São dias de cenas impressionantes no Rio Grande do Sul, que vive o caos provocado pela crise climática que atingiu e ainda atinge em referto o estado mais meridional do Brasil.
As chuvas intensas e constantes resultaram na morte de dezenas de pessoas e deixaram centenas desalojadas ou desabrigadas. Há outras muitas desaparecidas, o que tende a aumentar o salto de óbitos –eram 90 quando eu redigia oriente texto.
Imagens mostram cidades em cenário trágico, com as águas inundando casas, estabelecimentos comerciais, espaços públicos.
E também instalações esportivas. Em Porto Satisfeito (o “feliz” hoje perde o sentido), nos estádios de Grêmio e Internacional, os maiores times gaúchos, não se via grama, mas lodo.
Renato Portaluppi, o Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, teve de ser, de consonância com relato de sua filha Carol, resgatado de uma dimensão de risco.
A tragédia, afora o drama humano, que é insuperável, afeta o Campeonato Brasílico. Também está, conforme a sentença popular, entrando chuva nele, e é necessário pensar o que fazer para não malograr de vez.
É lógico e óbvio que, na atual situação, o futebol torna-se secundário, marginal, até porque impraticável no RS, que conta com três clubes entre os 20 da Série A do Brasílico –além de Grêmio e Inter, o Juventude (de Caxias do Sul).
Treinos estão inviabilizados, não há porquê viajar para outras praças, já que o aeroporto da capital está inoperante e as estradas, intransitáveis, o que tornou compulsório o diferimento dos jogos das três equipes na quinta rodada do Brasílico.
Nesta segunda-feira (6), o trio de clubes solicitou que suas partidas sejam suspensas pelas próximas três semanas, ou seja, pelo restante do mês de maio. Seria o tempo necessário para, caso as chuvas cessem, a reorganização da estrutura e o reinício das atividades.
Se isso ocorrer, Grêmio, Inter e Juventude deixariam de ir a campo, cada um, em três rodadas do Brasílico, afora os compromissos em outras competições –Libertadores (Grêmio), Sul-Americana (Inter) e Despensa do Brasil (os três).
A não realização dessa série de partidas causará transtornos esportivos.
Reduzindo a problemática ao Brasílico para simplificar a seriedade do quadro, no primórdio de junho haverá, ao se olhar para a classificação do campeonato, clubes com oito jogos realizados; outros, porquê os gaúchos, com a metade (quatro); e o restante, uns com cinco, uns com seis, uns com sete partidas.
Uma bagunça que causará enorme dificuldade para o interessado na competição identificar porquê está a corrida pelo título, a procura por vaga em torneio sul-americano, a luta contra o rebaixamento.
Isso só se tornaria evidente novamente quando as partidas atrasadas fossem todas disputadas, deixando os 20 times –ou ao menos a ampla maioria– com o mesmo número de jogos.
Porém o calendário dificilmente permitirá esse ajuste. As datas de meio de semana são destinadas a Despensa do Brasil, Libertadores e Sul-Americana, e o próprio Brasílico suplente quartas e quintas para realizar várias rodadas.
Com um agravante: será necessário encontrar datas para a realização dos confrontos adiados dos gaúchos em Sul-Americana e Libertadores (diante de equipes estrangeiras) e Despensa do Brasil (Internacional e Juventude, aliás, duelam na tempo atual).
Na minha perspectiva, não há porquê encaixar a reposição desses jogos do Brasílico até a 38ª e última rodada, no primórdio de dezembro, atuando duas vezes por semana.
A não ser que as equipes com jogos devedores, em privativo as do RS, sejam rapidamente eliminadas de outros torneios. Aí talvez os encaixes, a partir da metade de julho, sejam viáveis.
A melhor fórmula para tentar resolver esse imbróglio que se apresenta iminente é a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) paralisar o Brasílico até que Grêmio, Inter e Juventude estejam aptos a competir. Ninguém joga.
Essa medida evitaria grandes distorções na classificação, e os finas de semana poderiam ser utilizados para antecipar a Despensa do Brasil (torneio supressivo), “abrindo” datas que seriam dela nos meses avante.
E, se necessário for, o Brasílico pode ser esticado durante o restante do mês de dezembro.
Não é o ideal, pois qualquer modificação no calendário afeta o da temporada seguinte. Porém, em um quadro de emergência, parece o mais sensato a ser feito.
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