O financiamento de cooperativas do Brasil terá mais recursos no setor agropecuário. O Banco Vernáculo de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou, nesta sexta-feira (2), na sua sede no meio do Rio de Janeiro, mudanças na traço de crédito Procapcred, com o acréscimo de R$ 2 bilhões no orçamento, além da ampliação da traço de crédito em dólar e da captação de R$ 808 milhões em Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) que vão substanciar as condições do BNDES para financiar o setor em situações mais favoráveis.
Na traço Procapcred, criada em 2006 para fortalecer a estrutura patrimonial das cooperativas de crédito, junto ao acréscimo de recursos, o BNDES estendeu a vigência até o término de 2025. Nessa traço de crédito, o financiamento é oferecido diretamente aos associados para obtenção de cotas-partes do capital de cooperativas singulares de crédito.
“Esse recurso multiplica a capacidade em aproximadamente em nove vezes, ou seja, a cada R$ 1 bilhão que o BNDES está colocando está viabilizando R$ 9 bilhões em crédito, que é crédito direto para o capital”, observou o diretor Financeiro e de Crédito Do dedo para MPMEs [micro, pequenas e médias empresas] do BNDES, Alexandre Abreu.
Outra mudança foi no rol de clientes atendidos, que anteriormente era restrito às pessoas jurídicas cooperadas e pessoas físicas caracterizadas uma vez que cooperados autônomos e agora, chegou a qualquer cooperado pessoa física de uma cooperativa de crédito ou de banco cooperativo, desde que proveniente residente e domiciliada no Brasil.
O limite de financiamento de R$ 30 milénio passou para até R$ 100 milénio por cliente a cada dois anos, com redução de taxas e distensão de prazos, sendo que o foco está principalmente em cooperados das regiões Setentrião e Nordeste. O presidente do BNDES disse que, por pretexto da influência dos imigrantes europeus, o sistema de cooperativas é mais procurado na região Sul e o BNDES quer que seja expandido também no setentrião e nordeste.
Para clientes dessas regiões, a remuneração básica do BNDES caiu de 1,1% ao ano (a.a.) para 0,8% a.a., e o prazo supremo do financiamento pode ser de até 15 anos. Nas demais regiões, o prazo limite foi estendido de 10 anos para 12 anos e a carência do programa para todos os financiamentos permaneceu em até dois anos.
Dólar
A traço em dólar é destinada a agricultores e pecuaristas que exportam. Abreu disse que essa modalidade saiu com juros mais baratos em torno de 7,9% ao ano. Lançada em abril do ano pretérito na feira Agrishow, no valor equivalente a R$ 2 bilhões, teve uma suplementação do mesmo valor em maio.
Com a traço é provável fazer investimento, custeio e armazenagem. Em janeiro deste ano, o BNDES fez novidade suplementação de R$ 4 bilhões. “Ela está disponível imediatamente e esperamos ajudar bastante nas novas operações do setor que está sempre muito demandante de crédito”, disse o diretor Abreu.
O ministro da Cultivação, Carlos Fávaro, que participou do pregão na sede do BNDES, no meio do Rio, comemorou a parceria da sua pasta com o BNDES e o Ministério da Rancho para a liberação de recursos para o setor agropecuário. “Veio o novo Projecto Safra 2023/2024, Projecto Safra recorde e o BNDES mais uma vez o grande parceiro, o Fernando Haddad e toda a equipe do Ministério da Rancho, taxas de juros, se não conseguimos reduzir muito as taxas de juros conseguimos linhas de crédito importantes com parceria do BNDES está aí o maior Projecto Safra acontecendo”, indicou.
“Estamos pensando em mais linhas de crédito e em mais oportunidades para que nós não deixemos nenhum produtor dormir na incerteza de uma vez que vai conduzir o horizonte da sua atividade”, acrescentou o ministro.
Recursos para cooperativas
De 2022 para 2023, o BNDES registrou um prolongamento de 63% no totalidade de desembolsos para as cooperativas. Em 2022, foram R$ 14,6 bilhões, enquanto no ano pretérito chegaram a R$ 23,8 bilhões, sendo que R$ 17,1 bilhões, ou 72% do totalidade foram liberados para micro e pequenas empresas e micro e pequenos produtores rurais. O BNDES repassa os recursos por meio de nove bancos de cooperativas e nove cooperativas de crédito.
Para o diretor Alexandre Abreu, nos últimos tempos houve uma revolução silenciosa no mercado financeiro onde as cooperativas de crédito e os bancos de cooperativas saem de uma posição de aproximadamente 3% do sistema financeiro pátrio em 2019 para praticamente 7% no ano pretérito. Entre os micro, pequeno e médio lavrador, estima-se que o número chega a 30% do sistema.
Segundo a Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), atualmente existem no Brasil 4,6 milénio cooperativas, 20 milhões de cooperados e 520 milénio empregados. “Se não é o maior, é um dos maiores empregadores do Brasil”, disse o diretor do BNDES.
No cooperativismo de crédito e bancos cooperativos estão registradas no Banco Médio 729 cooperativas de crédito, com 15 milhões de cooperados e uma carteira de crédito de R$ 360 bilhões, que segundo o diretor Abreu, representa mais da metade da carteira do BNDES. Segundo ele, essa movimentação provoca a desconcentração bancária.
O diretor de regulação do Banco Médio, Otávio Damaso, diz que a questão da cooperativa de crédito foi incluída pela instituição na Agenda BC#, que fortaleceu a presença da instituição uma vez que regulador do segmento. “Dentro dessa iniciativa do Banco Médio que colocou o cooperativismo uma vez que um dos pilares da sua agenda, a gente vê um segmento que olha pra alguns gaps que existem, mas ele vai lá e preenche esse gap com muita maestria”, apontou o diretor de regulação do Banco Médio, Otávio Damaso, também na apresentação das medidas do BNDES.
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, destacou a valimento que o Banco Médio dá ao cooperativismo. “Nessa agenda do cooperativismo, a diretoria do Banco Médio tem muito compromisso, ajudou a aprimorar, melhorou a regulação e o sistema de crédito é regulado e fiscalizado com o mesmo rigor das outras instituições”, disse, destacando que esse papel do Banco Médio é fundamental para sustentabilidade para esta experiência.
Na avaliação do presidente da OCB, Márcio Lopes de Freitas, o cooperativismo tem um diferencial muito grande quando se compara a outras instituições. “A sua capacidade de gerar prosperidade. Recurso que vai para a cooperativa ou que a cooperativa opera, gera desenvolvimento lugar, puxa a locomotiva de desenvolvimento do cluster regional. Onde tem a presença de cooperativa, e não está fraca essa presença no Brasil, não só na espaço do crédito, mas em todas as áreas, o índice do IDH é muito superior, porque a quando a cooperativa gera resultado, gera para o seu cooperado e para a própria cooperativa e o recurso fica na mesma região”, apontou.