O Festival de Cinema de Cannes deste ano terminou e, dentre as centenas de filmes que estrearam no evento, alguns prometem dar o que falar.
Entre eles, estão “A Simple Accident”, do iraniano Jafar Panahi, que ganhou a Palma de Ouro no festival, e o brasílio “O Agente Secreto”, que rendeu o prêmio de melhor ator para Wagner Moura, e de melhor diretor para Kleber Mendonça Fruto.
Confira a seguir a lista selecionada pela BBC Culture destes e de outros filmes do festival que você não pode deixar de ver:
1. ‘Die, My Love’
Com a força de estrelas porquê Jennifer Lawrence e Robert Pattinson, e as credenciais de arte da aclamada cineasta escocesa Lynne Ramsay (“Morvern Callar”, “Precisamos Falar Sobre o Kevin”), “Die, My Love” era um dos títulos mais aguardados no Festival de Cinema de Cannes, onde foi vendido para a Mubi por US$ 24 milhões, ou R$ 135,5 milhões.
Apropriado de um romance de 2017 de Ariana Harwicz, Lawrence e Pattinson interpretam um parelha enamorado de quem relacionamento se desfaz posteriormente uma mudança para o campo e o promanação do rebento, e se concentra no colapso mental da personagem de Lawrence.
No entanto, em um evento do festival, Ramsay criticou a versão que os jornalistas fizeram do filme porquê sendo puramente sobre depressão pós-parto, dizendo que, na verdade, era “sobre o colapso de um relacionamento, do paixão e do sexo depois de ter um bebê. E também sobre um bloqueio criativo”.
Os críticos elogiaram principalmente o elenco, que inclui Sissy Spacek, LaKeith Stanfield e Nick Nolte –o filme se destaca pela atuação proveniente, sensual e bem-humorada de Lawrence.
“O que Lawrence faz em ‘Die, My Love’ é tão delicadamente texturizado, mesmo com sua sentença ousada e sua raiva ardente, que nos deixa sem adjetivos”, escreveu Stephanie Zacharek na revista Time, enquanto Nicholas Barber, da BBC, a considera “melhor do que nunca”.
2. ‘Sound of Falling’
Até mesmo para os padrões de Cannes, “Sound of Falling” é uma obra de arte sobremaneira ambiciosa, ricamente texturizada e bela. O segundo longa-metragem de Mascha Schilinski se passa em torno da mesma moradia de rancho na Alemanha, mas abrange quatro períodos de tempo diferentes.
Vemos os mesmos personagens porquê crianças pequenas e porquê idosos; ouvimos os traumas que ecoam por meio das gerações. Pode ser reptador entender porquê todos estão conectados uns aos outros e, em alguns aspectos, Sound of Falling lembra mais um romance do que um filme padrão.
Mas Schilinski cria efeitos envolventes e assustadores que só são possíveis na tela do cinema.
“Cinema é uma termo muito pequena para descrever o que nascente homérico extenso, porém intimista, alcança com seu clarão etéreo e perturbador”, afirmou Damon Wise no site Deadline. “Esqueça Cannes, esqueça a competição, esqueça até mesmo o ano inteiro –’Sound of Falling’ é atemporal.”
3. ‘Pillion’
É provável que nenhum filme tenha tido uma premissa mais marcante nascente ano do que esse longa-metragem britânico exibido na mostra Un Certain Regard: um romance gay BDSM ({sigla} em inglês para submissão, dominação, sadismo e masoquismo), com o planeta de Hollywood Alexander Skarsgård no papel de Ray, um motociclista “dominante”, vestido de epiderme, que vive nos subúrbios de Londres e encontra um parceiro “submisso” na forma do adorável inspetor de estacionamento Colin, interpretado por Harry Melling, planeta de “Harry Potter”.
Mas o filme em si não é uma mera provocação –e, sim, uma estudo perspicaz e louvavelmente complexa sobre esse tipo de relacionamento. Inicialmente, quando o inexperiente e nerd Colin é apresentado a um mundo totalmente novo de transgressão sexual, o filme parece ocupar o território clássico da comédia britânica em seu tom peculiar e caricato, apesar do tema ousado.
