Coach Ilude Milhões Com Promessa De Luxo, Diz Professora

Coach ilude milhões com promessa de luxo, diz professora – 18/10/2024 – Tec

Tecnologia

“Evidente que o Pablo Marçal ou quem paga R$ 250 milénio em um curso dele são a exceção da exceção entre os influenciadores”, diz Rosana Pinho-Machado, 44, professora da Universidade de Bath, na Inglaterra. Ainda assim, aspirantes a integrar esse grupo reduzido vendem carros ou usam o FGTS para remunerar mentorias de R$ 50 milénio, motivadas pela crença de que mudarão de vida, diz ela.

Pinho-Machado registrou essas histórias durante o monitoramento, desde fevereiro, da relação entre 549 mentores brasileiros do Instagram —influenciadores consagrados que hoje vendem cursos— e 500 milénio aspirantes a influenciador. O primeiro relatório do estudo, fundamentado em estudo de 100 milénio perfis, 32 entrevistas e seguimento de 12 mentorias, deve trespassar no término deste mês.

O mercado de influência, afirma a professora, encontrou no Brasil solo fértil, ao prometer uma selecção para o sonho malogrado do bom ofício. “O trabalho formal cá é marcado pelo histórico de informalidade, reles salário e desmando”.

“As pessoas agora desejam permanecer milionárias com a economia do dedo”, diz a antropóloga, que conversou com a Folha, da Inglaterra, por videoconferência.

Pesquisando esse universo, ela recebeu relatos sobre jovens talentosos que desistem de vagas no ensino superior para tentar a sorte nas redes sociais e sobre comerciantes informais que tiveram de se adequar à veras da internet para sobreviver ao isolamento social iniciado para prevenir a Covid-19.

Em geral, os aspirantes a influenciadores expressam dificuldades em mourejar com as exigências para ser bem-sucedido nesse mercado —conhecimento técnico e padrões estéticos inatingíveis.

A estimativa é que existam, nas projeções mais baixas, segundo Pinho-Machado, 25 milhões de brasileiros que trabalham no Instagram —mais da metade sem chegada a uma conta de negócios por falta de privança com a plataforma. A rede social, porém, diz não ter esses dados.

A partir de uma exemplar estatisticamente significativa de 1.000 perfis recolhida do universo de 500 milénio criadores de teor brasileiros, a antropóloga percebeu que a maioria do grupo estudado era de mulheres, pobres, periféricas ou negras. “É tudo mulher doceira, de igreja, brasilzão popular, a base da pirâmide, são as pessoas batalhadoras que sempre estiveram na informalidade.”

A pesquisa divide os influenciadores por tamanho. O primeiro grupo, de até 5.000 seguidores, envolve as pessoas que falam com família e vizinhos. A partir de 5.000, a pessoa é grande no Instagram, mas nem sempre relevante —pode ter viralizado por uma publicação ou unicamente ser popular no bairro.

Os 50 milénio seguidores, diz a professora, consolidam o pai de teor no mundo do marketing do dedo e das mentorias. “Só que muitos estacionam na morada dos 150 milénio, supra de 200 milénio já estão as pessoas poderosas do meio.”

Entre os influenciadores, mostrar que tem moeda aumenta o prestígio. “É sob essa perspectiva que o influenciador grande marca sua subida colocando, fixos, nas fotos do topo do perfil: o Porsche, a mansão que geralmente é uma morada quadrada e a foto dos filhos ou da família.”

Supra dos 500 milénio seguidores estão as contas ‘gigantes’, porquê Pablo Marçal, Thiago Nigro, Érico Rocha. “Eles atuam porquê uma rede, se entrevistam, nunca se confrontam, se promovem. É muito difícil ver inovação, porque um copia o outro. Todos desenvolvem o próprio método de enriquecimento. Dão nomes aos seguidores: ‘minhas leoas, minhas herdeiras, mulherada’. Assim, criam comunidades”, detalha Pinho-Machado.

A professora segue 550 grandes mentores do Instagram para averiguar o oração de cada um. Tapume de 87% deles estariam em um espectro entre a direita e a extrema direita, em sua avaliação, que considerou a interação com políticos e influenciadores conservadores e libertários.

Marçal e seus pares, também chamados de mentores, usam a receita do “se eu consegui, você também pode”, para vender a promessa de um luxo cinematográfico.

“É uma coisa arrebatadora, eles dizem ‘ganhei R$ 10.000, ganhei R$ 100 milénio, venha, venha’, são as bets do mundo do trabalho.” Ao mesmo tempo, os mentores, afirma Machado, tratam o ofício fixo porquê “coisa de mané que não quer enriquecer”.

“Só que a pirâmide da desigualdade brasileira, não permite isso, até porque o algoritmo do próprio Instagram tem uma estrutura algorítmica piramidal —é simples que as pessoas de reles não vão subir”, acrescenta.

Os criadores de teor, todavia, dão forma a uma pirâmide aspiracional que cria ilusões entre milhões, de tratado com Pinho-Machado. “Isso é no mínimo antiético, os influenciadores acabam jogando com a culpa das pessoas, porque a maioria não vai conseguir.”

Os mentores, segundo a pesquisadora, são capazes de vender projetos de porvir para um naco relevante da população. “Hoje, junto com as igrejas evangélicas, a lógica do marketing do dedo é a grande mola propulsora da geração de sonhos e de fantasias, muitas vezes deslocadas na veras.”

Para a mobilidade social, diz Machado, as pessoas precisam de capacidade de sonhar. “Mas, se ela mira desde moço que vai ser jogador de futebol, a chance de só um na turma ser jogador de futebol é muito grande, e todo o resto deve fracassar, é necessário ter esse estabilidade dos sonhos.”

A fantasia de sucesso é o próprio resultado, diz Pinho-Machado. As pessoas iniciam a mentoria e já começam a vender. “Entre os nanoinfluenciadores, com menos de 1.000 seguidores, a chamada que eles mais usam é ‘eu te ajudo, eu te ensino’. A pessoa ainda não cresceu e ela já está vendendo a estratégia para crescer.”

Os maiores mentores, todavia, já perceberam que o mercado está saturado e passaram a terebrar outros negócios. “Mas antes eles brincaram com os sonhos de milhões e milhões.”

Essa falta de balanço é fruto de um mercado completamente desregulamentado. O primeiro passo para enfrentar o problema, diz a professora, seria reconhecer as redes sociais porquê plataformas de trabalho, assim porquê Uber e iFood. Assim, o governo poderia interceder com políticas públicas, seja de controle sobre o empregador ou de fomento ao empreendedorismo do dedo.

Folha

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