Foliões que saem às ruas para curtir blocos de carnaval nesta segunda-feira (3) comemoram a vitória do longa “Ainda Estou Cá” porquê melhor filme internacional no Oscar. Alguns, no entanto, lamentam por Fernanda Torres não ter levado a estatueta de melhor atriz.
Um trio de amigos resolveu transformar a premiação da noite anterior em fantasia para o desfile do conjunto Vem Cá Minha Flor, no núcleo do Rio de Janeiro.
O professor Fábio Pinho, 39, veio vestido com a camisa do Brasil e se declarou um “patriota do Oscar”. Ele comemorou a vitória do filme de Walter Salles, mas lamentou que Fernanda Torres não tenha levado o prêmio de Melhor Atriz.
“Eu estou dando 72 horas para a Ateneu do Oscar rever esse resultado”, brincou ele.
A namorada dele, Marcela Carrion, 39, professora de yoga, contou que já tinha prestes sua fantasia para esta segunda-feira (3), independentemente do resultado. “Ainda muito que é Carnaval, porque a gente está chateado, mas vai tratar com conjunto”, disse.
Já a amiga do par, Carol Dunley, 36, resolveu prestar uma homenagem direta a Fernanda Torres.
Fantasiada da atriz e carregando uma réplica do Oscar, ela e a amiga ainda adaptaram o nome do conjunto: com uma plaquinha na cabeça, com a frase “Vem Cá Meu Oscar”. Além de foliã, Carol também toca na percussão do conjunto, que saiu pela avenida Marechal Câmara às 9h.
Em São Paulo, antes mesmo do início do Espetacular Charanga do França, foliões já se espremiam na estreita rua Barão de Tatuí, em Santa Cecília, para ocupar um lugar próximo à filarmónica.
As amigas Fernanda Yumi e Clara Garcia nem dormiram em seguida o Oscar. Emendaram a carraspana da madrugada com o conjunto, no núcleo da cidade. “É muita felicidade para dormir”, diz Clara.
A noite reduzida de sono foi relatada por outros foliões que, apesar disso, afirmam estar mais felizes que nunca. “Imagina só, o Brasil no topo do mundo. É um sonho”, diz Bruno Gouveia.
A vitória de ‘Ainda Estou Cá’ coroou uma trajetória já vitoriosa, segundo Erick Cândido, 43. O crítico financeiro estava aguardando o início do conjunto Vou de Táxi, no Parque Ibirapuera (SP), que traz hits dos anos 1990 e 2000.
“Só por ter sido indicado já foi um grande proveito”, afirmou ele, fantasiado com sua trupe de personagens do gravura “Toy Story”.
Em seguida o domingo de Carnaval, coube a Erick dar a notícia da vitória a quem já tinha ido dormir. “Nós fomos comunicados por ele, que assistiu com projetor e tudo em moradia”, disse a médica veterinária Priscila Meneghin, 31.
‘Ainda Estou Cá’ ganhou o Oscar de melhor filme internacional na noite deste domingo (2). O resultado seguiu as expectativas do setor, que apostava na primeira vitória brasileira na categoria.
O longa superou os representantes da Dinamarca, “A Pequena da Agulha”, da Alemanha, “A Semente do Fruto Sagrado”, da Letônia, “Flow”, e da França, “Emilia Pérez”.
Quem recebeu o prêmio foi o diretor, Walter Salles, que agradeceu a Eunice Paiva, ex-advogada brasileira que é vivida por Fernanda Torres no filme. O cineasta homenageou a atriz, protagonista, e Fernanda Montenegro, que faz Eunice idosa no término do longa.
“Obrigado, em primeiro lugar, em nome do cinema brasiliano. É uma honra receber esse prêmio num grupo tão inédito de cineastas. Eu o dedico a uma mulher que, depois de uma perda durante um regime dominador, decidiu não se pender e resistir. Esse prêmio é devotado a ela. Seu nome é Eunice Paiva”, disse.
“Eu dedico esse prêmio também às duas mulheres extraordinárias que deram vida a ela, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.”
Torres perdeu o troféu de melhor atriz para Mikey Madison, protagonista de “Anora” e a mais novidade das indicadas à categoria de melhor atriz, que também superou Demi Moore.
“Acho que repetiram [a injustiça]”, afirmou Suelen Felix, 32, estrategista de marcas, foliã que desfilava no conjunto Vou de Táxi. “Assim porquê a Fernanda Montenegro perdeu para a Gwyneth Paltrow, deram o prêmio para uma novinha.”
Mesmo assim, disse Suelen, a vitória foi e deve ser celebrada, porquê ela fez na noite de domingo (2) no Largo da Santa Cecília, na região medial de São Paulo, que concentrou uma poviléu nos bares com transmissão da cerimônia em diferentes tevês.
No Rio de Janeiro, um grupo de amigos assistiu ao Oscar em Copacabana. Segundo Thaynara Roble, 32, que desfila no conjunto Que Pena Paixão, conta que foi provável ouvir os gritos da vizinhança quando o filme venceu a categoria internacional.
“A gente pulou conjunto, foi para a praia e, ainda assim, parou para ver o Oscar inteiro.”
Já a administradora Marina Firmino, 29, afirma que a guia de Fernanda Torres só teria sido admissível se fosse para Demi Moore, que concorria por “A Substância”.
“O juiz foi ladrão”, brinca ela.
