Nike com um vestido Versace.
“Foi uma quebra de paradigma porque não era uma coisa que se usava, tênis de corrida com vestido de noite, e isso meio que se incorporou em nosso cotidiano. Muitas mulheres hoje usam essa combinação, muitas coleções apresentam isso de vários jeitos diferentes”, diz Merlino.
Até mesmo a grife espanhola Balenciaga entrou nessa tendência e lançou a coleção Football Series 2024, na qual as camisas oversized com logotipos remetem à estética das camisas de futebol.
Esta não foi a primeira vez. Na coleção de inverno de 2020, o diretor criativo Demna Gvasalia lançou peças que remetiam a essa estética, porquê uma camiseta que na idade chegou a custar quase R$ 4.000.
Para Merlino, a principal particularidade do “blokecore” é essa iconoclastia em quebrar o código usual da roupa. “Por exemplo, o paetê, a lantejoula e o cintilação, há dez anos, eram elementos praticamente exclusivos das roupas de sarau, de ocasiões especiais. Hoje em dia, é geral ver mulheres e até homens nas ruas usando roupas que têm cintilação”, afirma o professor.
A protótipo e estudante de recta Julia Abreu, 23, conheceu o “blokecore” quando viu uma foto da protótipo Alessandra Ambrosio no desfile da Paris Fashion Week no final de fevereiro, onde ela usava uma camiseta do Grêmio em uma publicidade da Brahma.
Para entrar nessa tendência, Abreu indica usar uma calça missão ou jeans e tênis, que são indispensáveis. Ou por outra, ela fala sobre complementar o look com uma bolsa e desmandar dos acessórios.
“Não existe unicamente um protótipo específico. Pode-se usar uma saia longa. Esses dias, inclusive, fui para o estádio de saia longa. Esse estilo é um pouco que qualquer um consegue montar com base na sua personalidade mesmo”, afirma.
A criadora de teor Mia Roble, 24, posta vídeos dos seus looks no TikTok e conheceu o estilo depois de uma viagem à Barcelona. Torcedora do Flamengo, ela criou um look com essa tendência usando a camiseta do seu time do coração.
Para Roble, esse estilo também é muito simples de montar e ela indica que, se a pessoa quer um look mais despojado, pode apostar em uma calça jeans mais larga e completar com um tênis. “Se você quer introduzir esse estilo, você vai vendo referências e o que combina com você. Pode apostar em peças que já tem no seu guarda-roupa”, diz.
Para a estilista e consultora de imagem Janaina Souza, ao adotar uma estética sem gênero, o “blokecore” promove uma tendência que transcende as categorias de gênero e abre espaço para maior multiplicidade e representatividade na tendência. Isso permite que as pessoas se sintam confortáveis e confiantes em sua própria pele, independentemente de normas sociais.