Mas também se torna mais sombrio à medida que avança, levando o público a refletir se a versão de papéis degradante é puro insulto emocional; os acontecimentos chegam ao orgasmo com uma cena de almoço eletrizante e excruciante, na qual a mãe de Colin (Lesley Sharp) confronta Ray sobre o tratamento que ele dá ao rebento.
Alguns críticos, porquê David Rooney, da revista The Hollywood Reporter, consideraram o filme “inesperadamente guloseima”, embora, para mim, tenha sido muito mais perturbador do que isso –um sinal, talvez, de que pode dividir opiniões quando for lançado para o público em universal.
4. ‘Eddington’
Um thriller de comédia selvagem e caótico de Ari Aster, diretor de “Hereditário” e “Midsommar”, “Eddington” é protagonizado por Joaquin Phoenix no papel de um xerife atrapalhado de uma cidade pequena que se imagina o herói da sua história, mas que pode ser exclusivamente o vilão indigno e detestável.
O cenário é o Novo México em 2020. Aster zomba da maneira porquê os americanos reagiram à pandemia de Covid-19, aos protestos do movimento Black Lives Matter e a outros eventos que definiram aquele ano estranho, tornando nascente um dos únicos grandes filmes dos EUA a mourejar com tantas questões políticas contemporâneas que geram polarização.
Pedro Pascal, Emma Stone e Austin Butler estrelam o que Sophie Monks Kaufman, do jornal Independent, chamou de “o filme mais engraçado de Aster até hoje”. O “perspicaz” “Eddington” “oferece uma perspectiva que mostra que o Velho Oeste ainda existe offline e online”, ela escreve, “e um olhar discreto para as pessoas que crescem em uma paisagem arenosa, cercada por montanhas e solitária”.
5. ‘O Agente Secreto’
O thriller brasílio sobre um varão em fuga, ambientado no Recife de 1977, rendeu os prêmios de melhor ator para Wagner Moura e melhor diretor para Kleber Mendonça Fruto no Festival de Cannes. Olhando mais avante, parece provável que siga os passos de “Ainda Estou Cá”, outro filme que se passa durante a ditadura militar brasileira dos anos 1970, que ganhou o Oscar de melhor filme internacional em 2025.
Com duas horas e 40 minutos, “O Agente Secreto” leva um bom tempo para se desenrolar, antes de uma perseguição final emocionante e sangrenta, e um desfecho pungente que ecoa “Ainda Estou Cá” em sua reflexão sobre o legado desse período turbulento na história do Brasil.
O simpático protagonista, Marcelo, é interpretado por Wagner Moura, em uma atuação carismática.
Em sua sátira no jornal britânico The Guardian, na qual concedeu cinco estrelas ao filme, Peter Bradshaw escreveu: “‘O Agente Secreto’ não tem os imperativos de um thriller convencional, e esperar por isso vai promover impaciência. É mais romanesco em sua maneira de ser: um filme de personalidade, uma vitrine para a atuação complexa e empática de Moura, mas também a plataforma para uma produção cinematográfica emocionante e corajosa.”
6. ‘Sentimental Value’
“A Pior Pessoa do Mundo”, de Joachim Trier, foi um sucesso em Cannes em 2021, e acabou sendo indicado a dois Oscars. Agora, o diretor norueguês está de volta com outra comédia dramática perspicaz ambientada em Oslo, com a mesma estrela, Renate Reinsve. Em “Sentimental Value”, ela interpreta uma famosa atriz de teatro e televisão.
O pai dela, detestável e egocêntrico, interpretado por Stellan Skarsgard, é um diretor de cinema de peso, mas há 15 anos não consegue receber numerário para um novo projeto.
Será que é por isso que ele escreveu um roteiro principalmente para a filha famosa? Ou será que o filme proposto é um esforço sincero para resolver os problemas entre eles?
“À primeira vista, o filme pode tocar no tema familiar de porquê os artistas se inspiram em suas próprias vidas”, observou Tim Grierson na revista Screen International, “mas Renate Reinsve e Stellan Skarsgard trazem uma ternura incrível a uma história que, em última estudo, é sobre o que pais e filhos nunca dizem uns aos outros.”
