É improvável que qualquer time tenha chegado a uma partida nas Olimpíadas porquê a equipe masculina de futebol de Israel chegou ao Parque dos Príncipes na noite de quarta-feira (24).
Vans da polícia lideraram o caminho, dezenas delas cheias de esquadrões da polícia de choque francesa e cercadas por uma falange de policiais em motocicletas.
Os israelenses viajaram em um casulo de segurança no núcleo do enorme comboio, lotados em um ônibus urbano eleito para as Olimpíadas.
Depois vieram mais vans, mais policiais de escolta, mais sirenes —um impressionante show de força com uma única tarefa: proteger os primeiros participantes israelenses a entrar em campo nos jogos de Paris.
A segurança da equipe de Israel nas Olimpíadas —em qualquer edição— tem sido uma questão sátira desde o assassínio de 11 atletas e treinadores nos Jogos de Munique, em 1972.
A guerra em curso na Tira de Gaza e os protestos globais que a acompanharam tornaram os Jogos de Paris o evento esportivo mais tenso com a participação de atletas israelenses nos últimos cinquenta anos.
Para os organizadores de Paris-2024, a mera presença da delegação de Israel representou uma maior preocupação com a segurança posteriormente a cerimônia de exórdio, programada para suceder no rio Sena, na sexta-feira (26).
Também tornou o jogo de futebol dos israelenses contra Mali um teste inicial para quase todos os elementos do esplendor de segurança da França.
“Ninguém está preocupado”, disse o treinador Guy Luzon na terça-feira (23), mas os sinais de que a noite de quarta-feira seria um evento tenso eram claros desde antes do primeiro toque na esfera.
O hino de Israel foi recebido com vaias de seções do estádio meio vazio, e alguns espectadores vestindo camisetas brancas com letras que soletravam as palavras “Free Palestine” foram rapidamente removidos pela segurança.
Gérald Darmanin, ministro do Interno da França, compareceu ao jogo. Dias antes, prometeu fornecer a Israel o que descreveu porquê “segurança 24 horas por dia, 7 dias por semana”.
A presença de tropas antiterrorismo vestidas com equipamento tático, vários batalhões de policiais locais e nacionais e membros do esquadrão antibombas firmemente posicionados várias horas antes da equipe de Israel chegar ao estádio foram um sinal dessa promessa.
Israel enviou quase 90 atletas para Paris, e autoridades israelenses e o governo gaulês colocaram um pesado véu de segurança sobre eles.
Um dia antes do jogo de quarta-feira, quando a equipe realizou um treino em uma manhã tranquila em um núcleo esportivo comunitário na periferia de Paris, uma cena ofereceu uma visão detalhada de quão apertada será a segurança de Israel durante sua estadia em Paris.
Policiais com armas automáticas patrulhavam o perímetro do núcleo mesmo antes da chegada da equipe de Israel para o treino.
No interno, mais agentes armados, alguns à paisana e outros da unidade de proteção próxima do Ministério do Interno gaulês, ocuparam seus lugares em uma pista de corrida que cercava o campo durante o treino.
Quando um grupo de jogadores se aproximou para falar com um pequeno grupo de jornalistas, alguns dos agentes de segurança assumiram posições próximas. Antes da primeira pergunta, um solene de prensa da equipe insistiu que a guerra em Gaza e a política israelense eram assuntos proibidos.
Os jogadores e seu treinador seguiram o roteiro, falando sobre sua empolgação em estar na vila dos atletas e suas esperanças não somente de competir, mas também de ter sucesso.
“Estamos muito animados, mas temos um trabalho a fazer”, disse o meio-campista Omri Gandelman.
O ministro Darmanin reconheceu nesta semana que a delegação israelense receberia mais proteção do que qualquer outro participante nos Jogos, e confirmou que Israel havia solicitado e recebido permissão para implantar seus próprios agentes armados em solo gaulês, em nome da proteção de suas equipes e autoridades.
Autoridades israelenses fizeram outros pedidos.
Exigiram que seus chefs estejam presentes em todos os locais onde suas equipes e atletas forem e pediram por um sítio de treinamento de futebol fora do núcleo de Paris. Ambos os pedidos foram atendidos.
Mas outra solicitação, de que a mídia fosse proibida de presenciar aos treinos, não foi aceita.
A segurança física foi somente segmento dos preparativos de Israel. Para preparar sua equipe de futebol para uma recepção potencialmente hostil, Israel também contratou um psicólogo para trabalhar com os jogadores sobre o que eles poderiam ver e ouvir.
Na quarta-feira, membros da equipe deram seus primeiros passos no palco olímpico, e os torcedores que viajaram para vê-los disseram que se sentiram tranquilizados depois de chegarem ao estádio.
Gal Vaknin, 35 anos, disse que havia chegado no dia do jogo, vindo da cidade costeira de Ascalão, em Israel, e foi avisado por parentes franceses para não se vestir com as cores azul e branca de seu país.
Ele fez porquê lhe disseram, mas só até chegar às proximidades do estádio.
“Estou muito entusiasmado por estar cá, mormente sendo israelense neste momento e somente para mostrar ao mundo que somos normais, somos humanos”, disse ele.
O jogo teve dificuldade em manter a atenção de alguns torcedores, já que brigas e discussões se repetiam entre os que torciam por Israel e os presentes que empunhavam a bandeira palestina.
A bandeira palestina não é proibida nos estádios, já que uma equipe palestina também está nas Olimpíadas, mas algumas frases são.
O foco em Gaza fez com que parecesse que os torcedores de três nações estavam presentes no estádio, com a delegação do Mali relegada ao status coadjuvante.
O jogo em si se tornou pouco mais do que um espetáculo secundário. Terminou em 1 a 1.