Chefe de ia da microsoft critica recuo em diversidade

Chefe de IA da Microsoft critica recuo em diversidade – 14/03/2025 – Mercado

Tecnologia

Era meados de 2012 quando a carioca Gabriela de Queiroz, 44, desembarcou na Califórnia para o segundo mestrado. Ela queria aprender os termos técnicos em inglês da sua dimensão de formação: estatística. Nem imaginava que se tornaria observador de dados da IBM e que, no porvir, ocuparia o incumbência de diretora de lucidez sintético na Microsoft.

Até porque, com as “idas e vindas” da graduação na Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), acabou se formando aos 30, considerada por muitos uma idade tardia para colocar o capuz. Também fez uma pesquisa sobre epidemiologia na Fiocruz (Instauração Oswaldo Cruz), dimensão distante da que atua agora.

Em território americano, não fosse o site Meet Up o caminho acadêmico teria sido mais difícil. “Mudou a minha vida”, diz ela. Pela plataforma, observador de dados, estatísticos e alunos marcavam encontros em que discutiam técnicas de Python, R, SQL, e outras linguagens computacionais complexas. Gabriela participou de vários.

Inspirada por essas reuniões, ela mesma chegou a gerar dois grupos de inclusão de mulheres na tecnologia, o R-Ladies e o AI Inclusive. Queria aumentar a presença delas num envolvente majoritariamente masculino.

Mas hoje, no núcleo de tomadas de decisões tecnológicas do Vale do Silício, Gabriela tem sentido um clima “tenso e instável” à medida que big techs recuam em iniciativas de pluralidade, justiça e inclusão (DEI, na {sigla} em inglês).

“Fiquei muito triste e preocupada com as novas gerações. Esses grupos foram essenciais para que muitas de nós tivéssemos oportunidades, seja de entrada ao conhecimento, seja de uma rede de suporte. Sem essas iniciativas, zero disso teria sido provável para mim e para muitas”, diz.

Depois o assassínio de George Floyd em 2020, uma vaga de ações corporativas de DEI foi lançada, o que levou as empresas a pensar mais cuidadosamente sobre quem contratavam e promoviam.

No entanto, grandes empresas americanas, incluindo as big techs, porquê Meta e Google, estão voltando detrás, extinguindo ou afrouxando suas políticas de DEI em meio a um aumento da pressão conservadora com a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e na esteira da decisão de 2023 da Suprema Namoro de fechar ações afirmativas em admissões universitárias.

“Espero que essas mudanças não sejam definitivas, mas, pelo menos nos próximos anos, parece que vão ser. Tivemos anos de progresso e, agora, demos vários passos para trás. A sensação é de que teremos que refazer todo o caminho, refazer todo o processo do zero”, diz Gabriela.

Com ela concorda Camila Achutti, cofundadora e CEO da Mastertech, escola de tecnologia e negócios digitais, e fundadora da ONG Somas, que se dedica à inclusão do dedo e formação de professores e jovens em situação de vulnerabilidade.

“Times diversos criam produtos de maior qualidade e confiabilidade. Com o resfriamento disso, o quadro é de verdadeiro terror”, afirma.

Segundo Achutti, é preciso maior presença feminina na construção de modelos tecnológicos mais justos e equilibrados. Mas a verdade aponta para um cenário distante.

No Brasil, por exemplo, as mulheres representam 64% dos trabalhadores que treinam sistemas de IA. O trabalho envolve qualificar manualmente informações, porquê imagens ou textos, para que os modelos de IA possam aprender a reconhecer padrões.

Apesar de ser uma função principal, é uma das mais mal remuneradas dentro da indústria de IA. Muitas vezes, essa atividade é terceirizada para países do sul global, porquê China e Índia, e realizada por uma mão de obra desvalorizada.

No recorte de gênero, há um número significativo de mulheres nessas funções básicas, porquê no caso brasílio, enquanto a presença em cargos de liderança, pesquisa e desenvolvimento continua sendo mínima.

Segundo dados da Unesco, mulheres são unicamente 12% dos pesquisadores de lucidez sintético no mundo e unicamente 6% dos programadores que existem.

“Se queremos mudar a forma porquê vemos e utilizamos a tecnologia, com padrões éticos e morais sólidos não adianta unicamente ter treinadoras de IA ou uma mão de obra barata e subvalorizada”, diz Achutti.

Na avaliação de Luciana Lima, diretora de incremento e líder de projetos de IA da A3 Data, que desenvolve soluções tecnológicas e de lucidez de dados para empresas, um time diverso no desenvolvimento de tecnologias é importante para mitigar riscos.

“Sem uma equipe diversa no desenvolvimento dessas tecnologias, há um risco maior de que os algoritmos reproduzam preconceitos e tomem decisões prejudiciais para determinados grupos. Se os responsáveis por gerar esses sistemas compartilham o mesmo perfil, é provável que suas visões de mundo e experiências de vida influenciem os resultados gerados pela IA, sem levar em conta diferentes contextos”.

Para Dora Kaufman, professora do programa de tecnologias da lucidez e design do dedo da PUC-SP e autora do best-seller “Desmistificando a Perceptibilidade Sintético”, a pluralidade na elaboração das equipes é de indumentária uma das formas mais eficazes de reduzir problemas nos sistemas tecnológicos, porquê os vieses em IA que reproduzem estereótipos de gênero, racismo e xenofobia.

“Pessoas negras, mulheres e diferentes grupos sociais aumentam a chance de que esses modelos sejam construídos levando em conta diferentes perspectivas”, afirma.

Kaufman destaca que nos últimos anos houve esforços para gerar estruturas de proteção e regulamentação, mas essas iniciativas foram enfraquecidas com a chegada do governo Trump, que desmontou rapidamente diversas regulamentações que buscavam impor qualquer controle sobre essas empresas.

Trump já deixou simples seus ataques aos programas de pluralidade, justiça e inclusão. No seu segundo dia no incumbência, ele instruiu as agências a identificar alvos para “investigações de conformidade social” relacionadas às suas práticas de DEI, e erradicou esforços do tipo por segmento do governo federalista.

“O oeste é comandado, liderado e controlado por poucas empresas americanas, as chamadas big techs, grandes empresas de tecnologia. Essa concentração influencia a forma porquê a lucidez sintético é desenvolvida e aplicada no mundo. E o que temos hoje são várias estruturas sendo desfeitas”, diz Kaufman.

Na perspectiva de Ana Barroso, head de design da A3 Data e desenvolvedora de projetos para ampliar a visibilidade feminina no setor, o contexto de recuo big techs e decisões do governo Trump podem ter um impacto positivo no resto do mundo.

“Vejo uma provável tendência de geração de um mercado de tecnologia mais regionalizado, com características próprias e menos dependente das grandes potências. O isolamento dos Estados Unidos sob o governo Trump pode influenciar o desenvolvimento de ecossistemas tecnológicos mais alinhados às realidades locais.”

Folha

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