Nesta segunda-feira (9), a TV Brasil exibe, às 23h, uma edição inédita do Caminhos da Reportagem que destaca histórias de imigrantes no Brasil. O programa “Um lar além das fronteiras” revela a falta de perspectiva e de políticas públicas para esta população vinda de países diversos, porquê Venezuela, Síria e República Dominicana.
No extremo leste de São Paulo, depois do bairro de São Mateus, uma comunidade formada exclusivamente por venezuelanos recebeu o nome de Veneza City. Entre ruas de terreno, casas improvisadas feitas de madeira compensada formam o bairro.
Hoje murado de 300 pessoas vivem no sítio. Wendy Herrera é uma delas. Designer de voga na Venezuela, ela chegou ao Brasil em 2020. E de travessia em travessia, foi viver em Veneza City. “Eu não sei porque, um dia falei assim: eu vou morar em São Mateus. Meu marido falou: você é louca? Eu falei: bom, não sei o porquê, mas eu sinto uma vibração boa de lá. Eu falei para o meu marido: eu sinto uma virilidade boa de lá. E aí eu vim para cá e consegui um barraco”.
Assim porquê Wendy, a mercante Carmen Noriega saiu da Venezuela em procura de melhores condições de vida. O fruto dela foi um dos primeiros a chegar em Veneza City. Ela conta que ele começou a vender produtos nos semáforos para complementar a renda da família. E que agora resolveram furar uma vendinha, ao lado da morada onde vivem.
“Pouco a pouco decidi vender ovo, geladinho, sorvetes, doces, balas…e hoje vendemos também batata, cebola, alho.” E conclui: “Cá estamos muito. Mas meu sonho é voltar para o meu país”.
A dimensão onde foi estabelecida Veneza City é uma dimensão pública que hoje está em disputa judicial.
Além de Carmen e Wendy, o Brasil já acolheu outros milhares de venezuelanos, nos últimos anos. De convenção com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, de janeiro de 2017 a janeiro de 2022 chegaram 689.694 venezuelanos ao Brasil. E muitos deles vieram para permanecer, porquê explica Paulo Illes, coordenador de relações institucionais do Núcleo de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (CDHIC).
“Eu costumo proferir que uma boa prática migratória é a política que reduz ao sumo o tempo de permanência dessas pessoas no abrigamento. Porque o imigrante não vem para São Paulo, não vem ao Brasil, para permanecer em abrigo. Ele vem porque quer trabalhar, juntar quantia e ajudar a família.”
É neste momento que o imigrante esbarra na falta de política pública voltada para a moradia definitiva, porquê afirma Carla Aguilar, assistente social e gerente do Núcleo de Espeque e Pastoral do Migrante (Cami).
“Aí, você fala assim: ah, mas não tem nem para os brasileiros. Logo, deveria funcionar para todos, porquê diz o Item 5º da Constituição. Todos nós deveríamos ter moradia digna independente da nacionalidade. E essas pessoas têm muita dificuldade em conseguir alugar um lugar, porque ela não tem todos os documentos que eles pedem. Não tem fiador, não tem rede de suporte”, afirma Carla.
Sem perspectivas, muitos imigrantes acabam indo morar nas periferias dos grandes centros ou em ocupações irregulares. Oriente é o caso das famílias que vivem no núcleo da capital paulista, na ocupação Jean Jacques Dessalines.
O dominicano Cliff Dante vive sozinho em um dos cômodos repentista. Ele define o lugar onde vive porquê “um lugar onde moram várias pessoas que estão em uma quesito escassa e que não podem remunerar aluguel. E a gente aprende a conviver com os outros, mas não é fácil”.
O prédio é uma propriedade pessoal e uma reintegração de posse foi pedida pelo proprietário à Justiça. As dívidas do imóvel com IPTU não pago à prefeitura de São Paulo chegam a quase 400 milénio reais.
Se políticas públicas voltadas para a moradia ainda são um duelo, a prefeitura de Araraquara decidiu instituir uma lei voltada para o imigrante. E uma das inovações propostas é extinguir o prazo para a licença do aluguel social. Hoje, uma pessoa, imigrante ou não, precisa fundamentar que vive há pelo menos dois anos no município onde está solicitando o favor. Em Araraquara é dissemelhante.
“O imigrante, quando chega no município, já chega em estado de vulnerabilidade social. Logo, imagine ele ter que esperar dois anos para poder usufruir desta política social. Logo, nessa legislação, a gente tira esse tempo, essa barreira temporal, para que o imigrante, na hora que chega no nosso município, a gente consiga de indumentária apoiar”, explica Renata Fatah, Coordenadora de Direitos Humanos da prefeitura de Araraquara.
O sírio Jadallah Al Sabah foi um dos beneficiados do aluguel social em Araraquara. O chef de cozinha conta que o programa social foi principal para que ele pudesse se estruturar no Brasil e trazer a família. “Agora eu consigo remunerar meu aluguel. Tenho trabalho e está tudo certinho”, afirma.
Sobre o programa
Produção jornalística semanal da TV Brasil, o Caminhos da Reportagem leva o telespectador para uma viagem pelo país e pelo mundo em procura de pautas especiais, com uma visão dissemelhante, instigante e complexa de cada um dos assuntos escolhidos.
No ar há mais de uma dez, o Caminhos da Reportagem é uma das atrações jornalísticas mais premiadas não só do conduto, porquê também da televisão brasileira. Para descrever grandes histórias, os profissionais investigam assuntos variados e revelam os aspectos mais relevantes de cada objecto.
Saúde, economia, comportamento, ensino, meio envolvente, segurança, prestação de serviços, cultura e outros tantos temas são abordados de maneira única. As matérias temáticas levam teor de interesse para a sociedade pela telinha da emissora pública.
Questões atuais e polêmicas são tratadas com profundidade e seriedade pela equipe de profissionais do conduto. O trabalho minucioso e muito executado é reconhecido com diversas premiações importantes no meio jornalístico.
Exibido às segundas, às 23h, o Caminhos da Reportagem tem horário mútuo na madrugada para terça, às 4h30. A produção disponibiliza as edições especiais no site e no YouTube da emissora pública em As matérias anteriores também estão no aplicativo TV Brasil Play, disponível nas versões Android e iOS, e no site.