Câmera entre balas traz motivações de fotógrafos de guerra

Câmera entre Balas traz motivações de fotógrafos de guerra – 11/03/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

“Se suas fotos não são boas o suficiente, é porque você não chegou perto o suficiente”, era a máxima do húngaro-americano Robert Cobertura, um dos mais celebrados fotógrafos de guerra da história.

A série “Câmera entre Balas” acompanha oito respeitados fotojornalistas que chegam visceralmente perto da miséria humana para registrar imagens indeléveis de conflitos.

Entre os retratados na série, disponível na Max, estão três grandes fotojornalistas brasileiros —Felipe Dana, vencedor do Prêmio Pulitzer, Adriana Zehbrauskas, ganhadora do prêmio Maria Moors Cabot, e Gabriel Chaim, que ganhou dois Emmy Awards.

Para mostrar a rotina de trabalho dos jornalistas que cobrem situações extremas, a série passa pelas guerras de Síria, Iraque e Ucrânia, o conflito armado no Rio de Janeiro e a fronteira entre México e Estados Unidos.

Mas o grande duelo é mesmo entender a motivação de quem está por detrás da câmera.

“Todos compartilham um traço generalidade —o siso de propósito. Sem ter esse comprometimento, essa missão, não conseguiriam fazer esse trabalho”, diz a diretora da série, Tatty Vianna. Um dos primeiros curtas de Viana foi sobre os ataques de 11 de Setembro em Novidade York pelas lentes de fotógrafos da escritório Magnum.

Segundo a diretora, alguns fotógrafos já têm um oração pronto. Outros acabam revelando suas fragilidades, as cicatrizes de suas vidas uma vez que testemunhas de tragédias.

“Eu volto (para moradia) inseguro na maior secção das vezes…mas aí vejo pessoas sobrevivendo em situações horríveis, e penso uma vez que sou um faceta de sorte”, diz na série Dana, que fez secção da equipe da Associated Press que venceu o prêmio Pulitzer em 2023 pela cobertura da invasão da Rússia na Ucrânia. “Tinha momentos em que, literalmente, todos os dias em que eu saía, eu só via gente morta (na Ucrânia)…. As únicas fotos que eu tinha eram de gente morta.”

Dana, que está na AP desde 2009, cobriu a ofensiva em Mosul, no Iraque; a guerra contra o Estado Islâmico na Síria, o conflito em Gaza e na Líbia e a volta do Taleban ao poder no Afeganistão.

Mas foi em sua cidade natal, no Rio de Janeiro, que ele começou a fotografar conflitos, durante a ocupação do Tropa na Rocinha.

Dana sempre volta ao Rio para registrar imagens do conflito armado entre a polícia e o narcotráfico –e os impactos sobre os civis. “É muito dissemelhante das guerras declaradas do Oriente Médio, mas existem muitas semelhanças também.”

A paulista Adriana Zehbrauskas também começou a fotografar em sua cidade natal –seu primeiro ocupação em jornalismo foi na Folha, onde trabalhou de 1994 a 2002. Segundo Zehbrauskas, o jornal foi sua “grande escola”.

Hoje, a fotojornalista contribui para diversos veículos, entre eles o New York Times, Guardian, CNN e Washington Post, com coberturas sobre transmigração, religião, direitos humanos e violência ligada ao tráfico de drogas na América Latina.

A cobertura sobre transmigração, tráfico e pobreza está entre as mais perigosas do jornalismo. Depois de Gaza, o México é o lugar onde mais morrem jornalistas.

“Cresci muito uma vez que jornalista ao retratar as pessoas que são vítimas dessa violência, sempre com o zelo de fazer um jornalismo responsável, com muito reverência às vítimas e familiares. E aprendi a dar muito valor para a prensa lugar, é a que mais sofre retaliações”, diz Zehbrauskas, que começou a vedar transmigração e narcotráfico no México em 2005.

O paraense Gabriel Chaim ficou espargido por suas impressionantes imagens de drone, além de vídeos e fotos em zonas deflagradas na Síria e no Iraque. Na série, ele reflete obre os obstáculos que teve de superar para trespassar de Belém, onde teve uma puerícia pobre, e tornar-se um festejado fotojornalista.

Ao falar sobre os riscos que encara em seu dia, Chaim não transparece emoções. “O que significa estar dentro de um campo de guerra? Tudo, toda a minha vida. A única coisa que eu sei fazer é cobertura de conflitos”, diz. “Para pessoa se autodenominar fotógrafo que cobre conflitos, ele tem que se sujeitar a colocar sua vida em risco. Caso contrário, ele está longe de ser. Se ele não sentir o cheiro do transe, o cheiro da poeira de um front…”, diz o fotojornalista no incidente que abre a série.

Chaim reflete também sobre a vida ingrata dos fotógrafos de guerra freelancers.

“Quando vamos vender alguma coisa para TVs, agências, eles dizem: por obséquio, não corra riscos. Mas se você não entrega alguma coisa pesado suficiente, eles dizem: poxa, cadê o troada nesse front? Você tem que estar lá, fazer a material, pegar o mais pesado de tudo para que seja notícia e você consiga vender.”

Todos compartilham a frustração de, muitas vezes, o trabalho de denúncia não mudar a situação das pessoas no território.

Zehbrauskas tentou “repor” alguma coisa para seus retratados com o projeto Family Matters. No projeto, ela faz retratos de membros de famílias que vivem à beirada de desaparecimento forçado, em áreas dominadas pelo narcotráfico, imprime as imagem e as presenteia aos retratados. “Foi minha maneira de dar alguma coisa em troca, de agradecer a crédito, hospitalidade e gentileza de tantas pessoas que contaram suas histórias, abriram suas vidas, me deixaram entrar em suas casas”, diz. “Era uma vez que se eu dissesse: olha, não posso prometer que meu trabalho vai mudar sua vida, mas posso prometer uma retrato, um presente em forma de memória.”

Nessa tentativa de repor alguma coisa para os retratados, Dana criou um vínculo com Natália, uma usuária de drogas que ele fotografou dez anos detrás. Na era, Natália era menor e as fotos tiveram enorme repercussão.

“Sempre que volto ao Rio, tento encontrá-la para ver uma vez que ela está e fazer um comitiva fotográfico”, conta. Segundo ele, a teoria era fazer fotos de Natália em outra vida, em uma requisito melhor. Nas últimas vezes, infelizmente, isso não aconteceu.

“Na cracolândia, não vejo impacto [do meu trabalho] na vida das pessoas. Eu volto e está tudo igual”, diz. “Até por isso acompanho trabalho de pessoas que vêm cá [na cracolândia] e tentam ajudar.”

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *