Bono abre coração em histórias de surrender, filme sem u2

Bono abre coração em Histórias de Surrender, filme sem U2 – 01/06/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

É geral que escritores de sucesso façam encontros com seus leitores em livrarias e bibliotecas para mostrar trechos de obras que estão lançando. Mas, quando o responsável é Bono, o vocalista da margem irlandesa U2, esse evento intimista se transforma em show e documentário.

“Bono: Histórias de ‘Surrender’” tem lançamento mundial na plataforma AppleTV+ nesta sexta (30), e o que aparece na tela é uma releitura do show que o cantor e compositor criou para propalar o livro de memórias e divagações “Surrender: 40 Músicas, Uma História”, lançado no Brasil em 2022, pela editora Intrínseca.

No volume, Bono conta episódios de sua vida e tenta relacioná-los com canções do U2. Montado com cenas de uma temporada de dez shows apresentados em abril de 2023 no Beacon Theatre, em Novidade York, o filme reproduz a estrutura do livro, alternando depoimentos do cantor com performances de músicas extraídas do repertório da margem que em 2026 completará 50 anos de formação.

Sem seus colegas habituais, Bono mostra as canções escoltado do multi-instrumentista e produtor Jacknife Lee, da violoncelista Kate Ellis e da harpista Gemma Doherty, todos irlandeses. O resultado são versões de orientação acústica que retrabalham um repertório de sucessos do U2 ao lado de canções menos famosas, além de alguns trechos de árias, com Bono se arriscando na ópera.

A performance não é zero parecida com alguns projetos de contação de histórias que outros astros de rock resolveram fazer. Entre os exemplares mais recentes está uma turnê de Bruce Springsteen na qual ele mais relembrava casos do que propriamente cantava suas músicas. Era um clima de conversa descontraída entre amigos, com zero ensaiado.

Bono é um cantor intenso no palco, melodramático, o que combina muito com as canções do U2 que nunca esconderam seu caráter de hinos para mudar o mundo. No palco do Beacon, o clima é assumidamente teatral. Bono narra tudo de modo solene, que parece seguir um roteiro e uma marcação rígida pré-estabelecida, inserindo pausas nas quais ele parece esperar o ovação do público depois do que acabou de expor. E o público aplaude.

O livro que deu origem ao projeto surpreendeu muita gente com a grande quantidade de episódios melancólicos da vida do cantor. Livro e filme são dedicados a seus pais, e há um foco intenso nas relações com a mãe que morreu quando ele era juvenil e o pai que nunca apoiou sua curso na música.

No entanto, a grande estrela das recordações de Bono é mesmo sua mulher, Ali, namorada de juvenilidade que o acompanha até hoje. Os agradecimentos a ela são recorrentes, até em excesso. A partir de um determinado momento, muita gente na plateia deve ter desejado expor a ele que a mensagem de paixão já estava transmitida e poderia mudar de tema.

Bono começa a escancarar duras passagens de vida ao iniciar o show falando do susto de morrer, sem conseguir respirar, durante uma cirurgia pela qual passou em 2016. O procedimento corrigiu um aneurisma aórtico, requisito de nascença que na maturidade se transformou em um pouco que poderia matá-lo.

Em seguida, Bono canta a primeira música, “Vertigo”, fita que abre o disco de 2004 do U2, “How to Dismantle an Atomic Bomb”. A escolha pode até ser encarada porquê uma forma de não assustar o público logo de faceta, porque esse rock rápido é talvez a melodia que mais se pareça com a versão original do U2 em verificação a todas que serão apresentadas em seguida.

São 18 músicas extraídas da curso de 15 álbuns da margem. Com a formato escolhida, as baladas soam mais interessantes nos novos arranjos. São exemplos “Miss Sarajevo” e “With or Without You”. Rocks que nas últimas décadas abalaram estruturas de arenas pelo planeta têm resultados desiguais. Cada fã pode dar seu veredito sobre versões um tanto desconstruídas de “I Will Follow”, “Pride (In the Name of Love)”, “Desire” e “Sunday Bloody Sunday”.

O diretor neozelandês Andrew Dominik, do cultuado e impecável faroeste “O Assassínio de Jesse James pelo Covarde Robert Ford” (2007), acerta a mão em enquadramentos e cortes que valorizam bastante a retrato em preto e branco.

Pode ser sentida a falta de espontaneidade de Bono na conversa com a plateia, mas há passagens poéticas muito bonitas no texto que ele preparou. E o tom melodramático que domina em muitos momentos faz uma ponte direta com a performance do vocalista nas turnês do YouTube.

É Bono abrindo seu coração, mas sem perder a aura de pop star messiânico.

Folha

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