Chico César E Zeca Baleiro Se Irmanam Em Disco Autoral

Chico César e Zeca Baleiro se irmanam em disco autoral situado entre a aridez do sertão e o calor do verão urbano

Celebridades Cultura

Cantores harmonizam influências diversas nas 11 parcerias do primeiro álbum em dupla, ‘Ao calefrio da lei’, e estreiam em Curitiba na sexta-feira, 8, o show da turnê que percorrerá o Brasil ao longo do ano. Zeca Baleiro (à esquerda) e Chico César lançam o álbum ‘Ao calefrio da lei’ com 11 músicas que ampliam a parceria iniciada pelos compositores em 1995
Vange Milliet / Divulgação
Cobertura do álbum ‘Ao calefrio da lei’, de Chico César e Zeca Baleiro
Vange Milliet com arte gráfica de Andrea Pedro
Resenha de álbum
Título: Ao calefrio da lei
Artistas: Chico César e Zeca Baleiro
Edição: Saravá Discos / Chita Discos
Cotação: ★ ★ ★ 1/2
♪ Dois anos em seguida anunciarem o primeiro disco a dois com o single duplo Lovers + Respira (2021), Chico César lançam enfim o álbum, intitulado Ao calefrio da lei e posto em rotação nos players de áudio na sexta-feira, 1º de março.
Com sete canções inéditas entre as 11 músicas que compõem o repertório inteiramente autoral, o álbum Ao calefrio da lei amplia parceria apresentada há 29 anos com a gravação de Pajelança no primeiro álbum da cantora e compositora paulistana Vange Milliet, lançado em 1995.
Artista que trabalhou com Chico César no início da curso de ambos em São Paulo (SP), em 1988, quando ela era fotógrafa e ele ainda se debatia entre o jornalismo e a música, Milliet assina a foto da revestimento do disco e as imagens do material promocional do álbum gravado com produção músico do violonista Swami Jr.
Amigos desde 1991, ano em que Baleiro chegou a São Paulo (SP), o paraibano Chico César e o colega maranhense se irmanam neste álbum que transita entre a secura do sertão nordestino e o calor do verão urbano, com ênfase nos sons da região nordestina e na harmonização de influências que vão do baião de Luiz Gonzaga (1912 – 1989) ao sentimentalismo da cantiga popular brasileira, passando pela Jovem Guarda, a música italiana, o reggae e o soul vernáculo, entre outras referências musicais.
Se em Mocó os artistas percorrem a rota severina dos retirantes de um sertão aquecido pela severidade dos sons árabes, Lovers – fita gravada com produção músico de Érico Theobaldo – areja o disco ao remomerar a atmosfera romântica do reggae propagado nos bailes do Maranhão, estado do Brasil sabido uma vez que a “Jamaica brasileira”.
Destaque da safra autoral, a música-título Ao calefrio da lei cruza country com folk no acento western e nordestino desta fita que soa uma vez que autobiográfica missiva de intenções dos artistas ao perfurar o álbum.
Na sequência, a cantiga Trovador segue o sedento e afia a lâmina da faca com versos uma vez que “Sigo respirando / Sem saber nem quando ou onde há silêncio / O meu corpo marcha / E vou detrás”.
Entre a melancolia de Narcisos (balada introspectiva que entorna verso em versos uma vez que “Eu vi violetas nuas / Narcisos a dançar / Vi através das luas / O firmamento chorar”) e a espirituosidade de Dislike (xote que tem a verve de Baleiro em versos sobre os bloqueios das relações amorosas nas redes sociais), Chico César e Zeca Baleiro apresentam Neon (cantiga de menor clarão no conjunto do disco e das obras do compositores), aceleram o beat para tangenciar o ritmo jeitoso do ska em Beije-me antes – na levada dos sopros orquestrados pelo trombonista Rabi Tiquinho – e incursionam pelo soul brasílio em Verão, fita produzida e mixada por Alexandre Fontanetti.
A introdução de Verão remete ao soul de Hyldon – referência assumida de Chico César e Zeca Baleiro na formação – enquanto o refrão reverbera arranjos de discos de Cassiano (1943 – 2021) com as vozes do coro e o naipe dos metais orquestrados pelo clarinetista e saxofonista Nailor Azevedo, o Proveta. Cabe lembrar que Verão e Beije-me antes são faixas já apresentadas no single duplo editado pelos artistas em dezembro de 2022.
Gravado aos poucos e concluído no segundo semestre de 2023, o álbum Ao calefrio da lei gera turnê pelo Brasil que estreia em Curitiba (PR) na sexta-feira, 8 de março, seguindo na sequência para cidades uma vez que Florianópolis (SC), Recife (PE), Brasília (DF), Porto Prazenteiro (RS), São Paulo (SP), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ).
“Quero ver a universal se rebelar / Se voltar para o belo, rebolar / Tudo falta e a mamparra quer dançar”, avisam Chico César e Zeca Baleiro em versos da fita final, Apinhar.
Uma vez que mostra o álbum Ao calefrio da lei, ainda surte efeito a pajelança que uniu as obras de Chico César e Zeca Baleiro em 1995.
Zeca Baleiro (à esquerda) e Chico César estreiam a turnê do álbum ‘Ao calefrio da lei’ em Curitiba (PR) na próxima sexta-feira, 8 de março
Vange Milliet / Divulgação

Fonte G1

Tagged

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *