Boni, Ex Diretor Da Globo, Revela Orgulho E Mágoa Em Livro

Boni, ex-diretor da Globo, revela orgulho e mágoa em livro – 08/08/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Um dos criadores da televisão brasileira oportunidade tal porquê a conhecemos hoje, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho anunciou sua aposentadoria em junho. Aos 88 anos (faz natalício em 30 de novembro), ele se afastou formalmente do dia a dia da TV Vanguarda, emissora de sua propriedade, afiliada da Orbe na região do Vale do Paraíba, em São Paulo.

Na sequência, lançou “O Lado B de Boni”, um livro de memórias talhado a apresentar uma versão definitiva sobre o que criou, viveu e testemunhou ao longo de mais de 70 anos de curso.


A tarefa de comentar esta obra não é zero simples porque se trata do terceiro livro de memórias que Boni publica no pausa de 13 anos.

A memorialística teve início com “O Livro do Boni”, publicado em 2011, no qual ele descreve a sua trajetória, da puerícia à saída da Orbe. Em 2015, publicou “Unidos do Outro Mundo”, em que se imagina morto e conversa, em outra dimensão, com parentes, amigos e colegas que já não estão entre nós.

Por termo, no recém-lançado “O Lado B de Boni”, ele revê episódios narrados nos dois livros anteriores, acrescenta detalhes sobre personagens pouco citados antes, altera versões de histórias e, de braços abertos, faz elogios a centenas de pessoas (parei de relatar em 245) com quem conviveu profissionalmente.

“É basicamente um livro de congratulação aos sonhadores que fizeram a televisão brasileira ser reconhecida porquê uma das melhores do mundo”, escreve.

Não é verosímil compreender inteiramente nascente último livro sem voltar, eventualmente, aos dois primeiros. Observando porquê Boni corrigiu, reescreveu, acrescentou ou apagou determinados fatos ou personagens ajuda a entender melhor o responsável. Para facilitar a vida do leitor, vou me referir aos primeiros dois livros porquê Boni 1 e Boni 2.

Do estágio, ainda juvenil, na rádio Roquete Pinto, sob a supervisão de Dias Gomes, até a chegada na Orbe, em 1967, Boni acumulou inúmeras experiências em rádios e em agências de publicidade. Também passou por emissoras de televisão, porquê a TV Paulista, Excelsior e Tupi, quase sempre em funções que tinham mais relação com a forma do que com o teor.

No seu último trabalho antes de rumar para a Orbe, tentou fazer da Tupi uma rede de TV integrada, de vestuário, mas não conseguiu. Mas levou esta visão para a emissora carioca e, com a ajuda do governo militar, que garantiu a tecnologia necessária, estabeleceu o via de Roberto Marítimo porquê uma rede pátrio de televisão.

Quando Boni chega ao Jardim Botânico, a Orbe ainda enfrentava a CPI que investigou a legitimidade do pacto com o grupo americano Time-Life. Em Boni 1, o tema é minimizado, porquê uma questão técnica, mas agora, no novo livro, Boni afirma que era “um contrato proibido”.

Também labareda a atenção o vestuário de Boni, somente agora, observar que a equipe que colocou a TV Orbe no ar, em 1965, era liderada majoritariamente por militares, incluindo o diretor de programação, capitão Abdon Torres. “Não sei até hoje quais influências levaram o Roberto Marítimo a se rodear de um núcleo que nunca havia atuado na televisão”, observa.

Tema dos mais sensíveis na trajetória de Boni é a destituição de Walter Clark, decidida por Roberto Marítimo, em 1977. Em suas memórias, Clark diz que se sentiu traído pelo colega e subordinado, que havia contratado dez anos antes.

Boni refuta a delação nos três livros. Em Boni 1, chega a falar de desfeita de drogas e álcool e da “vaidade sem limites” de Clark. Em Boni 2, ele diz: “Você traiu a si mesmo, Walter!” No livro atual, o tom é muito mais pacífico e Boni reconhece que também errou no incidente.

Três figuras, tratadas sem maior destaque nos dois primeiros livros, são reabilitadas em “O Lado B”. Renato Aragão, que havia merecido unicamente dois parágrafos na primeira autobiografia, agora ganha um capítulo com duas páginas.

Mais significativa ainda é a promoção que ganham Cassiano Gabus Mendes e Nilton Travesso. O primeiro “deu a partida, praticamente sozinho, na televisão brasileira”. O segundo “escreveu boa secção da história da televisão no Brasil”.


Sobre Daniel Rebento, mais uma vez venerado, Boni resume: “A verdade é que ninguém na televisão brasileira conseguiu fazer mais produtos que o Daniel, e todos diversificados e de altíssima qualidade”.

Maestro criativo, mas severo, Boni afirma que sempre agiu movido por dois princípios básicos: “Liberei as equipes para que, no processo de tentativa e acerto, não tivessem susto do erro. Mas também deixei evidente que os erros operacionais teriam tolerância zero”.

Orgulhoso, com boas razões para isso, lambe as suas muitas crias ao longo de todo o livro, sempre enfatizando o seu papel porquê fundador, idealizador, inventor e incentivador. Por outro lado, ainda hoje. lamenta que recomendações suas não tenham sido levadas em conta depois que sua influência diminuiu.

Porquê já havia reconhecido antes, Boni se orgulha até de ter oferecido orientações a Fernando Collor sobre porquê o candidato à presidente deveria se portar no debate com Lula, em 1989. “O Collor insiste que isso não aconteceu, mas há testemunhas”, escreve.

Posteriormente 31 anos, Boni foi retirado do poder na Orbe em 1998. É um incidente mal digerido até hoje, um quarto de século depois. Em Boni 1, ele reclama da forma porquê Roberto Irineu Marítimo, fruto de Roberto Marítimo, geriu a sua saída. “Combinamos que trocaríamos cartas civilizadas e, no dia seguinte, fui surpreendido com uma material vil e infame no Orbe sem a menor consideração pela taxa que dei à empresa.”

No novo livro, Roberto Irineu não é citado, mas a mágoa permanece. “Depois de 31 anos de trabalho para erigir a TV Orbe, fui barrado no dança. Ou melhor: fui expulso da sala”. Em tom de lamentação, acrescenta: “Eu não saí mal porquê Walter Clark saiu. Não fiz besteiras, nem havia brigado com ninguém”. Cita também o americano Joe Wallach, outro importante executivo da emissora. “Quando foi embora, mereceu até um grande almoço de despedida.”

Para ressarcir, lembra que quase todos os programas que criou, tanto de entretenimento quanto de jornalismo, permanecem no ar até hoje. Não é pouca coisa.

Folha

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