'borderlands', Com Cate Blanchett, Tem O Pior De Hollywood

‘Borderlands’, com Cate Blanchett, tem o pior de Hollywood – 08/08/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O filme “Borderlands” é resultado do choque de forças criativas diferentes, um quadro geral na Hollywood de agora. Adaptação de uma série de jogos, ele vem na vaga dos games no cinema americano, que procura aí novas ideias de franquia.

O lado da indústria se mostra o mais potente no longa com Cate Blanchett, o que está longe de uma boa notícia. O filme é uma bagunça vestida de blockbuster, empilhando um plantel de famosos em uma trama que sofre até para se explicar. As cenas de ação, no universal um atrativo, se perdem na montagem frouxa e na obediência dos efeitos visuais digitais.

Uma rápida consulta dos bastidores explica a confusão do filme. Depois de uma dezena no desenvolvimento, o filme teve uma produção turbulenta. Só o roteiro passou por incontáveis mãos, incluindo gente uma vez que Craig Mazin, de “The Last of Us”, e Sam Levinson, de “Euphoria”.

O dano maior é que o longa passou por refilmagens sem o seu diretor, Eli Roth, que tocava outro projeto na era. O trabalho ficou a missão de Tim Miller, com um novo roteirista criando cenas para a história.

Todo o puxa e repuxa por trás dos panos está em primeiro projecto em “Borderlands”, que tem uma premissa até simples. A história envolve uma caçadora de recompensas, papel de Blanchett, que ganha a missão de descobrir a filha de um poderoso empresário. Ela viaja a seu planeta natal, Pandora, e lá acaba se unindo à pequena e a um grupo de meliantes para encontrar um portal recheado de armas poderosas.

Os problemas do filme já começam aí, porque ele se enrola para chegar nesse início. Depois de uma buraco que narra o universo da história, o longa ganha um prólogo sobre o resgate da tal rapariga, vivida por Ariana Greenblatt, de uma estação espacial. A cena termina uma gordura imensa, feita para apresentar personagens que serão reintroduzidos para a protagonista mais tarde.

Depois disso a caçadora enfim aparece e a trama avança uma vez que esperado. Ela recebe o trabalho do ricaço e vai para Pandora a contragosto, mas chegando lá a personagem fica indeciso sobre o rumo. A situação se resolve de forma hedionda —em uma narração, Blanchett resume a sua jornada para descobrir o caminho até a pequena.

Momentos uma vez que esse mostram o quanto “Borderlands” ficou na mão de seus produtores, que cá e ali abreviam a trama para torná-la assistível —e um tanto genérica. Para piorar, as poucas cenas que restam do retalhamento deixam evidente o bate-cabeça criativo, completo pela decisão de substituir o diretor para as refilmagens.

O interessante aí é o repto de saber quem faz o quê no filme, porque Eli Roth e Tim Miller têm fins parecidos em material de cinema. Ambos são tratados uma vez que cineastas doentios por trazerem ao mundo “O Albergue” e “Deadpool”, longas que se equilibram no caricato e no gore.

Se esse status levou os dois ao projeto, depois disso as diferenças são demais para o filme. Roth está mais propenso à perversidade que Miller, por sua vez um nome mais interessado em efeitos digitais —ele começou a curso no departamento. Um anula o outro, e a montagem passa a régua por cima dos dois.

A mente de um produtor pode ser muito cruel, e nisso “Borderlands” vira um filme histérico e apatetado. As cenas de ação denunciam tudo, porque mal se relacionam umas com as outras.

No início, por exemplo, uma perseguição de carros vira um show de devastação vazia, com explosões tão digitais que parecem de última hora. Já mais para frente, a fuga dos personagens de um quadrilha de psicopatas leva um peso estranho no corpo a corpo, entre tiros e murros trocados.

O elenco acompanha o desnível uma vez que pode, muitas vezes entediado. Cate Blanchett e Ariana Greenblatt ora ou outra se divertem com os papéis mais doidos, e Jack Black faz rir na voz do robô Claptrap, ícone da série. O resto vive de aparições feitas de surpresa e faceta feia, incluindo Gina Gershon e Jamie Lee Curtis, e ninguém parece contente com o filme.

Esse piloto automático de Hollywood já virou piada de outras obras algumas vezes, uma vez que no filme “Supra das Nuvens”, de 2014, e na minissérie “Irma Vep”, de 2022. As duas produções do galicismo Olivier Assayas tem atrizes que lidam com séries aborrecidas de fantasia, que fazem sucesso sem um pingo de originalidade e com excesso de tela verdejante.

“Borderlands” lembra esses filmes falsos, em peculiar por trazer a mesma impessoalidade. Ele está resignado demais em não ter o que mostrar e o que expor, fruto de uma série de decisões para lá de equivocadas.

Folha

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