Mais de 100 aeronaves militares de 16 países participaram, em novembro, de simulações de combates e treinamentos nos céus do Rio Grande do Setentrião, durante Treino Cruzeiro do Sul (Cruzex 2024). Entre elas, o “invencível” F-15 Eagle norte-americano e o estreante Gripen F-39, caça de origem sueca adquirido pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Para surpresa universal, segundo veículos nacionais e estrangeiros de mídia especializada, os caças Gripen, pilotados por brasileiros, obtiveram duas vitórias nas simulações sobre os norte-americanos, durante o evento ocorrido na Base Aérea de Natal.
“Caças Gripen da FAB derrotaram os F-15 dos EUA, um dos caças mais poderosos do mundo”, publicou a revista especializada Sociedade Militar. “Caças Gripen superam os imbatíveis F-15 dos EUA”, manchetou a CNN.
“Caças Gripen da FAB vencem o ‘invencível’ F-15 em combate simulado”, destacou o site especializado Defesanet. Segundo o site, durante o treinamento, “os pilotos brasileiros conquistaram uma vitória simbólica, abatendo dois F-15 americanos, um feito que impressionou os pilotos dos EUA e os levou a revisar suas estratégias”, detalhou o Defesanet.
O projeto que desenvolve os caças Gripen é fruto de uma parceria da FAB com a empresa sueca SAAB. Com a transferência de tecnologia prevista nos contratos, a expectativa é de que, no horizonte, o Brasil tenha autonomia para a fabricação e o desenvolvimento de novos modelos em território pátrio.
Técnico em indústria aeroespacial e de resguardo, o professor Marcos José Barbieri Ferreira, da Unicamp, explica que nessas operações Cruzex, as simulações utilizam radares. “Os alcances de mísseis também são simulados, de forma a ver se ele seria ou não capaz de atingir [os alvos]. Dentro dessa dessas operações de simulação, foram feitos combates, com destaque para os entre o F-15 e o Gripen”, disse à Dependência Brasil.
“Nessas simulações, segundo os relatos apresentados, o Gripen se sobressaiu, e teve vitórias nessa simulação, em relação aos aviões de caça F-15, com duas vitórias em combate simulado”, acrescentou ao ressaltar que, no cruzex 2024, as operações de combate simulado foram exclusivamente as de combate de longo alcance. “Não foram realizadas operações de combate simulado de pequeno alcance”, disse.
Tom diplomático
Adotando um tom mais diplomático, de forma a evitar situações desconfortáveis com os países aliados que participaram do Cruzex, tanto a FAB uma vez que a SAAB evitam comentar os resultados citando vitoriosos ou derrotados, nessas simulações.
Contatada pela Dependência Brasil, a FAB explica que a simulação de combate não tem, por finalidade, indicar “vantagens de uma Força sobre a outra, nem mesmo entre aeronaves indicando vencedores ou derrotados”. A teoria, segundo ela, é a de “promover um treinamento conjunto, em que cada país contribuísse com seus conhecimentos e capacidades para a evolução coletiva das Forças envolvidas”.
Presidente do Instituto Sul-Americano de Política Estratégica (Isape), Fabrício Ávila disse à Dependência Brasil que, de veste, “os caças brasileiros conseguiram abates simulados contra os caças F-15” – aeronaves de combate que, segundo ele, têm um histórico de vitórias em todos combates reais dos quais já participou.
“Os caças [F-15 levados para participar da Cruzex 2024] são de versões anteriores dos mais modernos operados pela escol da USAF [a força aérea dos EUA]. Mesmo assim, foram melhorados desde 2010 ganhando o radar APG 63 V3 com um alcance de 400 km. Esse radar combinado com os seus mísseis dariam uma vitória frente aos F-39 Grippen, mas os caças brasileiros conseguiram abates simulados”, detalha Ávila.
Ele explica que “os combates, mesmos os simulados, são imprevisíveis. O caça F-15 possui uma marca de ser vitorioso em mais de 100 combates reais sem ter perdido nenhuma avião. As aeronaves e pilotos americanos que vieram ao Brasil eram da Guarda Aérea Pátrio”.
Elogios
Um dos integrantes dessa guarda aérea norte-americana que participaram do Cruzex 2024 pilotando o F-15 Eagle foi Mike Hansel Scott. Ele usou as redes sociais para elogiar o caça fruto da parceria entre Brasil e Suécia.
“Tem sido incrível voar com os mais novos caças da FAB, o Saab F-39E Gripen. O Brasil tem esse jato há menos de dois anos e o Cruzex 2024 é o primeiro grande treino do qual participou. Gostamos de voar juntos todos os dias e aprender uns com os outros em alguns voos desafiadores, mas divertidos”, postou ele em seu Instagram.
Vice-presidente e diretor de Marketing do Gripen na superfície de negócios aeronáuticos da SAAB, Mikael Franzén falou à Dependência Brasil sobre esta que foi a primeira participação do Gripen em um treino multinacional em graduação global.
“Temos o prazer de informar que ele superou todas as expectativas”, disse ao qualificar o caça uma vez que “a melhor e mais alcançável opção para muitas forças aéreas ao volta do mundo”.
