Capitão América 4 Interessa Por Presidente Harrison Ford 13/02/2025

Capitão América 4 interessa por presidente Harrison Ford – 13/02/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O Marvel Studios tem lá a sua prestação de boas ideias, mas uma delas com certeza não é a de furar 2025 com um thriller político sobre o presidente dos Estados Unidos. Pelo menos na estreia, a sessão de “Capitão América: Excelente Mundo Novo” tem um quê de surreal diante do momento político vivido pelos americanos.

Enquanto o país passa por dias de caos no início do segundo governo de Donald Trump, o novo filme do estúdio traz uma versão ficcional do director do Executivo ao meio do seu universo de super-heróis. O personagem, no caso, é o general Thaddeus Ross, contraditor resgatado da prolongação anterior da série, “Guerra Social”, de 2016.

A plataforma eleitoral de Ross, que abre o longa, foi pensada em cima da promessa de união diante de ameaças externas, sobretudo diante dos efeitos da guerra de Thanos contra os Vingadores.

Já a história é engatilhada por uma tentativa de assassínio do presidente durante um evento com oficiais de outros países, o que desperta questões sobre a sua capacidade de liderança. Ross tem experiência de guerra, enfim, e ficou espargido pelos seus frequentes acessos de raiva —um tanto que ele agora tenta controlar.

É difícil não pensar em Trump durante o filme, mesmo sabendo que a produção começou as gravações em 2023, muito antes das últimas eleições americanas. Diante disso, o timing do longa é no mínimo equivocado, criando paralelos políticos a torto e recta.

Mas “Excelente Mundo Novo”, o filme, também não ajuda. De formidável, o quarto “Capitão América” tem zero.

A prolongação é um resto de filme perdido na máquina de produção da Marvel, resultado de diversas refilmagens e da sanha do estúdio em manter colado o seu universo de personagens. Essa colagem de títulos ourela ao sem razão cá, lembrando muitas vezes a bagunça generalizada de “As Marvels”, de 2023.

Um exemplo disso é que segmento da premissa está ligada ao desfecho do filme “Eternos”, de 2021, enquanto o protagonista vem da série “Falcão e o Soldado Invernal”, do mesmo ano. Mas uma boa porção dos personagens na trama é reciclada do filme “O Incrível Hulk”, de 2008, com um rescaldo das situações vistas em “Guerra Social”.

O filme existe em qualquer lugar nessa bagunça, tendo avante Sam Wilson, papel de Anthony Mackie. O idoso Falcão assume de vez o véu do Capitão América na história, que se vale das crises do personagem com essa novidade posição.

Primeiro porque Wilson decide colaborar com o presidente, mesmo o solene tendo o encarcerado no filme anterior —seria para dar esperança ao povo, diz o herói no prelúdios.

Depois, o Capitão se rebela da posição para salvar um camarada manipulado no atentado e desvendar a verdade por trás do transgressão. Nisso ele se vê fragilizado, até por não ter os poderes do predecessor do véu, e em qualquer momento isso vira um problema —”me sinto pequeno”, confessa o protagonista lá para o final.

A responsabilidade vai pesando em Sam Wilson diante dos riscos da história, que dá voltas na paranoia política. Enquanto o presidente luta para prometer um tratado de exploração de um novo metal valioso, o filme tenta renovar o Capitão América porquê símbolo de silêncio diante da política internacional.

Isso é uma bela litania mesmo para os padrões da série, que nos últimos dois filmes fez questão de mostrar um Capitão insurrecionista. A teoria azeda ainda mais quando se nota que a prolongação é uma imitação carcomida da intriga política de “O Soldado Invernal”, o segundo longa da franquia —ele até mesmo cria herdeiros do Falcão e da Viúva Negra para seguir o protagonista na façanha.

Com uma trama que gira em falso, um protagonista que não diz a que veio e cenas de ação montadas de qualquer jeito, o que sobra no filme é a figura do presidente Ross. A presença de Harrison Ford no papel —substituindo William Hurt, morto em 2022— é um bônus, mas o personagem em si intriga pelas inevitáveis conotações com a verdade.

Na falta de um Capitão América mais interessante, Thaddeus Ross é o verdadeiro isca de “Excelente Mundo Novo”, e a sensação é a de que o estúdio percebeu isso. Todo o orgasmo do filme, que desemboca no presidente virando um Hulk, está ligado à teoria de que o personagem possa ou não ser digno de resgate, um tanto mediado no combate final com o herói.

O que deixa tudo isso intrigante não é o filme, mas de novo o timing da parábola política. Com uma produção tão turbulenta, com muitos roteiristas e refilmagens, o presidente da ficção virou uma liga esquisita do antes e depois das últimas eleições americanas.

O roda do personagem lembra muitas vezes Trump, em próprio quando fica irascível, mas algumas horas dá para ver um tanto do ex-presidente americano Joe Biden na atuação de Ford. Sobretudo nos vislumbres de sua vida pessoal, com sua indecisão e a relação ruim com a filha guiando segmento da trama.

Já o filme, em si, paga de ingênuo. A solução para o conflito com Ross é risível, quase respondendo a questão sobre o presidente com a esperança panfletária de uma cantiga porquê “We Are the World”. O que é ótimo, não me entenda mal. Nesse momento, a prolongação lembra o público que a sua profundidade política é do tamanho de uma piscina infantil.

Folha

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