A subida no preço do ovo de penosa foi influenciada por fatores sazonais, questões climáticas, aumento da demanda e preço de insumos uma vez que o milho e farelo de soja. Esse movimento teve início na segunda quinzena de janeiro e se intensificou ao longo do mês pretérito, tornando o resultado um dos vilões da inflação em fevereiro.
No mês pretérito, o ovo subiu 15,4%, registrando a maior subida do segmento alimento e bebidas. Com isso, o Índice Pátrio de Preços ao Consumidor Vasto (IPCA) desse grupo ficou em 0,79% no mês pretérito.
A Associação Brasileira de Proteína Bicho (ABPA) argumenta que a subida é sazonal e sempre ocorre no início do ano, mormente no período da Quaresma, em razão do aumento na demanda, com a substituição do consumo de músculos vermelha por carnes brancas e ovos. Ou por outra, o aumento na temperatura em regiões produtoras da proteína contribuiu para a redução da produção das matrizes poedeiras.
“Neste ano, porém, houve outras situações que pressionaram o preço do resultado. A primeira delas é a subida do preço do milho, que acumula mais de 40% de aumento reunido desde março do ano pretérito. Outro ponto é o calor extremo. Há relatos de granjas com reduções de níveis de produtividade em torno de 10%, frente aos impactos do calor nas aves”, informou a associação à Dependência Brasil.
O preço do resultado foi citado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no primórdio do mês, em evento em Campo do Meio (MG), ao falar sobre a possibilidade de adoção de medidas mais drásticas para reduzir o dispêndio dos vitualhas. Lula culpou os “atravessadores” pelo subida do preço dos ovos no país.
“Eu quero encontrar uma explicação para o preço do ovo”, disse. “O ovo está saindo do controle. Uns dizem que é o calor, outros dizem que é exportação, e eu estou detrás [da explicação]”, acrescentou Lula.
A ABPA também destaca que houve perdas de matrizes mais velhas. Porquê a reposição não ocorre de súbito, levará qualquer tempo até restabelecer os níveis produtivos. A associação acrescenta que o preço do ovo segue uma soma complexa de variáveis, que envolvem fatores produtivos, uma vez que desempenho e custos da produção – a exemplo do preço do milho, embalagens plásticas, combustíveis, vigor elétrica e outros.
“No momento, para o setor de ovos, o quadro é altamente provocador, considerando a subida sequente do preço do milho, o potente calor e os impactos na produtividade das aves. Neste contexto, uma subtracção de custos de insumos por meio de ações, uma vez que, por exemplo, mudança das tarifas de importação de Treonina, Triptofan e Lisina (que são aminoácidos importados para a ração) e resinas plásticas, são exemplos de ações que poderiam reduzir a pressão sobre os produtos”, aponta a ABPA.
Atacado
O Núcleo de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, acompanha o setor de ovos desde 2013 e registrou um aumento significativo nos preços dos ovos do tipo extra comercializados no atacado, em segmento das regiões acompanhadas pelo meio de pesquisas.
“De janeiro para fevereiro, o preço dos ovos brancos do tipo extra, a retirar (FOB) em Bastos – principal região produtora do estado de São Paulo – registrou média de R$ 201,77 por caixa de 30 dúzias, subida de 42% em relação a janeiro”, informou o Cepea à Dependência Brasil.
O meio também esclarece que os preços tendem a subir no período que antecede a Quaresma.
De conciliação com a pesquisadora de ovos do Cepea Claudia Scarpelin alguns fatores podem ter intensificado essa valorização em 2025. Uma delas é o vestimenta de que, no ano pretérito, os preços caíram por seis meses consecutivos, enquanto os custos dos principais insumos da ração, uma vez que milho e farelo de soja, estavam em subida. Ou por outra, houve um aumento nos gastos com embalagens.
“Somam-se a esses fatores a baixa disponibilidade de ovos no mercado interno no início de 2025, revérbero do descarte de poedeiras mais velhas e dos impactos das sucessivas ondas de calor, que tendem a reduzir a produção. Esse cenário contribuiu para a valorização mais expressiva dos preços em fevereiro”, argumentou.
Segundo Claudia, para os próximos meses, o comportamento dos preços dependerá da relação entre a oferta interna de ovos e a demanda pela proteína. Dados do Cepea mostram que, em março, os preços seguem no mesmo patamar observado desde a segunda quinzena de fevereiro. Em Bastos (SP), para retirada na granja (FOB), a cotação média parcial de março (até o dia 14) está em R$ 210,19 por caixa com 30 dúzias.
“Posteriormente a Quaresma, é generalidade que a demanda pela proteína se estabilize. Se a oferta estiver equilibrada, os preços podem permanecer estáveis ou até mesmo recuar. No entanto, essa movimentação dependerá”, disse.
Exportação
O Brasil é o quinto maior produtor mundial, com 59 bilhões de unidades, ou 3,6 milhões de toneladas previstas para o ano de 2025. A estimativa é que o consumo deste ano deve chegar a 272 unidades por pessoa no Brasil neste ano.
Os ovos brasileiros são exportados para quase todo o mundo, a exemplo dos países vizinhos na América do Sul, México, EUA, Canadá, Reino Unificado, países da zona do Euro, África, Oriente Médio, Japão e Ásia.
Em fevereiro, as exportações brasileiras de ovos (incluindo produtos in natureza e processados) aumentaram 57,5%. Os dados são da própria ABPA e registraram o embarque de 2.527 toneladas, contra 1.604 no mesmo período do ano pretérito.
O principal tramontana das exportações foram os Emirados Árabes Unidos, que importaram 548 toneladas em fevereiro. Em seguida estão Estados Unidos, com 503 toneladas e um aumento significativo de 93,4% na exportação. O Chile, com 299 toneladas; México, com 252 toneladas; Japão, com 215 toneladas e Angola, com 203 toneladas, foram os países que mais compraram os ovos produzidos cá.
A associação destaca, entretanto, que o aumento na exportação do resultado não teve impacto nos preços do mercado interno.
“Vale lembrar que exclusivamente 0,9% deste totalidade é exportado, com previsão de exportações de 35 milénio toneladas de exportação para nascente ano, perante 3,6 milhões de toneladas produzidas”, disse a ABPA