Brasileiros dominam festival francês com funk e techno 05/06/2025

Brasileiros dominam festival francês com funk e techno – 05/06/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Dividir palcos com pioneiros, porquê Kevin Saunderson e Jeff Mills, e estrelas internacionais, porquê Peggy Gou e Mall Grab, pode ser intimidador para artistas menos célebres. Não foi o caso para os brasileiros que pisaram no Nuits Sonores, o maior festival de música eletrônica da França e um dos mais importantes da Europa. DJs e produtores do Brasil mostraram a força das pistas nacionais no evento que ocorreu em Lyon, sudeste galicismo, no último término de semana.

O ponto cume foi Badsista. Ao lado da DJ alemã Ellen Allien, o DJ e produtor da zona leste de São Paulo disparou um set energético feito sob medida para raves de galpão —batidas pesadas e aceleradas com sequências melódicas abrasivas. Outro nome que se destacou foi Mochakk. Com seu tech-house cativante e simpático, o DJ encheu uma das pistas do festival com franceses e brasileiros, que ostentavam as cores nacionais e até camisas da seleção com o nome do artista de Sorocaba nas costas.

O Nuit Sonores também recebeu RHR e Cashu, artistas que vem enfileirando apresentações nos principais clubes do mundo. A apresentação conjunta foi do eletro à bass music, com pitadas do funk de São Paulo. O gênero serviu de base para Mu540, outro nome que vem levando as estridentes frequências da capital paulista às pistas internacionais. O artista se apresentou duas vezes no festival —uma delas em companhia do coletivo Batekoo, que comandou um dos palcos do evento durante uma tarde inteira.

A chegada desses nomes é mais uma prova do prolongamento global da música eletrônica brasileira —uma produção cada vez mais fundada em elementos nacionais, entre funk e reinvenções latino-americanas dos sons de rave. A presença do Brasil do Nuits Sonores também antecipa um movimento no outro sentido: em outubro, o festival terá uma edição em São Paulo. O evento deve ocorrer no núcleo e vai ressaltar nomes e coletivos brasileiros com a curadoria que o tornou relevante em seu país de origem.

“Queremos fazer um projeto mais brasiliano que galicismo e trazer para isso nossa experiência de 20 anos”, diz Pierre-Marie Ouillon, um dos curadores do Nuits Sonores. “A teoria é levar ao Brasil três artistas franceses que entendem a força da cultura brasileira e de organizações que tem essa marca em São Paulo, porque a história da música eletrônica brasileira se escreve com esses coletivos, porquê Mamba Negra, Selvagem e Batekoo.”

O festival também terá foco em novas artistas por meio do Sónicas, projeto de formação de DJs que ocorreu pela primeira vez no Brasil neste ano, em março. “Queremos empoderar a cena e valorizar coletivos e artistas brasileiros”, diz o curador. “Na América do Sul há um cena viva, profissional, uma cena que será cada vez maior porque vai ocorrer por lá o que ocorreu na Europa: a música eletrônica se popularizou”.

O festival em Lyon também contou com a apresentação do DJ e produtor Pedro Bertho, radicado na França, e o trio Mimosa, formado pelo performer Luiz Felipe e pelos DJs e produtores Leyblack e Mbé. Misto de performance cênica e músico, o grupo revisita práticas da música negra por meio do sampling e do funk carioca. “O Mimosa é uma celebração dessa falta histórica que foi a tentativa de apagamento da cultura afro-brasileira, alguma coisa que não teve sucesso”, diz Luiz Felipe.

Segundo o artista, a presença do funk nas pistas de festivais porquê o Nuits Sonores é ambivalente. “O europeu vem de uma relação histórica com o resto do mundo muito degradada pela colonização, logo, quando ele escuta o funk, sabe que aquilo vem de um território poderoso”, diz ele. “Mas ao mesmo tempo ele não tem essa dimensão do valor artístico e social, logo ainda há muito que se trabalhar e estamos cá para isso —porque fazemos música para o mundo.”

No Nuits Sonores, era verosímil escutar elementos de funk até mesmo quando brasileiros não ocupavam os palcos. O duo Lander & Adriaan emulou as bases rítmicas do gênero no teclado e na bateria e o DJ Myd, nome importante da França na era pós-Daft Punk, tocou uma tira do DJ brasiliano Adame na última apresentação do evento —uma espécie de homenagem à eletrônica francesa que contou também com os DJs Bambounou e Cassius.

Formada pelo programa de capacitação do Nuits Sonores e uma das mais jovens artistas a tocar nesta edição do evento, a DJ Mimi Génial é revérbero desse contato entre Brasil e Europa traduzido por eventos porquê o Nuits Sonores. Sua apresentação levou funk para uma pista que não parecia questionar a existência desse gênero porquê secção da música eletrônica. “Eu acho incrível a batida do funk, as percussões me fazem querer dançar”, diz ela. “E porquê a França é um país multicultural, estamos cada vez mais abertos à música brasileira.”

O repórter viajou a invitação do festival

Folha

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