Carnaval: Blocos Infantis Propiciam Desenvolvimento De Crianças

Carnaval: blocos infantis propiciam desenvolvimento de crianças

Brasil

banner carnaval 2024

 

Na lar da odontopediatra Thayse Brandi, uma rotina toma conta durante os dias de carnaval. Ela e a filha, Valentina, de 8 anos, reservam um tempo para pensar em fantasia e se aprontarem para bloquinhos infantis. “Sempre vamos combinando. Antigamente eu escolhia. Agora fazemos isso juntas”, conta a moradora do Rio de Janeiro.

Em 2024, pelo segundo ano seguido, mãe e filha têm mais um parceiro de folia. É o Lucca, caçula da família, de 1 ano e 1 mês de idade, que acompanha a mãe no sling – malha que mantém o bebê atado ao pescoço do adulto.

Carnaval: blocos infantis propiciam desenvolvimento de crianças. - Thayse Brandi sempre leva os filhos para blocos infantis. Foto: Arquivo Pessoal
Carnaval: blocos infantis propiciam desenvolvimento de crianças. - Thayse Brandi sempre leva os filhos para blocos infantis. Foto: Arquivo Pessoal

Thayse Brandi sempre leva os filhos para blocos infantis. Foto: Registro pessoal

Thayse, que já frequentava blocos antes de ser mãe, acredita que a presença dos filhos nos bloquinhos faz muito para o desenvolvimento deles.

“A moçoilo aprende muito pelo que ela vivencia, não só pelo que é dito para ela. Portanto, ela vê a gente vivenciando esse momento com muita alegria, com muita descontração, com muita simetria. Eu acho que é importante para a moçoilo ver isso”, avalia.

Recta de galhofar

Risota e diversão são direitos de todas as crianças, inclusive reservado pelo Cláusula 227 da Constituição. E o carnaval é um envolvente propício para exercê-lo, segundo especialistas.

“É uma sintoma cultural, sarau intergeracional, democrática e coletiva. Os blocos são uma forma de prometer os direitos das crianças a essa participação cultural de uma forma mais protagonizada. Um espaço voltado para elas. Uma liberdade de geração de fantasias, danças e canções”, descreve à Sucursal Brasil a professora da Faculdade de Instrução da Universidade Federalista de Juiz de Fora (MG) Ana Rosa Moreira.

Blocos filhotes

Para tornar os blocos carnavalescos ambientes cada vez mais adequados à criancice, a tradição momesca passou por algumas adaptações. Um exemplo foi o bloquinho que surgiu no carnaval carioca.

Do conjunto Largo do Machado, Mas Não Largo do Copo surgiu, em 2011, o Largo do Machadinho, Mas Não Largo do Suquinho, que anima segmento da zona sul carioca nas segundas-feiras de carnaval. Os dois fazem uma folguedo com o nome do bairro onde se concentram, o Largo do Machado.

A pedagoga Carla Wendling, fundadora da atração mirim, lembra que foi uma reclamação da neta, de 5 anos, que despontou a teoria de fabricar um conjunto filhote.

“Eu levei a minha neta, e ela falou ‘vó, que música chata’, porque o conjunto tradicional só toca marchinha e sambas autorais. Portanto surgiu a teoria do conjunto infantil”.  

Depois disso, foi criado o bloquinho com repertório de cantigas de roda com ritmo de marchinhas.

Carnaval: blocos infantis propiciam desenvolvimento de crianças. - Thayse Brandi sempre leva os filhos para blocos infantis. Foto: Arquivo Pessoal
Carnaval: blocos infantis propiciam desenvolvimento de crianças. - Thayse Brandi sempre leva os filhos para blocos infantis. Foto: Arquivo Pessoal

Carnaval: blocos infantis propiciam desenvolvimento de crianças. – Thayse Brandi sempre leva os filhos para blocos infantis. Foto: Registro Pessoal – Registro pessoal

“Foi muito bacana. Aliás, a música dá essa questão do desenvolvimento. Não só a questão de desenvolvimento da linguagem, uma vez que o [desenvolvimento] motor e a socialização”, analisa a professora infantil e presidente do conjunto que foi apadrinhado pelo cartunista Ziraldo.

Memória afetiva

Ana Rosa, que é psicóloga e faz segmento do recomendação da Federação pela Puerícia, ONG criada para fazer o recta de galhofar se espalhar por várias partes do país e classes sociais, também enxerga nos bloquinhos ferramentas de desenvolvimento infantil.

“Nesse espaço dos blocos, a gente acaba organizando um envolvente de folguedo onde a moçoilo pode manifestar a alegria dela, a participação dela a partir da dimensão lúdica. O galhofar é extremamente potente uma vez que uma forma de linguagem, também de se apropriar da cultura, de se relacionar com o mundo”.

A psicóloga encontra no envolvente dos blocos mirins terreno fértil para o surgimento de memórias afetivas nas crianças.

“Elas ficam muito encantadas com o variegado, o clarão, os adereços, toda essa elaboração cultural. É importante que as crianças tenham esse contato direto, não sejam somente espectadores, mas protagonistas. Isso, certamente, gera memórias afetivas que estarão presentes na história de vida dela, porque ela vivencia, ela significa esse momento uma vez que um agente ativo e não uma vez que mero testemunha”, analisa.