A exemplo da FAB, a SAAB também evita qualificar o feito uma vez que uma “vitória” diante dos caças norte-americanos. A empresa sueca limita-se a proferir que as atividades na Cruzex deste ano mostraram que “a tecnologia de ponta do caça F-39E Gripen permitiu, a ele, um supimpa desempenho, mesmo frente a aeronaves de grande sucesso, uma vez que o F-15”.
Interesse mercantil
Segundo Franzén, os bons resultados obtidos pelo caça durante Cruzex devem aumentar o interesse de outros países em comprar a avião. “Inclusive já o estamos oferecendo a países uma vez que Colômbia e Peru, entre outros. Recentemente a Tailândia selecionou o Gripen para renovar a sua frota” disse.
De combinação com o Isape, o Gripen já está operando em países uma vez que República Tcheca e Hungria, além de Brasil, Suécia e Tailândia. No Reino Unificado, ele já está sendo utilizado para testes.
Barbieri, da Unicamp, explica que, quando foram adquiridos pela FAB, os caças Gripen ainda eram projetos que estavam, há qualquer tempo, em período de desenvolvimento. “Não estava pronto, e esse foi o grande trunfo para dar, à FAB, a possibilidade de incluir os requisitos que ela queria para a avião”, disse o economista perito em indústria aeroespacial.
“E para as empresas brasileiras, que participaram dessa período final de desenvolvimento do avião de caça Gripen, de forma conjunta com a Suécia”, acrescentou.
Transferência de tecnologia
A SAAB informa que o contrato do Programa Gripen Brasílio com a FAB é de 39,3 bilhões de coroas suecas, valor que atualmente corresponde sobre R$ 21,6 bilhões. “Isso não envolve somente as aeronaves. Envolve suporte, treinamento, sistemas, armamentos e um dos principais pontos do contrato, que é a transferência de tecnologia”, explica a empresa.
“O contrato exigia o recta de produção do caça no Brasil, fazendo com que o país não somente adquira um resultado, mas também adquira o conhecimento provável para produzir o padrão em território pátrio”, acrescentou.
Para satisfazer essa exigência, a Saab logo se uniu à Embraer e a uma série de empresas da base industrial pátrio de resguardo. Desde a assinatura do contrato, em 2014, 350 especialistas brasileiros (engenheiros, técnicos, operadores de montagem e de manutenção) foram enviados à Suécia para os treinamentos chamados “on the job training” – ou treinamento em serviço.
Posteriormente, retornaram ao Brasil para replicar cá os conhecimentos obtidos, fortalecendo a indústria sítio e os conhecimentos para a produção “de um resultado militar de última geração, além dos empregos gerados e da possibilidade de desenvolver, no horizonte, um avião próprio do zero”.
A risco de produção do caça Gripen E no Brasil foi inaugurada em 2023 na cidade de Gavião Peixoto, interno de São Paulo, dentro da vegetal industrial da Embraer. Sua produção atualmente é, segundo a SAAB, conduzida 100% por profissionais brasileiros, ainda que, nos primeiros anos, tenham auxílio de um grupo de suecos para a implementação da risco de produção.
No mesmo sítio, foram inaugurados também o Meio de Projetos e Desenvolvimento do Gripen, em 2016; e o Meio de Ensaios em Voo do Gripen, em 2020. Atualmente, a FAB conta com oito unidades entregues da avião, todas elas situadas na Base Aérea de Anápolis, em Goiás.
Aspectos técnicos
Mais do que um projeto voltado à arquitetura de um caça de combate, o projeto Gripen é uma plataforma, o que possibilita, a ele, estar em regular atualização. Esta é uma de suas características mais vantajosas.
“O Gripen tem uma arquitetura aviônica exclusiva, que permite rápidas adaptações e melhorias, resultando em economia de custos e capacidades operacionais superiores. Isso significa que o sistema pode ser atualizado e continuamente civilizado ao longo do tempo. Sem incerteza, oriente é um diferencial em relação a seus concorrentes”, explica Franzén, da SAAB.
“Uma das principais características é que separamos as funções operacionais das funções críticas de voo. Isso significa que, caso sejam necessárias atualizações, elas podem ser implementadas sem afetar as funcionalidades críticas de voo — um tanto que normalmente exige certificações extensas e muito tempo. Essa abordagem garante que o Gripen continuará relevante por muitas décadas. Fazendo semelhança com um telefone celular, é uma vez que poder atualizar a versão do software sem precisar trocar o dispositivo”, acrescentou.
Segundo a FAB, o F-39 Gripen é reconhecido pela eficiência, ordinário dispêndio de operação e elevada disponibilidade. Apresentando tecnologias de ponta e sendo capaz de satisfazer missões de resguardo aérea, ataque ao solo e reconhecimento, a avião configura um importante salto operacional.
Portanto os mais modernos sistemas, sensores e armas para operação em ambientes hostis e cenários complexos de combate, a avião tem a capacidade de decolar e pousar em pistas curtas, o que possibilita a operação com pouca infraestrutura ou até mesmo em rodovias, caso seja necessário.
“Com tempo reduzido de reabastecimento, para rearmar e concluir uma inspeção técnica, o F-39 Gripen promete ainda mais prontidão, precisão e eficiência às missões de resguardo aérea. O caça pode voar duas vezes a velocidade do som em uma altitude máxima de 16 milénio metros”, detalhou a FAB.