Cannes: Mohammad Rasoulof Fala Sobre Perseguição Pelo Irã 24/05/2024

Cannes: Mohammad Rasoulof fala sobre perseguição pelo Irã – 24/05/2024 – Ilustrada

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Mohammad Rasoulof pode até ter conseguido fugir do Irã na semana passada para vir a Cannes, mas ele não consegue pôr um sorriso no rosto. Não enquanto a equipe que trabalhou com ele em “The Seed of the Sacred Fig” segue no país, sem permissão para deixá-lo, e enquanto a República Islâmica continuar praticando o que labareda de terrorismo, mesmo posteriormente a morte do presidente Ebrahim Raisi num acidente de helicóptero.

“Eu sei que deveria estar feliz, mas eu simplesmente não consigo pôr um sorriso no rosto. Eu tento, falando honestamente, mas quando você vê crianças sendo mortas e perdendo seus olhos em protestos, essa não é uma opção”, diz ele a um grupo de jornalistas no Palácio dos Festivais, numa entrevista montada às pressas.

A equipe que apresenta “The Seed of the Sacred Fig” no evento não tinha certeza se ele viria, mas foi surpreendida quando, na segunda-feira da semana passada, ele anunciou que estava num lugar seguro e não divulgado na Alemanha, posteriormente uma fuga a pé pelas montanhas.

Os detalhes de porquê veio à França são obscuros, já que seus documentos haviam sido confiscados pelas autoridades iranianas depois de ele ter sido sentenciado a oito anos de prisão.

Normalmente, as entrevistas dos filmes que concorrem à Palma de Ouro acontecem nos luxuosos hotéis onde suas estrelas e diretores ficam hospedados. Por cautela, optou-se por trazê-lo à sede do festival, que teve a segurança reforçada para a première do filme, nesta sexta-feira (24) –um pouco que já havia ocorrido para as estreias de “The Belle from Gaza” e “Limonov: The Ballad of Eddie”, no contexto das guerras entre Israel e Hamas e Ucrânia e Rússia.

“De qualquer forma, é um sucesso para o cinema iraniano estar em Cannes. Mas não penso em reconhecimento, unicamente em quando vou poder recontar a minha próxima história”, afirma Rasoulof, que entregou nos 45 do segundo tempo o filme mais potente da seleção de longas. Ele ainda não tem planos do que fazer, agora que está fora de seu país natal, objeto médio de toda a sua filmografia.

“The Seed of the Sacred Fig”, ou a semente do figo sagrado, abre com uma explicação de seu título. As figueiras, ficamos sabendo, derramam suas sementes perto de outras árvores e, quando começam a crescer, sufocam as espécies ao volta. É uma metáfora para o dominador governo iraniano, retratado no filme porquê responsável por plantar intriga e devastação entre seus cidadãos.

No meio da trama está uma família de classe média, unida, que poderia ser deslocada para muitos outros contextos. Uma vez que nos lares brasileiros, há conflitos geracionais entre os pais e as duas filhas, e também em relação aos rumos políticos do país.

Elas querem trespassar nas ruas sem véu, pintar as unhas e reivindicar pela falta de direitos das mulheres no Irã. Já os pais acreditam cegamente no que diz a televisão governista e sob exprobação do país, não por malvadeza, mas por ignorância e susto. Eles até acolhem uma amiga da faculdade da filha, que tem o rosto deformado por estilhaços ao participar de uma sintoma.

Tudo complica quando o pai é promovido a um importante missão no tribunal revolucionário, e começa a passar os dias aprovando penas de morte com as quais não concorda. É um missão de risco, o que faz entrar na trama um clima de paranoia que opõe gerações e, depois, gêneros.

Rasoulof teve a teoria para o filme na prisão, quando um guarda lhe disse, posteriormente uma sessão de tortura com outro recluso político, que qualquer dia cometeria suicídio. Ele não aguentava mais chegar em lar e ter que inventar desculpas quando os filhos perguntavam qual era o seu trabalho. No longa, também, o pai mantém em sigilo da família o que realmente faz.

As atrizes que interpretam as filhas conseguiram fugir do Irã antes de as notícias sobre o filme surgirem, diz Rasoulof. Aqueles que interpretam os pais, muito porquê boa secção da equipe técnica, estão impedidos de deixar o território. No tapete vermelho desta sexta, o cineasta segurou fotos deles. “Eu história com vocês, e com a janela do Festival de Cannes, para que eles consigam permanecer muito.”

No Irã, onde já havia sido recluso, sua última sentença incluía ainda uma multa, o confisco de suas propriedades e flagelação por ter garrafas de vinho em seu apartamento –o álcool é proibido naquela teocracia, que segue rígidas leis islâmicas desde sua revolução no termo dos anos 1970.

Rasoulof foi para a prisão em julho de 2022, por assinar uma petição pedindo o termo do uso de armas contra manifestantes, e em fevereiro do ano pretérito passou para prisão domiciliar por questões de saúde. Vídeos reais de protestos e da brutalidade da polícia iraniana entrecortam a ficção de “The Seed of the Sacred Fig”.

O longa é fruto de um quebradiço processo de filmagem, já que o cineasta estava proibido de gravar no país desde 2017. A Alemanha, onde escolheu morar por ora, foi o país que lhe deu o mais significativo prêmio de sua curso até agora, o Urso de Ouro do Festival de Berlim por “Não Há Mal Qualquer”, em que também cutuca as autoridades numa crestomatia sobre a pena de morte.

Em Cannes, já ganhou o prêmio principal e o de direção da mostra Um Claro Olhar, por “Lerd” e “Au Revoir”, respectivamente, e o da associação de críticos por “Manuscritos Não Queimam”.

São grandes as chances de vencer, agora, a Palma de Ouro, num filme que deve se solidificar porquê a unanimidade da competição.

Numa sessão para jornalistas na manhã desta sexta, o longa encerrou sob aplausos calorosos, um pouco vasqueiro nesse tipo de exibição. Resta saber se o júri presidido por Greta Gerwig vai resistir à tentação de dar a Palma de Ouro para uma diretora mulher, já que Andrea Arnold e Coralie Fargeat apresentaram dois dos trabalhos mais sólidos desta edição.

Laurear “The Seed of the Sacred Fig” seria uma escolha política, mas também artística, já que o filme também é fabuloso enquanto experiência cinematográfica.

Folha

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