7. ‘Sirat’
Apesar de todos os projetos com grandes nomes envolvidos, uma das verdadeiras alegrias de Cannes é quando filmes que chegaram ao festival porquê relativamente desconhecidos terminam porquê grandes temas de debate, graças à sua ousadia e brilhantismo.
Levante foi o caso nascente ano de “Sirat”, o primeiro filme do diretor espanhol Oliver Laxe na competição principal, que deixou as pessoas também extasiadas e estressadas, ao mesmo tempo em que tiveram dificuldade para explicar do que se trata.
Mas vamos lá: começando em uma rave no deserto marroquino, cuja crescente falta de perspicuidade dá o tom distorcido, o filme se concentra em um pai à procura da filha desaparecida.
Quando as forças militares chegam para terminar com a sarau, um elemento apocalíptico é introduzido na história, antes que ela se transforme em um comovente filme de viagem pela estrada, quando pai e rebento se juntam a um satisfeito grupo de hedonistas dirigindo pelas montanhas a caminho de outro evento.
Mas, portanto, uma série de reviravoltas chocantes muda tudo, transformando o filme em um drama existencial, com ares de humor ácido, que é meio “Mad Max”, meio Samuel Beckett –ou, porquê Jessica Kiang, da Variety, chamou de “uma visão brilhantemente bizarra e cult da psicologia humana testada até seus limites”.
Com sonoplastia com toques de techno e uma cinematografia inspiradora da paisagem árida do setentrião da África, nascente também é, vale ressaltar, o homérico mais arrebatador dos participantes deste ano –e isso, combinado com seu elemento de choque, pode muito muito fazer com que seja um filme que vai dar o que falar fora do volta de festivais.
8. ‘The Chronology of Water’
Desde que alçou o estrelato com “Ocaso”, Kristen Stewart tem feito escolhas inteligentes e desafiadoras em sua curso, evitando, em grande secção, os grandes sucessos de bilheteria, e optando por projetos independentes ousados e criativos.
Portanto, não é de surpreender que seu primeiro filme detrás das câmeras tenha se mostrado uma obra tão profunda, explorando a feminilidade e o traumatismo, apresentando a atriz porquê uma cineasta de visão real.
Fundamentado em um livro de memórias da escritora Lidia Yuknavitch –interpretada por Imogen Poots–, o filme conta a história pungente da sua luta para processar a dor por meio da arte, abordando sua puerícia abusiva, batalhas com drogas e um bebê natimorto de partir o coração, entre outras coisas.
Só que, porquê o título indica, zero está na ordem narrativa tradicional: em vez disso, Stewart tenta reprofundar na consciência de Yuknavitch por meio de uma colagem fragmentada de imagens e momentos da vida.
Uma vez que escreveu David Fear na revista Rolling Stone, o resultado é “radical, contundente e invasivo em sua honestidade” –mesmo que, às vezes, você deseje que Stewart permita algumas cenas mais convencionais, para respeitar melhor as fortes atuações coadjuvantes, em pessoal, incluindo Thora Birch porquê a mana de Yuknavitc, e Jim Belushi porquê seu mentor, Ken Kesey, responsável de “Um Estranho no Ninho”.
Mas seu poder mais impressionista significa que é o tipo de filme que permanece e nos assombra muito tempo depois dos créditos finais –e, por essa razão, assim porquê pela popularidade da sua diretora, pode muito muito invadir uma base de fãs já devotos.
9. ‘Urchin’
Um dos temas do festival deste ano foram os filmes muito recebidos feitos por atores que estavam tentando ser diretores e roteiristas.
Ao lado de Scarlett Johansson e Kristen Stewart, Harris Dickinson (“Babygirl”) fez sua estreia detrás das câmeras com Urchin, um drama aguçado e maliciosamente cômico sobre um jovem de classe média (Frank Dillane) que é viciado em drogas e sem-teto há anos.
É um filme ousado, pois não tenta fazer com que seu protagonista seja popular, nem explica porquê alguém de origem abastada acabou nas ruas.