Ana Rosa explica que a presença da moçoilo em um envolvente de carnaval acaba sendo também uma forma de estágio para a vida.

“É um espaço de apropriação cultural e também de estágio, saudação, saudação ao outro, de trocas. É uma experiência muito formativa”, considera.

Cuidados e sustento

Para que a diversão de carnaval não seja interrompida por sustos, o pediatra Tadeu Fernando Fernandes, da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), enumera alguns cuidados que pais e responsáveis devem ter com as crianças nas jornadas de blocos.

“Carnaval é era de redobrar os cuidados com a prevenção de acidentes com crianças”, diz. Uma dica inicial é que a moçoilo seja devidamente identifica, por exemplo, com uma pulseira ou grudar na qual constem dados uma vez que nome e telefone.

“É uma era de calor, verão, portanto a sustento tem que ser ligeiro, à base de suco oriundo de frutas, chuva de coco – especificamente para os maiores de um ano de idade, hidratar comendo frutas, legumes e verduras. Evitar os produtos lácteos porque a deterioração nesta era de calor é muito grande”, lista o presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP.

Fernando Fernandes acrescenta a preço de proteger a pele com protetor solar. O pediatra alerta os responsáveis para que fiquem atentos a riscos de acidentes durante brincadeiras de decorrer e puxar. Outra preocupação tem que ser em relação a produtos químicos, uma vez que os presentes em sprays de espuma.

“Esses sprays podem dar alergia na pele e no olho”, cita. “Carnaval é uma era de alegria, sarau, mas cabe com as crianças esses cuidados importantíssimos”, conclui.

Ao colocar o conjunto mirim familiar na rua, a odontopediatra Thayse toma alguns cuidados. Ela faz um tampão com algodão para os ouvidos do Lucca, de 1 ano e 1 mês, além de mantê-lo sempre seguro ao corpo dela. “Não fico em lugares insuportavelmente lotados, procuro os que não sejam megablocos”, relata.

Risota sem termo

Por saber que as brincadeiras são uma espécie de enredo para uma puerícia afinada, Thayse faz com que a simetria do espírito carnavalesco esteja em evolução o ano todo dentro de lar. “A minha filha sempre teve um contato com a fantasia de uma maneira muito uniforme na vida dela. Até os 4 anos de idade, ela andava de fantasia dentro de lar todos os dias”.

Outro elemento presente na rotina da família é o trovar. “Quase tudo a gente faz cantando, a hora da comida, do banho, de trocar roupa, todos esses momentos a gente sempre faz cantando de maneira muito lúdica”, conta.

Levar essas experiências e atividades para o lar é uma forma de minimizar a despedida de uma sintoma cultural que tem na Thayse uma grande fã.

“Eu acho o carnaval deixa a gente um pouco mais ligeiro para encarar mais um ano”.

Aliás, fica um pedido da mãe foliona. “Deveria ter mais bloquinho durante o ano, não somente no carnaval”.

Orientações

Por ser um período com muita gente na rua, é importante saber algumas orientações para evitar casos de desaparecimento de crianças. No Rio de Janeiro, a Instauração para a Puerícia e Mocidade (FIA-RJ) elaborou uma silabário com dicas aos pais e responsáveis. Conheça algumas:

– Faça a carteira de identidade de sua filha ou rebento ainda na puerícia (mesmo sendo bebê). Um documento com a foto da moçoilo/juvenil e o nome dos responsáveis pode facilitar a procura, localização e identificação.

– Identifique a moçoilo/juvenil ao transpor de lar. Além de portar sempre a Carteira de Identidade, identifique a moçoilo/juvenil com uma pulseira, crachá ou bordado na roupa contendo dados que permitam sua identificação (nome completo, nome e telefone do responsável, número do RG ou CPF), mesmo que estejam acompanhadas, principalmente nos casos de pessoas com deficiência. Crianças/adolescentes com deficiências ocultas (aquelas que não são percebidas de repentino, uma vez que autismo) também podem utilizar um cordão de fita com desenhos de girassóis uma vez que símbolo pátrio de identificação da deficiência oculta

– Ensine as crianças, desde pequenas, a saber expor seu nome completo e os nomes dos responsáveis.

– Mantenha a moçoilo/juvenil sob supervisão uniforme de um adulto. É importante manter o contato visual com as crianças/adolescentes, um minuto de distração pode ser o suficiente para desaparecerem, principalmente em locais de muito movimento, uma vez que em praias, shopping e eventos.

– Petiz não toma conta de moçoilo. Nunca peça a uma moçoilo/juvenil para tomar conta de outros. Elas não podem ser responsáveis umas pelas outras, pois todas as crianças/adolescentes precisam de proteção e comitiva de um adulto.

– Em caso de desaparecimento, registre imediatamente. Não é necessário esperar mais de 24 horas ou 72 horas para que a moçoilo/juvenil seja considerada desaparecida. Procure a delegacia mais próxima.

banner carnaval 2024
banner carnaval 2024

Fonte EBC

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *