Enquanto atrizes e atores negros ganham cada vez mais espaços nas novelas, os programas de entretenimento ainda carecem de apresentadores e apresentadoras negras. Ter programas com DNA da negritude, pensados, comandados e feitos para pessoas negras e periféricas parece ainda mais distante. A cobertura do carnaval na TV mostrou que temos muitos talentos e que os canais têm muito a lucrar dando mais espaço para pessoas que se parecem com 56% dos brasileiros.
Mesmo com sua política de volubilidade, os grandes destaques da TV Orbe em 2024 foram a contratação de Eliana, vinda do SBT, e Ana Clara ganhando o posto de apresentadora do Estrela da Vivenda, mantendo a predominância branca nas telas. Tati Machado toda semana “ganhava” nos sites especializados um programa ou projeto solo, enquanto sua colega de Encontro Valeria Almeida era esquecida. No carnaval, Valeria mostrou que tem borogodó e estofo para comandar projetos sola.
Outra que há muito se destaca é Rita Batista, com longa curso em emissoras baianas e nacionais, ela domina o ao vivo, é carismática, tem repertório e sabe improvisar. Quando atua porquê rabino de cerimônias em eventos, sempre rouba a cena. Quem já a viu apresentando sabe que Rita precisa de um programa para invocar de seu, para além do É de Vivenda, Saia Justa e Glô na Rua.
Karine Alves também esbanjou simpatia e seu conhecimento sobre samba na cobertura do carnaval carioca e tem misturado muito os projetos no esporte (ganhou o melhores do ano porquê profissional do esporte em 2024 e assume o Esporte Espetacular) e os de entretenimento (além do carnaval esteve primeiro do reality Craque da Voz, ao lado de Galvão Bueno).
Kenya Sade é uma das boas exceções e tem ganhado destaque nos festivais e eventos musicais na TV Orbe, além de ter continuado no The Masked Singer. Em 2025 foi poupada da cobertura do carnaval, mas deve ter destaque em eventos porquê o show de Lady Gaga, no Rio em maio, e no The Town, em agosto em São Paulo.
Manoel Soares, que saiu da Orbe depois passar meses em conflito com Patrícia Poeta, nunca mais teve o nome ventilado para nenhum programa de TV. Parece confortável realizando os próprios projetos na internet, mas faz falta na telinha, onde levava leveza e informação com uma presença marcante.
Regionalmente, a Orbe tem oferecido destaque para apresentadores negros oriundos do jornalismo porquê Mariana Papa, que apresentou no Rio o Vim de lá: comidas pretas, ao lado do ícone das coberturas carnavalescas Milton Cunha; Mariana Aldano, que comandou temporadas do Mistura Paulista em São Paulo e Luana Assiz, que depois algumas edições do Conversa Preta ganhou o comando do Conexão Bahia.
A TV Cultura tem porquê destaque Adriana Couto, primeiro do Metrópoles há 15 anos, mas cortou programas porquê Na Compasso do Samba, Negros em Foco e Estação Livre em setembro do ano pretérito. Cris Guterres, que apresentava o Estação Livre, um dos poucos programas dirigidos e apresentados por pessoas negras, foi demitida junto com a equipe em 2024 por falta de verbas na emissora. O programa ocupava o horário (sexta às 22h) em que foi exibido por mais de uma dezena o Manos e Minas, que é um dos mais longevos a falar com esse público. O programa sobre música existe desde 2008 e nasceu porquê um quadro do Metrópoles em 1993. Chegou a ser cancelado em 2010, mas voltou ao ar meses depois depois pressão da classe artística.
O Estação Livre ainda não conseguiu volver a situação. O programa passou a ser ameaçado com a chegada do governador Tarcísio Freitas ao governo, com adoção de galanteio de gastos na emissora pública. “Era visto com tarifa identitária, enquanto sabemos que a tarifa da população negra é universal”, afirma Cris, lembrando que o programa pautava pessoas negras falando de assuntos diversos. “Estávamos só existindo na televisão, sem ter que falar de racismo. Reunimos profissionais negros para falar de medicina, recta, tecnologia, psicologia, felicidade, turismo… Mostramos que nós, negros, podemos falar de qualquer coisa”, reforça.
O SBT, que mexe na programação semanalmente, não tem nos seus quadros apresentadores negros no entretenimento, assim porquê Record e Band. É importante lembrar de Netinho de Paula que, polêmicas à segmento, esteve primeiro de programas dominicais e entrou para o imaginário do povo preto com seu “Dia de Princesa”, que dava audiência, repercussão e bons rendimentos econômicos para as emissoras por onde passou. Está mais do que na hora das emissoras entenderem que ter quem se parece com o povo sempre vai render identificação e novas narrativas, além de retorno mercantil e audiência.
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