Dickinson é impressionante quando aparece em algumas cenas, mas “Urchin” sugere que ele poderia atuar tanto porquê diretor quanto porquê ator para o futuro.
Seus papéis anteriores “parecem ter funcionado porquê uma escola informal de cinema”, diz David Rooney na revista The Hollywood Reporter, “capacitando ele para abordar um objecto bastante multíplice de forma ponderada, distinta e claramente extraída de um estudo minucioso de um mundo altamente específico”.
10. ‘My Father’s Shadow’
Cannes pode certamente ser a principal plataforma para o cinema mundial porquê um todo, mas nem todas as partes do orbe estão também representadas –e certamente é um choque que a edição deste ano tenha sido a primeira a receber um filme nigeriano em sua seleção solene.
Mas, certamente, depois do impacto que “My Father’s Shadow” teve no festival, é de se esperar que muito mais filmes nigerianos sigam seus passos nos próximos anos.
O longa-metragem de estreia de Akinola Davies Jr. foi asilado com clamor universal, oferecendo uma bela representação pungente da memória da puerícia, ambientada em um ponto crucial da história do país no início dos anos 1990.
O foco está em dois meninos, que são levados pelo pai, Folarin (Ṣọpẹ́ Dìrísù) –frequentemente ausente, mas estremecido– em uma viagem a Lagos, capital da Nigéria, no mesmo dia em que está marcada a primeira eleição presidencial democrática do país em 10 anos.
O que se segue é um retrato vibrante, ricamente texturizado e, por termo, fortemente melancólico de um pai com os filhos que aproveitam um tempo valedouro juntos em meio a uma sociedade no limite.
Tim Robey, crítico do jornal britânico The Telegraph, concedeu cinco estrelas à produção: “O filme é magicamente destro, abrangendo tanta vida de forma tão incisiva em um dia. Ele sonha com um horizonte – para o país e para a família – e lamenta a usurpação do que poderia ter sido.”
11. ‘Nouvelle Vague’
O tributo de Richard Linklater ao responsável Jean-Luc Godard é uma espiada nos bastidores da produção de “Acuado” (“À bout de souffle”), clássico policial de Godard de 1960.
Uma missiva de paixão ao cinema francesismo, ao grupo de escritores da revista Cahiers du Cinéma e à revolucionária “Nouvelle Vague” dos anos 1960, o filme de Linklater poderia ter sido feito sob medida para o Festival de Cinema de Cannes –ele até apresenta algumas piadas internas de Cannes que provocaram sorrisos complacentes nas exibições.
O filme de Linklater é uma produção ligeiro, mas executada com maestria –desde o elenco incrível (Guillaume Marbeck porquê Godard, Aubry Dullin porquê Jean-Paul Belmondo e Zoey Deutch porquê Jean Seberg estão perfeitos) até a trilha sonora propulsora e jazzística.
“Uma obra de paixão e um resultado de considerável habilidade…”, escreveu Ben Croll no site The Wrap. “[Nouvelle Vague é] mais do que uma enunciação de paixão ao movimento francesismo; o filme também é uma vitrine discreta para um cineasta raramente aclamado (ou, neste quesito, homenageado) por sua sofisticação técnica.”
12. ‘It Was Just an Accident’
Esqueça Tom Cruise. No que diz reverência aos cinéfilos, um dos maiores acontecimentos de Cannes foi a presença de Jafar Panahi. No pretérito, o regime do Irã proibiu o aclamado diretor de fazer filmes e de viajar, por isso foi motivo de grande comemoração o vestimenta de ele ter podido ir ao festival e apresentar um filme novo –que conquistou a Palma de Ouro.
“It Was Just an Accident” é um thriller de vingança caricato sobre um grupo de cidadãos comuns que pensam ter encontrado o interrogador que os torturou quando estavam na prisão, mas que não têm certeza de que estão com o varão evidente.
O filme é manteúdo pela revolta em relação à brutalidade da ditadura do Irã, mas é milagrosamente humano e engraçado também. Peter Bradshaw, do jornal britânico The Guardian, disse: “É outro filme sério e cômico impressionante de uma das figuras mais distintas e corajosas do cinema mundial”.
Levante texto foi publicado originalmente cá.