Casa De Tomie Ohtake Abre Para Visita Com Mostra De

Casa de Tomie Ohtake abre para visita com mostra de arte – 09/08/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Camufladas na paisagem muitas vezes sem perdão de São Paulo, duas casas de estética brutalista, pequenas joias da arquitetura nas quais se vê, no interno, o esplendor e a sisudez do concreto usado nas construções, abrem pelas próximas semanas para visitação.

Uma delas, no Morumbi, da arquiteta e designer Chu Ming Silveira, desenhada por ela no início dos anos 1970, era uma espécie de sigilo até para os iniciados, escondida detrás de um portão numa rua insuspeita do bairro.

A outra lar, erguida em 1968, onde viveu e criou a pintora Tomie Ohtake, no bairro do Campo Belo, é mais comentada do que conhecida. A residência, projetada por seu rebento, o arquiteto Ruy Ohtake, só foi acessada pelos poucos privilegiados que eram convidados para os almoços de domingo oferecidos pela artista.

Mas nascente cenário de exclusividade vai mudar. A partir deste domingo, será provável ver de perto esses monumentos que ajudaram a chamada escola paulista de arquitetura a entrar para os livros e fazer reputação mundo afora. As residências recebem a exposição de arte e design Franco 3, iniciativa responsável por transfixar casas privadas de valor histórico.

Agora em sua terceira edição, a Franco 3 já aconteceu, em 2022, na única lar em pé desenhada por Oscar Niemeyer em São Paulo, e em outra de Vilanova Artigas, no ano pretérito.

“O Brasil tem uma riqueza de arquitetura desde a estação do modernismo e depois a escola paulista. Mas as pessoas não conhecem, e casas assim têm que ser valorizadas”, afirma a designer de móveis Claudia Moreira Salles, uma das organizadoras da exposição. “Quando a gente esvazia [a casa], tira os objetos, você vê o projeto uma vez que ele foi pensado. Você entende a arquitetura.”

A mostra deixa ambas as casas no osso, sem qualquer traste ou decoração, para que elas sirvam de palco para as obras de arte, que às vezes ficam diminutas em conferência com o figura único dos ambientes onde se inserem. Na residência de Silveira —nome presente na vida de milhões de brasileiros por ter inventado o orelhão, em 1972—, estão reunidos medalhões da arte do século 20 e artistas mulheres que tiveram reconhecimento tardio.

Por exemplo, há uma tela de Eleonore Koch afixada entre as prateleiras de concreto do que funcionava uma vez que estante, próxima a um bicho de Lygia Clark disposto sob a chaminé da lareira, um volume feito do mesmo material que surge do teto e invade a sala. Neste cômodo estão ainda três esculturas de Anna Maria Maiolino, laureada na Bienal de Veneza deste ano pelo conjunto de sua obra.

Num dos quartos dos filhos, há um vasqueiro aparelho cinecromático de Abraham Palatnik, enquanto na sala de jantar há só obras brancas, uma vez que uma obra da série “Droguinhas” de Lygia Clark, uma portentosa estátua de pavimento de Sérgio Camargo e uma pintura de Amelia Toledo. Todas as obras da Franco 3 vem de galerias e estão à venda.

Embora seja toda feita de concreto e não tenha paredes paralelas, a lar de Silveira não lembra uma caverna, porque há ingresso generosa de luz em praticamente todos os cômodos. A sensação para o visitante é dissemelhante na residência e ateliê de Ohtake —o pé recta ordinário dá a sensação de se estar num casulo, sensação acentuada pelas formas geométricas de cimento no teto.

Dito isso, a disposição das telas nas paredes da lar de Ohtake lembra mais uma exposição tradicional, descontando o traje de que não se está num cubo branco de galeria ou museu onde a arte costuma ser vista. A maioria dos trabalhos em exibição é inédita, fruto de comissionamento de artistas contemporâneos conhecidos ou em subida, tipo um quem é quem dos nomes mais quentes no mercado de arte agora.

Há telas feitas de cimento e madeira de Marina Hashem e uma imensa pintura abstrata de Sophia Loeb, brasileira que se formou em Londres, onde está estourando no giro depois de passar a ser representada por uma galeria sítio. No jardim, ficam esculturas com os respingos derretidos de Erika Verzutti, e no vetusto ateliê da artista uma obra de Carolina Cordeiro, feita com assadeiras, está camuflada no envolvente.

Uma vez que a lar foi feita em três etapas, em décadas distintas, o espaço de trabalho da artista migrou para uma extensão mais ampla, com mais luz procedente. Ali se pode ver as tintas e pincéis usados por Ohtake, assim uma vez que ela os deixou antes de morrer, uma seleção de telas suas, maquetes de seus projetos públicos, estudos de obras e também recortes de jornal que usava uma vez que inspiração.

Obras, o consultor de arte Filipe Assis, outro dos organizadores da exposição, destaca o traje de que casas uma vez que essas ficam localizadas no meio da cidade, uma propriedade própria de São Paulo em conferência a projetos do tipo na Europa, situados no campo ou mais afastados dos centros urbanos.

Assis diz ainda que escolher casas de duas mulheres de origem asiática que acabaram vivendo no Brasil para sediar a mostra foi um possibilidade, não uma opção propositado depois de dois anos tendo arquitetos homens uma vez que estrelas da Franco. Tanto a residência de Silveira quanto a de Ohtake, ambas mortas, chegaram a ele por indicação.

A mostra é ainda uma oportunidade de desvendar Chu Ming Silveira, pouco falada. Casada com um engenheiro, ela trabalhou por anos no setor de design de uma empresa pública de notícia, momento no qual criou os orelhões que tomaram as ruas do país. Ela morreu em 1997, aos 56 anos.

“Ela não foi reconhecida em vida. Uma vez que trabalhava numa empresa pública, não tinha o reconhecimento da autoria [do que criava] —era o departamento de design”, diz Moreira Salles, a designer. “Hoje ela teria mais oportunidades de ser reconhecida.”

Folha

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