Brasil Deve Investir 10x Mais Em Ia, Diz Consultor De

Brasil deve investir 10x mais em IA, diz consultor de Lula – 08/05/2024 – Tec

Tecnologia

O Brasil pode perder a vaga da lucidez sintético e permanecer para trás em inovação se não mudar de postura, diz o professor de ciência da computação da UFMG (Universidade Federalista de Minas Gerais) Virgilio Almeida, que está no grupo de especialistas chamados ao Palácio do Planalto para falar sobre os impactos da IA na economia, no mundo do trabalho e o duelo regulatório.

Almeida foi convocado para insinuar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a tecnologia e avalia que o investimento em pesquisa precisa subir dez vezes.

Segundo ele, o país precisa definir os incentivos corretos para prevenir que IAs desenvolvidas no exterior não tenham “efeitos indesejados” uma vez que a substituição descontrolada do trabalho.

Embora Lula tenha eleito a IA uma vez que uma prioridade para o encontro do G20 em julho, o Estado brasílio avançou muito pouco desde novembro, quando a ABC (Ateneu Brasileira de Ciência) divulgou um estudo coordenado por Almeida com um alerta: o país está dez anos retardado na pesquisa em lucidez sintético.

“Zero mudou”, diz Almeida, que passou pelo Berkman Klein Center for Internet and Society na Universidade de Harvard.

Hoje, o Executivo trabalha em uma revisão de um conjunto de diretrizes para o desenvolvimento da tecnologia, chamada Ebia (Estratégia Brasileira para Perceptibilidade Sintético), e o Senado discute uma proposta de marco regulatório, do qual último texto, do senador Eduardo Gomes (PL-TO), foi apresentado no último dia 25.

Para o pesquisador, o país precisa estabelecer, além de regulação adequada, políticas de investimento para capacitar mão de obra, erigir infraestrutura e manter os talentos cá. Isso deve ser feito em parceria com empresas de tecnologia e outros países interessados em desenvolver IA.

A tecnologia foi o principal pilar da reunião magna da ABC, realizada nos dias 7 e 8 de maio, no Museu do Porvir, no Rio de Janeiro. Almeida falou com a Folha por telefone.

No ano pretérito, o sr. falou sobre a dificuldade de atrair mão de obra especializada em lucidez sintético para o Brasil. Um tanto mudou?

Zero mudou. Nós não evoluímos com medidas e políticas para atrair especialistas em IA e, oferecido a procura global desse tipo de conhecimento, esses especialistas são extremamente atraídos por recursos computacionais, por salários, coisas que nós não temos no Brasil na graduação que é necessário para seguir nessa extensão de lucidez sintético.

Em apresentação para o presidente Lula, o sr. mencionou a premência de produzir uma visão brasileira de IA. Pode elaborar esse noção?

A teoria de uma visão brasileira sobre IA não é desenvolver uma novidade tecnologia do zero, porque não há tempo nem recursos para isso no país. Mas é importante ajustar as políticas públicas, ajustar a regulação global à verdade brasileira.

O Brasil não tem as tecnologias avançadas, não tem as estruturas computacionais necessárias para seguir na IA e, ao mesmo tempo, corre o risco de ter algumas consequências indesejáveis. Por exemplo, o excesso na procura de automação para açodar certos processos econômicos pode trazer resultados indesejáveis.

Em vez de se considerar uma política pública visando usar a lucidez sintético para automatizar o trabalho, seria mais importante usar a lucidez sintético para complementar o trabalho humano e, com isso, ter exigências de incentivos para que a inovação viesse dessa complementação da lucidez sintético com o humano.

Uma outra propriedade para a questão de uma visão brasileira é levar em consideração o desenvolvimento de tecnologias e bases de oferecido, baseadas na língua portuguesa e também lembrar a premência de proteger as línguas indígenas do país.

O sr. mencionou o duelo de superar o temor da IA. O Brasil tem esse problema mesmo tendo uma cultura de adesão rápida à tecnologia?

Sim. O Brasil deve procurar formular políticas para controlar o progressão da IA na economia, nos vários setores. É importante ver que o país não quer que a IA siga o caminho das redes sociais, que tem gerado tantas preocupações e trazido dificuldades para a política e para a democracia. Logo é importante prevenir e iniciar desde o início a formular as políticas que regulem o caminho que o Brasil quer adotar com a lucidez sintético.

Falta ao país um grande meio de pesquisa em IA? Qual seria a diferença para os atuais centros de pesquisa criados a partir da Estratégia Brasileira para Perceptibilidade Sintético?

Existem por volta de dez centros de pesquisa aplicada (CPAs) financiados pelo edital de Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, Fapesp e Comitê Gestor da Internet. São centros que têm propósito específico para IA, uma vez que saúde, indústria, cidades inteligentes, etc. É uma supimpa iniciativa, porém o financiamento é ainda muito restringido para formar gente e desenvolver pesquisas aplicadas no nível que o país precisa para não perder a oportunidade da IA.

Comparando com centros de pesquisa em IA nos EUA ou na Europa, o nosso orçamento [R$ 1 milhão por ano do recurso MCTI-FAPESP-CGI e R$ 1 milhão de parceiros privados] é insuficiente para ter estrutura computacional avançada, formar pessoal em pesquisa e desenvolver tecnologias de IA. É preciso de recurso pelo menos uma ordem de grandeza a mais [dezenas de milhões de reais].

O Brasil tem uma posição privilegiada em termos de matriz energética para atrair data centers. Essa predisposição pode ajudar no gargalo de infraestrutura, embora essa capacidade computacional ainda esteja muito concentrada no Sudeste?

O Brasil certamente tem uma matriz energética limpa, mais limpa do que a maior segmento dos países. Agora, a instalação de grandes data centers para IA depende de orçamento, que o Brasil tem que definir se vai ter.

Os maior que existem hoje em dia no mundo são data centers das empresas de tecnologia. O Brasil precisa iniciar a pensar em alternativas para ter chegada a esses data centers. Uma escolha seria erigir esses data centers no Brasil ou buscar acordos internacionais, de modo a ter uma elaboração, projeto global, por exemplo, com países similares do Sul Global, países com quem o Brasil tem relação na construção de uma infraestrutura computacional participativa. Isso poderia diminuir os custos e açodar a instalação desses recursos nos países do Sul Global.

O sr. fala da premência de produzir uma tecnologia de ponta em IA no país, mas são poucos os países com essa capacidade. O Brasil tem a capacidade de dar esse grande salto técnico?

O Brasil não tem os recursos humanos, não tem a capacidade computacional de informação necessária para esse progressão, mas fazendo, trilhando esse caminho de políticas públicas, investimentos permanentes em ciência e tecnologia, uso das vantagens competitivas do Brasil, uma vez que por exemplo um sistema de pós-graduação grande e vasto no Brasil, você tem recursos humanos que são potencialmente importantes para a lucidez sintético e também o mercado brasílio apresenta vantagens: é grande.

Também há a disponibilidade de grandes bases de dados para temas importantes uma vez que instrução, saúde, meio envolvente.

O Brasil teria capacidade de trilhar esse caminho de maneira independente ou parceria com as empresas globais do setor seria necessário?

O Brasil, uma vez que um país de grande dimensão de poder econômico, tem condições de estabelecer acordos cooperativos com as empresas de tecnologias, garantindo as vantagens do país, buscando a soberania, sem deixar de firmar acordos com outros países que avançam nesse setor, fazer colaborações com as grandes empresas. Isso, sem desleixar de produzir as condições cá no país em termos de investimento em pesquisa, recursos computacionais, políticas públicas. O Brasil já tem uma experiência regulatória muito importante e que foi apreciada pelo mundo inteiro na construção do Marco Social da Internet e, posteriormente, na lei de proteção de dados pessoais.


RAIO-X

Virgilio Almeida, 74

Professor de engenharia elétrica da UFMG, pesquisador associado do Berkman Klein Center for Internet and Society na Universidade de Harvard e diretor da Ateneu Brasileira de Ciências.

Folha

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