Cinemas Sofrem Com Público Que Canta E Usa Maconha Na

Cinemas sofrem com público que canta e usa maconha na sala – 13/12/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

O caos se anunciava desde o saguão. Dezenas de pessoas bradavam que estavam na fileira do cinema só para apreciar Lady Gaga na telona. Quem queria mesmo ver o filme “Coringa: Delírio a Dois” pedia licença e, com cautela, se espremia entre os fãs para compreender a porta.

É cada vez mais geral presenciar tumultos assim nas salas. Em maio, uma sessão da cinebiografia de Bob Marley em Pernambuco foi interrompida pela Polícia Militar depois jovens fumarem maconha no escuro. No TikTok, vídeos mostram gente brigando em sessões de “Divertida Mente 2”, filme que reuniu multidões no país e deixou sentimentos à flor da pele.

O fenômeno é global. Exibições do músico “Wicked” pelo mundo todo estão sendo atrapalhadas por espectadores que entoam as canções em voz subida. Já se multiplicam os vídeos de cenas inteiras na internet, publicadas por pessoas que não se acovardaram em fazer gravações com o celular por minutos a fio, o que caracteriza pirataria.

A revista Variety publicou uma reportagem sobre esse novo comportamento do público diante de um filme no cinema. Um executivo de Hollywood afirmou, em quesito de anonimato, que a indústria já notou que as atitudes das pessoas mudaram drasticamente desde a pandemia.

É o que afirma também Marcos Barros, presidente da Abraplex, a Associação Brasileira das Empresas Exibidoras Cinematográficas Operadoras de Multiplex. “Não sou otimista quanto ao comportamento das pessoas. É outra cabeça. Não vamos voltar para aquilo de todos prestarem atenção no filme”, disse ele, num debate de um evento do setor.

Virais, os vídeos que registram cenas porquê essas divertem na mesma medida em que espantam. Nas redes sociais, usuários clamam pela volta do lanterninha, funcionário que monitorava as sessões para prometer que o público mantivesse a etiqueta. Há anos o missão foi extinto para redução de custos.

Há também cada vez mais relatos de gente incomodada com quem usa celular na sala ou comenta em voz subida o que vê na tela. Essa desinibição tem a ver com novos tipos de vídeos exibidos pelos cinemas, porquê gravações de shows, que fazem o público trovar e dançar, afirma Luiz Fernando Angi, gerente de marketing da rede Cinépolis.

Em crise, com salas esvaziadas, os exibidores precisaram lembrar ao público por que uma telona, caixas de som superpotentes e sacos de pipoca engordurados casam tão muito.

Para atrair os mais inquietos, redes porquê a Cinemark e a Cinépolis passaram a exibir conteúdos que remetem a eventos ao vivo. O mais emblemático deles foi a gravação da turnê de Taylor Swift, no ano pretérito. As sessões, cheias de fãs fantasiados, viraram uma extensão dos palcos por onde a cantora passava.

Numa sessão vista por nascente repórter no Cinemark do shopping Eldorado, em São Paulo, os espectadores gritavam desde o início e não ficaram sentados. Logo estavam dançando pela sala.

Um tumulto parecido ocorreu no Cine Marquise, na avenida Paulista, mas por culpa de Beyoncé, que também levou um show às telas. Os funcionários, assustados com a povaréu que se levantou para dançar, tiveram de instalar barreiras que os impedissem de chegar à tela, onde o pavimento é mais frágil.

Para desincentivar o mau comportamento nas salas, em peculiar o uso de celular, o Cine Marquise decidiu não compartilhar nas suas redes fotos e vídeos da tela publicadas pelos clientes. “Surgiu uma falta de noção. Hoje tudo é ‘instragramável’”, diz Marcelo Lima, diretor da rede.

Não é novidade que o celular e as redes viciam, lembra a psicóloga Marcelle Alfinito. “O uso criticável é associado a uma impaciência social, e o celular vira mecanismo de fuga da verdade”, diz ela, acrescentando que isso explica a vontade de mostrar que se está em um cinema.

Exibidores procuram formas de contornar o problema, mas não apresentam medidas sólidas. “A gente tem tentado fabricar campanhas para violar quem não segue a etiqueta”, conta Lima, do Cine Marquise, sem detalhar porquê serão as ações.

Angi, da Cinépolis, diz que a rede desincentiva o uso de celular com o vídeo educativo exibido antes dos filmes —o que a maioria das exibidoras já faz—, e que recompensa o cliente que se sente lesado oferecendo outra sessão. Procurada, a Cinemark não quis comentar o tema.

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *