Novidade versão da Disney para o clássico dos Irmãos Grimm tem direção de Marc Webb, de ‘O Espetacular Varão-Aranha’ e ‘500 Dias Com Ela’. Rachel Zegler, de ‘Paixão Sublime Paixão’ é o destaque do elenco Era uma vez… Um estúdio de cinema que fez muito sucesso (e quantia) com animações que adaptavam clássicos da literatura infantil, uma vez que “Cinderella”, “A Bela e a Fera”, “A Pequena Sereia”, entre outros.
Um dia, esse estúdio resolveu pegar as obras e transformá-las em filmes com atores de músculos e osso, para obter ainda mais lucro. A mais recente história a passar por esse processo também é uma das mais queridas pelos fãs de todas as idades: “Branca de Neve”, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (20).
A novidade versão do livro escrito pelos irmãos Grimm em 1812, e que se transformou na primeira animação em longa-metragem dos estúdios Disney em 1937, procura recriar a magia do clássico, com uma atualização da história bem-vinda, produção suntuosa, belos figurinos, bons números musicais e efeitos visuais irregulares.
Mesmo com seu visível esforço, no entanto, o novo filme nem sempre funciona e pode dividir o público.
Assista ao trailer do filme “Branca de Neve”
A trama é basicamente a mesma que muita gente ouve falar desde a puerícia. Num reino distante, vive a princesa Branca de Neve (Rachel Zegler), bondosa e preocupada com o bem-estar de seus súditos. Depois que seu pai desaparece misteriosamente, o trono passa a ser comandado pela vaidosa Rainha Má (Gal Gadot), que morre de inveja da venustidade da enteada.
Posteriormente evadir de um atentado ordenado pela madrasta, Branca de Neve se refugia numa floresta da qual dizem ser encantada. Ela vai parar numa mansão onde vivem sete seres de baixa estatura e com poderes mágicos. Logo, todos se tornam grandes amigos, e a jovem se sente protegida. Só que a Rainha Má ainda está em seu indignação: não vai repousar até findar com a princesa e se tornar a Mais Bela de Todas.
Moderna, mas nem tanto
A versão 2025 de “Branca de Neve” procura se mostrar adaptada aos novos tempos. Assim, alguns elementos da trama, uma vez que a postura passiva da protagonista, foram removidos para dar lugar a uma personalidade mais ativa e independente, que não precisa de ninguém para ser salva.
Andrew Burnap e Rachel Zegler numa cena de ‘Branca de Neve’
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Dessa forma, o filme dispensa o Príncipe Seduzido e, em seu lugar, entra Jonathan, interpretado pelo praticamente incógnito Andrew Burnap. Seu personagem quer ser uma espécie de contraponto “pé no soalho” da princesa, no estilo “se odeiam, mas se amam”, que até funciona.
O principal responsável disso é a meio do diretor Marc Webb, que sempre se mostrou muito hábil em desenvolver relacionamentos afetivos. Basta ver o que ele fez nos dois filmes de “O Espetacular Varão-Aranha”, com Andrew Garfield e Emma Stone e, mormente, em “500 dias com ela”, que fez muita gente se encantar com o par formado por Joseph Gordon-Levitt e Zoey Deschanel.
Em “Branca de Neve”, o cineasta consegue tornar simpático o par principal, apesar de Burnap nem ser um ator de muitos recursos, nem ter uma trama romântica muito inovadora.
Webb também se sai muito nos números musicais, mormente nos que recriam momentos célebres da animação de 1937 (primeira a receber um Oscar honorário por suas realizações pioneiras), uma vez que aquele em que personagem-título canta e dança com seus sete amigos enquanto arrumam a mansão. Apesar de serem todos feitos por computação gráfica, tirando a princesa, o resultado é muito deleitável de presenciar.
Branca de Neve (Rachel Zegler) faz contato com animais da floresta encantada em ‘Branca de Neve’
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No entanto, o diretor não consegue fabricar tão muito as cenas de ação, em peculiar no terço final do filme, em que tudo é bastante genérico e de pouco impacto. É uma pena, porque dá a sentimento de que Webb pisou no freio para não assustar o público infantil, principal claro dos realizadores. Dava para colocar um pouco mais de “molho” para tiranizar também o testemunha mais velho.
Assinado por Erin Cressida Wilson, o roteiro procura justificativas para algumas questões da história que podem promover polêmicas, uma vez que dar outra origem para o nome de Branca de Neve, ou outro motivo para ela ser considerada a Mais Bela de Todas pelo espelho mágico da Rainha Má. Nem todas as soluções são satisfatórias, mas não devem ofender quem encontrar que o filme “destrói infâncias”.
Para os mais jovens, as mudanças podem passar despercebidas, mesmo para quem conhece a trama pelo estampa clássico. Ou por outra, a roteirista não mexe em elementos considerados sagrados pelos fãs, o que não deixa de ser um acerto.
Mesmo assim, o filme tem uma trama que lembra um pouco aquela mostrada em “Branca de Neve e o Caçador” (2012), no qual a princesa (vivida por Kristen Stewart) tem mais autonomia, se mostra mais valente, não precisa de um príncipe para ser salva e precisa lutar para reconquistar o reino das mãos da Rainha Má. Só que, por ser um filme da Disney, tudo é levado sem muito peso e embalado com muita cantoria.
A Rainha Má (Gal Gadot, de costas) fala com o espelho mágico numa cena de ‘Branca de Neve’
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Mudanças controversas
Aliás, um dos pontos baixos de “Branca de Neve” é recorrer demais para números musicais durante toda a sua duração. Alguns realmente funcionam, porém, outros não conseguem despertar a magia desejada.
Isso se deve também às canções criadas pela dupla Benj Pasek e Justin Paul (de “O Rei do Show”), que são irregulares e até mesmo desnecessárias em algumas cenas, o que pode promover tédio em vez de emoção.
Outro problema do filme está no uso de seus efeitos visuais. Os animais que acompanham Branca de Neve pela floresta nunca parecem convincentes. Dá para ver claramente que foram criados por computação gráfica.
Mas o que mais labareda a atenção é o surgimento dos Sete Anões uma vez que criaturas pouco realistas graças ao CGI ({sigla} para computer-generated imagery, imagens geradas por computador) mais do que perceptível.
A solução de colocar personagens virtuais, ao invés de atores de verdade, para interpretar os Sete Anões aconteceu depois da enunciação do ator Peter Dinklage (de “Pixels” e “Game of Thrones”) contra a contratação de pessoas com nanismo para esses papéis.
Branca de Neve (Rachel Zegler) luta para salvar seu reino numa cena de ‘Branca de Neve’
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Só que essa teoria se revela logo problemática, porque tira segmento do público da fantasia e do portento desejados por seus realizadores. Pelo menos, o trabalho feito pelos dubladores dos Anões é bom e traz o humor necessário para, depois de qualquer tempo de tela, deixá-los simpáticos o suficiente para protagonizar alguns dos momentos mais divertidos do filme.
A cenografia e a direção de arte são interessantes. Mas as dimensões do reino onde se passa a história são muito menores do que deveriam. Dá a sentimento de que, tirando a floresta encantada, existe unicamente o forte real, algumas ruas e casas, a terreiro principal e só isso. Não há uma sensação de grandiosidade do sítio, que mais parece uma vila de poucos habitantes do que um reinado imponente. Poderia ter sido melhor elaborado.
Princesa muito boa, Rainha muito ruim
Com tantas confusões e polêmicas que durante a produção e filmagens, os bastidores de “Branca de Neve” poderiam gerar outro filme. Além da controversia envolvendo os Anões, o longa teve problemas com suas estrelas: Rachel Zegler e Gal Gadot.
Rachel Zegler é um dos destaques da novidade versão da Disney para ‘Branca de Neve’
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Rachel, americana com geração colombiana, causou polêmica entre os fãs do clássico da Disney por sua etnia. Ou por outra, a atriz e cantora fez declarações que incomodaram muita gente, uma vez que seu repúdio à eleição de Donald Trump, o roupa de ela não ser fã do estampa de 1937 e de se mostrar em prol da Palestina.
Gadot, por outro lado, também irritou outras pessoas posteriormente proteger sua terreno natal, Israel, no conflito que ocorre no Oriente Médio e que causou diversas mortes na região. Assim uma vez que Zegler, ela procurou sempre se proteger e se desculpar de suas declarações, mas sem grandes efeitos práticos.
Devido ao que defendem, as duas nunca se mostraram muito entrosadas durante a divulgação do filme. E isso parece transparecer no trabalho que apresentaram no longa da Disney. Ou por outra, fica notório a diferença de talento entre as protagonistas.
Zegler acerta no tom para tornar sua Branca de Neve rebuçado, carismática e suasivo, o que prova que o estúdio não errou em apostar na atriz para uma personagem tão icônica. Conhecida por sua bela e potente voz, ela nunca decepciona quando precisa trovar em cena, principalmente em sua performance na música “Waiting on a wish”, criada exclusivamente para o longa e responsável por um dos momentos mais tocantes do filme.
Gal Gadot interpreta a Rainha Má na novidade versão da Disney para ‘Branca de Neve’
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Já Gadot atua achando que unicamente fazer olhares de desprezo e tédio são suficientes para tornar sua Rainha Má marcante. Ela até consegue tornar a vilã memorável, mas não do jeito que deveria, já que sua atuação é fraca e sem perdão, o que deixa uma péssima sentimento para o testemunha.
Em nenhum momento ela consegue impor temor ou presença. E as coisas pioram quando ela tem que trovar. Infelizmente, a ex-Mulher Maravilha não tem potência na voz. Sua performance vocal é constrangedora. Apesar de não desafinar, Gadot interpreta tudo num tom só, sem emoção.
Uma cena marcante parece ter sido simplificada devido ao fraco resultado de seu esquina. Aliada a sua atuação pouco inspirada, a sequência fica muito inferior do impacto visto na animação, por exemplo. Charlize Theron, em “Branca de Neve e o Caçador”, mesmo sem trovar, foi muito mais interessante com a Rainha Má e praticamente “engole” o mau trabalho de Gadot.
Cena do filme ‘Branca de Neve’, da Disney
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“Branca de Neve” está longe de ser o melhor live action da Disney, mas também não é o pior. Exclusivamente serve uma vez que um mero passatempo para quem nunca viu a animação original ou para quem gosta de histórias situadas em reinos distantes e estreladas por príncipes e princesas, sem maiores exigências.
Mas certamente dava para caprichar mais nessa adaptação do história da Mais Bela de Todas. Finalmente, até hoje ela é um dos maiores nomes dos contos de fadas que atravessam gerações. Merecia uma produção que gerasse mais fantasia e portento.
Cartela resenha sátira g1
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Fonte G1
