Avezado ao status de potência paralímpica, o Brasil viveu um vasqueiro dia sem medalhas de ouro nos Jogos de Paris neste domingo (1º). Com isso, China e Grã-Bretanha se distanciaram no topo do quadro de medalhas.
Um consolo para os brasileiros foi a marca histórica de 400 pódios na história dos Jogos Paralímpicos, atingida com a medalha de bronze do paulista André Rocha no lançamento de disco, classe F52 (competidores sentados), no Stade de France.
O bronze, porém, não era a medalha esperada por Rocha, que chegou à final na exigência de recordista mundial (23,80 m). Neste domingo, ele conseguiu 19,48 m. O italiano Rigivan Ganeshamoorthy, originário do Sri Lanka, surpreendeu ao superar o recorde do brasiliano em quatro de seus seis lançamentos. O melhor deles, 27,06 m, representou um proveito de mais de três metros em relação à marca anterior.
Na natação, o Brasil continua a colecionar pódios.
Na prova que encerrou o programa do dia, o Brasil conquistou mais um bronze no 4 x 100 m livre misto, com Arthur Xavier Ribeiro, Gabriel Bandeira, Beatriz Carneiro e Ana Karolina Soares. A disputa foi vencida pelo quarteto britânico, com a Austrália em segundo lugar.
Curiosamente, Gabriel Araújo, o Gabrielzinho, nome mais publicado da natação paralímpica na atualidade, quebrou um recorde mundial, mas ficou sem medalha.
Mais aplaudido na final dos 150 m medley, categoria SM3, o brasiliano era o único finalista com a classificação SM2, deficiência física mais severa que os rivais (“SM” é a {sigla} em ingês de “natação medley”, que une os estilos costas, peito e livre). A mistura de classes é generalidade no paradesporto.
Gabrielzinho obteve honroso quarto lugar, com o tempo de 3min14s02, novo recorde mundial da SM2. Porém o vencedor foi o teutónico Alexander Topf (SM3), com 3min00s16.
“Na verdade, eu que era o invasor”, disse Gabrielzinho, sempre sorridente, depois da prova. “Eu vim para incomodar e deixar o pessoal nervoso. A força [da torcida] ajudou bastante, dá uma crédito extra para a prova dos 200 m livre [nesta segunda, 2].”
Ainda na natação, a carioca Lídia Vieira da Cruz ganhou o bronze nos 150 m medley SM4, com o tempo de 2min57s16, novo recorde pan-americano.
O tiro esportivo rendeu pela primeira vez uma medalha paralímpica ao país. Alexandre Galgani, 41, levou a prata na prova de carabina de ar individual, intervalo 10 m, modalidade SH2 (atletas que precisam de suporte para arma), posição deitada mista.
Paulista de Americana, ele sofreu uma lesão na pilar aos 18 anos, ao reprofundar em uma piscina. Disputou o ouro palmo a palmo com o galicismo Tanguy de La Forest, que alcançou um totalidade de 255,4 pontos, contra 254,2 do brasiliano.
“São 11 anos me dedicando todo dia. Ainda não atingi minha meta, que é o ouro. Mas bati na trave. Ainda vou buscar”, disse Galgani.
No futebol de cegos, em que é pentacampeão paralímpico, o Brasil estreou com vitória por 3 a 0 sobre a Turquia. Foi o primeiro dia de partidas em uma das sedes mais espetaculares dos Jogos, aos pés da Torre Eiffel, onde foi disputado o torneio de vôlei de praia dos Jogos Olímpicos, no mês pretérito. Na período de grupos, a seleção brasileira ainda vai enfrentar China e França.
No vôlei sentado masculino, a seleção brasileira perdeu por 3 sets a 0 (25/12, 25/13, 25/19) para o Irã, time do segundo varão mais eminente do mundo, Morteza Mehrzadselakjani. Mehrzad, 36, porquê é publicado, tem 2,46 m e uma perna 15 cm mais curta que a outra. Começou no paradesporto aos 22 anos, depois que um treinador o viu em um reality show da televisão. O Irã é o atual bicampeão paralímpico.
No parabadminton, categoria SH6 (baixa estatura), o paranaense Vítor Tavares foi derrotado pelo galicismo Charles Noakes em uma semifinal equilibrada (21/18 e 22/20). Ele disputa o bronze nesta segunda, contra Man Kai Chu, de Hong Kong.
Os triatletas brasileiros Jessica Ferreira, Letícia Freitas e Ronan Cordeiro, que deveriam ter disputado suas provas no domingo, terão que esperar mais um dia. As provas de triatlo foram adiadas devido à má qualidade da chuva do rio Sena, em razão da chuva em Paris nos últimos dias, e serão realizadas na manhã desta segunda-feira (2).
Na bocha, Evani Silencioso, da classe BC3 (deficiência severa), perdeu o bronze para a sul-coreana Sunhee Kang, por 7 a 2.